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10/03/2002 - 13h08

EUA dispensam aval externo, diz analista

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MARCELO STAROBINAS
da Folha de S.Paulo, em Londres

Os ataques de 11 de setembro deram à política externa dos EUA uma razão de ser que passou a nortear suas relações internacionais. Nessa campanha global contra o terrorismo, Washington não depende da anuência de seus aliados para definir suas ações.

É o que afirma John Chipman, diretor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres. Segundo ele, George W. Bush está disposto a levar adiante sua ofensiva contra o Iraque, mesmo que isso signifique uma reformulação da atual coalizão.

"O atual governo vem repetindo que "a missão determina a coalizão", e não a "coalizão determina a missão" " observa Chipman.
Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - O que realmente mudou no cenário geopolítico com os atentados de 11 de setembro?
John Chipman - A grande coisa é que há agora um princípio que serve de base para a política externa americana. Esse princípio hoje é a campanha contra o terrorismo -e agora também contra as armas de destruição em massa.

Folha - O terrorismo é uma real ameaça aos EUA ou Washington exagera essa ameaça?
Chipman - Acho que é impossível exagerar o que houve em 11 de setembro. E foi descoberta e evitada uma série de outros planos terroristas.

Folha - Os bombardeios ao Afeganistão e a ameaça de ofensivas armadas em outros países é a forma adequada de responder aos ataques de 11 de setembro?
Chipman - Não houve muita opção. Esses ataques [de 11 de setembro" não foram aquele tipo de terrorismo político que busca levar a algum tipo de negociação para um acordo, como o terrorismo do IRA ou dos palestinos. O terrorismo da Al Qaeda não foi pensado com objetivos políticos específicos.

Assim, por definição, não há nada para negociar com os membros da Al Qaeda. O que eles fizeram é o chamado "terrorismo expressivo", cujo único propósito é o terrorismo por si só, com o qual infelizmente só se pode lidar com o uso da força.

Folha - A excessiva atenção ao combate ao terrorismo e à compra de armamentos não pode acabar ocultando outras questões importantes, como a crise do Estado de Bem-Estar Social ou a pobreza?
Chipman - Entre as questões-chave da agenda do próximo encontro do G-8 está o combate ao terrorismo, mas as outras são a ajuda à África e outras questões econômicas.

Até os EUA adotaram a visão de que Estados falidos ou frágeis podem criar problemas internacionais de segurança. No longo prazo, a campanha contra o terrorismo passa por essa questão da pobreza global e do desenvolvimento para gerar segurança.

Folha - O que o sr. pensa sobre as críticas feitas aos EUA acusando excesso de isolacionismo?
Chipman - Alguns elementos de sua política são unilaterais, pois os EUA são o único país capaz de levar adiante essas políticas.
O que mais preocupa é o unilateralismo americano no que diz respeito a outros assuntos, como o Tribunal Penal Internacional, o Protocolo de Kyoto ou mesmo agora disputas comerciais sobre a proteção à indústria do aço.

Folha - Os EUA serão capazes de manter a coalizão e, ao mesmo tempo, bombardear o Iraque?
Chipman - Não, isso será difícil. Mas a frase que o atual governo vem repetindo agora é que "a missão determina a coalizão", e não "a coalizão determina a missão". Os EUA têm uma nova missão e nem todos os membros daquela coalizão tomarão parte.

No caso do Iraque, eles vão falar que há um perigo claro, que Saddam não está obedecendo às regras da ONU há 12 anos e que não querem dar um 13º ano a ele. Se eles decidirem atacar, é claro que haverá uma coalizão menor.

Leia mais:
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