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13/06/2002
-
07h48
da France Presse, em Cabul
A Loya Jirga, grande assembléia tradicional afegã, elegeu uma diretoria composta de um presidente, Mohammad Ismael Qasimyar, dois vice-presidentes e dois secretários, segundo divulgou hoje a TV afegã.
O tadjique Qasimyar era presidente da comissão de organização da Loya Jirga.
A assembléia, que agora tem suas próprias instâncias diretoras e um regulamento, deve eleger ainda hoje o novo chefe do Estado afegão. O presidente do atual governo, Hamid Karzai, o líder interino apoiado pelos Estados Unidos, que é um dos três candidatos.
Três pessoas apresentaram sua candidatura à chefia de Estado:
Hamid Karzai - atual líder do governo interino afegão, que aparentemente já conseguiu mais de mil assinaturas de delegados;
Mahfuz Medaie - um intelectual universitário pouco conhecido no Afeganistão;
Massuda Jalal - uma mulher de 35 anos que trabalha para o Programa Alimentar Mundial (PMA) na capital afegã. Professora de medicina da Universidade de Cabul, Jalal foi eleita no final de maio representante de um distrito do leste da capital afegã. Conseguiu 188 assinaturas de apoio de delegados.
Para registrar-se oficialmente, os candidatos devem apresentar 150 assinaturas de delegados da Loya Jirga. O chefe do Estado vai dirigir por dois anos um governo interino que deverá levar o país a eleições gerais.
Protesto
Ontem, mais de 60 delegados deixaram a sessão, irritados com o que julgam ser a falta de liberdade no seu voto a respeito do futuro do país. Foi o segundo dia do evento, que reúne cerca de 1.600 homens e mulheres de todas as etnias do Afeganistão.
Na abertura da Loya Jirga, na terça-feira (11), o ex-rei Mohammed Zahir Shah, 87, anunciou que não tinha a intenção de restaurar a monarquia e expressou seu apoio a Karzai. O ex-presidente Burhanuddin Rabbani abriu mão de sua candidatura, também em favor do atual líder.
A comunidade internacional espera que a Loya Jirga finalmente traga estabilidade ao Afeganistão, que viveu sucessivamente sob ocupação soviética, guerra civil e o regime islâmico do Taleban, derrubado em 2001 pelos Estados Unidos na sua caçada à rede Al Qaeda.
Mas o clima político permanece tenso, e um incidente ontem demonstrou isso: tropas de paz alemãs brigaram com seguranças particulares que acompanhavam alguns delegados e se recusaram a se desarmar. Em seguida, segundo testemunhas, a polícia afegã interveio, apontando suas armas para os alemães. Não houve feridos.
Mais grave que essa pequena briga é a divisão política que existe entre a maioria pashtu [que apóia o ex-rei] e as minorias que se reuniram em torno à Aliança do Norte [guerrilha aliada dos EUA], para quem Zahir Shah não deve ter nenhum cargo no governo.
Representantes de todas as facções estão de acordo em dizer que até agora houve poucas consultas e nenhuma votação na Loya Jirga, uma instituição milenar, mas considerada historicamente um mero trâmite para legitimar as decisões da monarquia.
"Quem são eles para nos fazerem de bobos", disse um delegado do lado de fora da gigantesca tenda branca, reclamando que o presidente da assembléia foi escolhido pela própria comissão organizadora, não pelos delegados.
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Conheça as armas dos EUA
Loya Jirga elege diretoria e define hoje novo chefe de Estado
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A Loya Jirga, grande assembléia tradicional afegã, elegeu uma diretoria composta de um presidente, Mohammad Ismael Qasimyar, dois vice-presidentes e dois secretários, segundo divulgou hoje a TV afegã.
O tadjique Qasimyar era presidente da comissão de organização da Loya Jirga.
Reuters - 28.jan.2002 |
Hamid Karzai, líder do governo interino do Afeganistão |
Três pessoas apresentaram sua candidatura à chefia de Estado:
Hamid Karzai - atual líder do governo interino afegão, que aparentemente já conseguiu mais de mil assinaturas de delegados;
Mahfuz Medaie - um intelectual universitário pouco conhecido no Afeganistão;
Massuda Jalal - uma mulher de 35 anos que trabalha para o Programa Alimentar Mundial (PMA) na capital afegã. Professora de medicina da Universidade de Cabul, Jalal foi eleita no final de maio representante de um distrito do leste da capital afegã. Conseguiu 188 assinaturas de apoio de delegados.
Para registrar-se oficialmente, os candidatos devem apresentar 150 assinaturas de delegados da Loya Jirga. O chefe do Estado vai dirigir por dois anos um governo interino que deverá levar o país a eleições gerais.
Protesto
Ontem, mais de 60 delegados deixaram a sessão, irritados com o que julgam ser a falta de liberdade no seu voto a respeito do futuro do país. Foi o segundo dia do evento, que reúne cerca de 1.600 homens e mulheres de todas as etnias do Afeganistão.
Na abertura da Loya Jirga, na terça-feira (11), o ex-rei Mohammed Zahir Shah, 87, anunciou que não tinha a intenção de restaurar a monarquia e expressou seu apoio a Karzai. O ex-presidente Burhanuddin Rabbani abriu mão de sua candidatura, também em favor do atual líder.
A comunidade internacional espera que a Loya Jirga finalmente traga estabilidade ao Afeganistão, que viveu sucessivamente sob ocupação soviética, guerra civil e o regime islâmico do Taleban, derrubado em 2001 pelos Estados Unidos na sua caçada à rede Al Qaeda.
Mas o clima político permanece tenso, e um incidente ontem demonstrou isso: tropas de paz alemãs brigaram com seguranças particulares que acompanhavam alguns delegados e se recusaram a se desarmar. Em seguida, segundo testemunhas, a polícia afegã interveio, apontando suas armas para os alemães. Não houve feridos.
Mais grave que essa pequena briga é a divisão política que existe entre a maioria pashtu [que apóia o ex-rei] e as minorias que se reuniram em torno à Aliança do Norte [guerrilha aliada dos EUA], para quem Zahir Shah não deve ter nenhum cargo no governo.
Representantes de todas as facções estão de acordo em dizer que até agora houve poucas consultas e nenhuma votação na Loya Jirga, uma instituição milenar, mas considerada historicamente um mero trâmite para legitimar as decisões da monarquia.
"Quem são eles para nos fazerem de bobos", disse um delegado do lado de fora da gigantesca tenda branca, reclamando que o presidente da assembléia foi escolhido pela própria comissão organizadora, não pelos delegados.
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