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Ajuda em Bangladesh chega devagar após ciclone matar ao menos 1.795
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da Folha Online
O governo de Bangladesh e organizações humanitárias lutam para levar comida e remédios aos sobreviventes do ciclone Sidr, que deixou ao menos 1.795 mortos e 3,2 milhões de desabrigados ao passar por Bangladesh na quinta-feira (15).
A agência local UNB afirma que o balanço total pode chegar a 3.000 mortos. O ciclone, que segundo fontes meteorológicas foi o pior em uma década, varreu a costa sul de Bangladesh com ventos de até 240 km/h.
Centenas de pessoas continuam desaparecidas. As linhas de telefone e a rede elétrica do país começaram a funcionar em alguns pontos, o que facilita os trabalhos de resgate.
Um funcionário do Centro de Controle do Ministério de Gestão de Desastres bengali disse que as equipes ainda estão tentando chegar a algumas áreas do litoral e ilhas próximas.
Na noite de sexta-feira, o trabalho de resgate foi dificultado pelo corte de energia elétrica, que deixou todo o país sem luz e afetou gravemente o fornecimento de água, o sistema de transporte e as redes telefônicas.
Com a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho prestando assistência aos sobreviventes e a promessa da ONU de liberar milhões de dólares em ajudas, Bangladesh começou a receber os primeiros anúncios de outras contribuições internacionais.
Os Estados Unidos enviaram dois navios anfíbios com helicópteros e equipes de assistência médica, a União Européia anunciou uma ajuda de 1,5 milhão de euros (US$ 2,2 milhões) e a Alemanha doará mais 500 mil euros.
A ajuda contribuirá para melhorar uma situação de total desolação, já que o trabalho do Exército, da Marinha, da Guarda Costeira e da polícia locais não são suficientes para atender às necessidades dos milhões de desabrigados.
Tragédia maior
O Sidr (olho, em bengali) por alguns momentos alcançou uma superfície quase do tamanho total de Bangladesh, mas chegou à costa coincidindo com a maré baixa, o que evitou uma catástrofe maior.
"Poderia ter causado uma catástrofe brutal se (o ciclone) tivesse coincidido com a maré alta", segundo a diretora do escritório de meteorologia, Samerendra Karmakar.
Outro fator que minimizou a intensidade da tragédia foi o plano de remoção desenvolvido há cinco anos e que tornou possível que as autoridades alertassem a população para sair de casa com antecedência.
Em alguns povoados do litoral, como Rajeswar, Rampal e Dublarchar, os sobreviventes continuam procurando seus parentes em campos, arbustos e canais, com a esperança de encontrar sobreviventes, informou a agência UNB.
As áreas mais afetadas são as regiões litorâneas de Bagerhat (com 610 mortos), Barguna (362), Patuakhali (249) e Pirojpur (254), mas ainda não se sabe o destino de mais de cem embarcações que não conseguiram retornar ao porto com a chegada do ciclone.
Espécies protegidas
Autoridades temem os efeitos do ciclone no delta do Sundarbans, uma área pantanosa onde vivem várias espécies protegidas, como o tigre de Bengala, e onde milhares de pessoas tiveram que improvisar abrigos em função da falta de espaço nos cinco centros adaptados da região.
Uma equipe da Marinha conseguiu ter acesso a duas das cinco ilhas do delta do Rio Ganges, mas o relato foi desolador. Os sobreviventes disseram que centenas de moradores de outras ilhas tinham sido arrastados pelo mar.
O Sidr causou um aumento de cinco metros do nível do oceano em um país onde 60 milhões de pessoas vivem a menos de 10 metros acima do nível do mar.
No entanto, a situação não é nova para os bengalis. Nos últimos 125 anos, foram registradas 80 tempestades que deixaram mais de 2 milhões de mortos em Bangladesh.
Em 1991, 150 mil pessoas morreram, mas o mais grave tufão foi registrado em 1970, com 500 mil mortos.
"O Sidr foi mais forte que o registrado em 70. Pelo menos desta vez os alertas feitos cedo ajudaram as pessoas a procurarem abrigo, e mesmo assim o dano é colossal", disse à UNB um sobrevivente de 60 anos.
A remoção em massa foi organizada na quarta-feira pelo Crescente Vermelho com um sistema especial de bandeiras e sinais sonoros, e possibilitaram que cerca de 600 mil pessoas fugissem para abrigos ou fossem para regiões mais altas.
Com France Presse, Efe e Reuters
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