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Saída de Pervez Musharraf cria desafio político para Paquistão
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da Folha Online
Pervez Musharraf renunciou como presidente do Paquistão nesta segunda-feira, evitando assim um confronto político com seus rivais que visavam seu impeachment, o que teria aprofundado a crise política do país.
"Há um enorme desafio à frente", disse Shafqat Mahmood, ex-ministro do país e analista político. "Agora toda essa desculpa Musharraf ficou para trás. Agora as pessoas vão se focar em suas performances", afirmou.
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A saída de Musharraf após quase nove anos no poder era amplamente esperada após meses de crescente pressão pela sua renúncia, que culminaram na ameaça de uma tentativa de impeachment no Parlamento.
AP |
Musharraf faz pronunciamento à nação informando que irá renunciar ao cargo |
Tendo se tornado uma figura menor após renunciar ao comando do Exército em novembro de 2007 e se vendo deixado de lado pelo governo civil na tomada de decisões, o ex-general de 65 anos deixou a Presidência em meio a uma falta de apoio de seus dois principais pilares --o Exército e Washington.
Enfatizando sobre como o Ocidente já havia seguido adiante, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, ofereceu "profunda gratidão" à decisão de Musharraf de se unir à luta liderada por Washington contra extremistas, que teve início após os ataques de 11 de Setembro, dizendo que ele "serviu como um bom aliado dos EUA."
Mas ela também foi cautelosa para não demonstrar muito apoio ao governo civil que lutou pela saída de Musharraf. "Acreditamos que o respeito pelos processos democráticos e constitucionais no país são fundamentais para o futuro do Paquistão e sua luta contra o terrorismo", afirmou a americana.
Futuro
Porém, a saída de Musharraf levanta uma série de questões importantes, incluindo se a coalizão governista irá se manter unida sem seu inimigo comum e se os principais partidos darão continuidade à forte aliança de Musharraf com os EUA.
A renúncia de Musharraf não deve afetar o controle sobre as armas nucleares do Paquistão. Um comitê de dez membros toma as decisões sobre como usá-las.
No discurso de uma hora, usado principalmente para defender seus atos, Musharraf enumerou os principais problemas que o Paquistão enfrenta --como a economia e a falta de energia-- e sugeriu que seus rivais o usavam como bode expiatório para mascarar seus próprios fracassos.
"Eu vou com a satisfação de que o quer que eu tenha feito foi para o povo e pelo país (...) espero que a nação e o povo perdoem meus erros", afirmou.
Em cidades do Paquistão houve comemoração, com tiros para o alto.
"É muita satisfação saber que Musharraf não é mais presidente", disse Mohammed Saeed, vendedor de loja, no meio de uma multidão que dançava e se abraçava na cidade de Peshawar.
"Ele até tentou enganar a nação em seu último discurso. Ele falava de progresso econômico quando a vida de pessoas como eu se tornou um inferno", afirmou, sobre os problemas que incluem a crescente inflação.
Vitória da democracia
Por outro lado, muitos paquistaneses estão mais focados no futuro. "O governo tem culpado Musharraf pela inflação, cortes de energia e, com a sua renúncia, esperamos que o governo tome passos para tornar nossa vida melhor", disse Asma Bibi, dona de casa, em Multan.
O governo afirma que a renúncia de Musharraf é uma vitória da democracia sobre a ditadura --o Paquistão passou cerca de metade dos seus 61 anos de existência sob regime militar.
"Sua renúncia abre caminho para o nosso governo fornecer ao povo do Paquistão os serviços sociais básicos, oportunidades econômicas, segurança política e lei e ordem," disse o ministro da Informação, Sherry Rehman.
Analistas afirmam que a coalizão precisa resolver rapidamente outras duas questões políticas para sobreviver --eleger um novo presidente e resolver a crise judicial do país.
Segundo a Constituição, um novo presidente deve ser eleito em até 30 dias. Enquanto isso, o líder do Senado, Mohammedmian Soomro, será o presidente interino.
A coalizão também enfrenta forte pressão popular e dos advogados do país, que protestam contra Musharraf há mais de um ano pedindo a restauração dos juízes da Suprema Corte, depostos quando Musharraf impôs o estado de emergência no ano passado.
Com agências internacionais
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