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Al Qaeda anuncia formação de gabinete islâmico para o Iraque
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da Folha Online
A coalizão Estado Islâmico para o Iraque, ligada à rede Al Qaeda, anunciou em um vídeo divulgado na internet nesta quinta-feira a formação de um gabinete islâmico para o Iraque, nomeando o líder da rede no país, Abu Hamza al Muhajer, como "ministro da guerra".
O anúncio parece ser uma estratégia de propaganda do grupo para apresentar uma "alternativa" ao governo iraquiano do premiê Nouri al Maliki. O Estado Islâmico no Iraque é uma coalizão formada por oito grupos insurgentes-- o principal deles é a Al Qaeda no Iraque.
No vídeo divulgado nesta quinta-feira, um porta-voz do grupo aparece com o rosto coberto.
"É nosso dever apresentar a formação deste gabinete, o primeiro islâmico do Iraque, que tem fé em Deus", afirmou o homem, que utilizava trajes islâmicos. Em seguida, ele leu uma lista de dez membros do "gabinete", entre eles o de Al Muhajer como o novo "ministro da guerra".
Al Muhajer foi anunciado como sucessor de Abu Musab al Zarqawi, que era líder da Al Qaeda no Iraque e foi morto em um bombardeio dos Estados Unidos em junho de 2006.
Os demais nomes eram pseudônimos de homens não-identificados. O Estado Islâmico no Iraque é liderado por Abu Omar al Baghdadi, que sustenta o título de emir [príncipe] da fé.
A Al Qaeda no Iraque é apontada como responsável pelos mais violentos ataques suicidas contra civis xiitas no Iraque, assim como ações contra tropas americanas e iraquianas.
Ataques
Nesta quinta-feira, uma nova explosão de carro-bomba no distrito xiita de Karradah, próximo da casa do presidente iraquiano Jalal Talabani, matou ao menos 12 pessoas e feriu outras 34.
A nova ação ocorreu um dia depois que ataques em série mataram 200 pessoas no Iraque, no segundo dia mais sangrento desde a invasão da coalizão liderada pelos Estados Unidos, em 2003. O recorde é de 23 de novembro de 2006, quando a explosão coordenada de vários carros-bomba matou 202 pessoas no bairro de Sadr City, na capital --ao menos 256 foram mortas em todo o país, segundo a contagem da agência de notícias Associated Press.
No pior ataque de ontem, ao menos 140 pessoas morreram no mercado de Sadriyah, em Bagdá. Em 3 de fevereiro, o mesmo mercado havia sofrido outro ataque, no qual ao menos 127 pessoas morreram. No final da noite, o premiê iraquiano, Nouri al Maliki, ordenou a prisão de um coronel do Exército iraquiano responsável pela segurança na região.
Segundo a polícia, um suicida atirou o carro-bomba contra um tanque de combustível na região de Jadriya, matando dez e ferindo outras 21 pessoas. Uma coluna de fumaça cobriu a área, enquanto chamas consumiam o carro-bomba e o tanque, segundo imagens de TV.
Em outro ataque nesta quarta-feira, um carro-bomba conduzido por um suicida matou 30 pessoas nas proximidades de um posto de checagem em Sadr City, bairro predominantemente xiita na periferia de Bagdá que abriga a base do clérigo Moqtada al Sadr. Ele prega a saída dos americanos do Iraque.
Segurança
Os atentados ocorreram horas depois que o premiê iraquiano, Nouri al Maliki, afirmou que tropas iraquianas assumirias o controle da segurança do país até o final deste ano.
Maliki sofre intensa pressão para que as tropas americanas deixem o país, mas a explosão de ao menos cinco bombas nesta quarta-feira apontam os graves problemas na segurança.
Os ataques podem acirrar a tensão sectária em Bagdá, principalmente entre os membros do Exército de Mahdi. Seis ministros ligados a Al Sadr deixaram o governo iraquiano na segunda-feira (16) para pressionar pela retirada dos 146 mil soldados dos EUA no Iraque.
Bagdá vem sendo cenário de violência sectária desde o atentado contra uma mesquita xiita em Samarra em 22 de fevereiro.
Tropas
Em discurso para marcar a entrega do controle da segurança da Província de Maysan (sul) ao Iraque, assessor para a Segurança Nacional, Mowaffaq al Rubaie, afirmou que três Províncias do Curdistão serão as próximas a serem entregues, seguidas de Kerbala e Wasit.
"Depois, Província por Província será entregue até o final deste ano", disse Al Rubaie.
Maysan é a quarta das 18 Províncias iraquianas a serem entregues ao controle das forças iraquianas, depois de Muthanna, Najaf e Dhi Qar, todas regiões xiitas do sul do Iraque.
No entanto, Maliki afirmou que forças iraquianas somente assumirão o controle total quando estiverem preparadas. "Alguns exigem um cronograma para o fim da presença estrangeira no Iraque", disse Maliki em discurso em Amara, capital de Maysan, 365 ao sul de Bagdá.
"Eu digo a eles que essa é a exigência de todos os iraquianos, e que estamos trabalhando para criar as circunstâncias para a retirada", acrescentou o premiê.
Com agências internacionais
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