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Justiça dos EUA abre investigação sobre destruição de vídeos da CIA
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da Folha Online
O secretário de Justiça americano, Michael Mukasey, anunciou a abertura de investigação criminal sobre a destruição de gravações em vídeo feitas pela CIA de interrogatórios de suspeitos de terrorismo.
O chefe da CIA, Michael Hayden, revelou recentemente que a agência destruiu em 2005 vídeos de interrogatórios de dois terroristas da rede Al Qaeda, Abu Zubaydah e Abdel Rahim al Machiri, causando a revolta de congressistas e grupos de defesa dos direitos humanos, que acusam a agência de encobrir possíveis torturas.
Segundo as críticas, esses vídeos poderiam ter ilustrado os métodos de tortura utilizados nos interrogatórios e fornecer argumentos aos que denunciam a prática da tortura pelos Estados Unidos. As fitas foram inutilizadas apesar das ordens judiciais que solicitavam ao governo a preservação das gravações.
Os vídeos, gravados antes de Hayden assumir a Agência Central de Inteligência, supostamente exibem cenas de tortura, incluindo o "waterboarding", uma forma de afogamento simulado.
O ex-agente John Kiriakou, que conduziu a equipe da CIA que capturou e interrogou o suspeito da Al Qaeda Abu Zubaydah, afirmou que o uso da técnica era necessário, e que rendeu informações importantes, que "provavelmente salvaram vidas".
Hayden negou o uso de tortura, disse que os vídeos foram usados para controlar internamente os interrogatórios e que foram destruídos para não colocar em risco os agentes da CIA.
A Casa Branca negou ter participação no caso e afirmou que não se pronunciará a respeito.
Confissão
De acordo com o ex-agente John Kiriakou, o primeiro membro do alto comando da rede Al Qaeda capturado após o atentado de 11 de Setembro de 2001, Abu Zubaydah, entregou informações que permitiram à CIA desmantelar planos terroristas "em menos de um minuto" após ser submetido a técnicas de afogamento.
Kiriakou --que serviu como interrogador da CIA no Paquistão-- é o primeiro funcionário da CIA envolvido nos interrogatórios de dirigentes da Al Qaeda a falar publicamente.
Ao jornal "Washington Post", ele disse que não presenciou a sessão em que Zubaydah foi submetido às práticas de afogamento, mas chegou a interrogá-lo em um hospital paquistanês em 2002.
Ele descreveu Zubaydah como "desafiador" e "pouco cooperativo" --até o dia em que os oficiais envolveram seu rosto em papel celofane e usaram técnicas de afogamento.
Segundo o ex-agente --que recebeu a descrição detalhada do interrogatório-- a tortura durou 35 segundos, até Zubaydah perder a consciência. De acordo com Kiriakou, o integrante da Al Qaeda afirmou, no dia seguinte, que contaria tudo o que os agentes quisessem.
"Ele disse que Alá veio até ele na cela e lhe disse para cooperar, para que as coisas ficassem mais fáceis para seus irmãos", afirmou Kiriakou.
Com France Presse, Efe e Reuters
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