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"Essa Sarah Palin é porreta"
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HELOISA PAIT
colaboração para a Folha de S. Paulo, na Pensilvânia
Sue Saylor cuida de 40 vacas de mais de meia tonelada cada uma, planta milho para a forragem do inverno, opera as máquinas para a produção de leite, além de fazer uma infinidade de outras pequenas tarefas -mais ou menos como ela mesma fazia quando criança.
O marido ajuda quando não está em sua própria fazenda, e também a irmã. São os dois mecânicos da fazenda, que cuidam do trator de 20 anos e das colheitadeiras de 30.
Mike Carlson/AP |
Sarah Palin, candidata a vice republicana, faz evento na Flórida |
Sue fez alguns cursos de contabilidade e é responsável pelos impostos e pelas finanças de um negócio que fatura US$ 200 mil ao ano. Marjorie Saylor ainda manca um pouco, por ter escorregado no alto do celeiro, quando fazia a pintura.
"Numa fazenda as coisas podem acontecer de uma hora para outra", diz Sue. Um conhecido fez o parto de uma vaca e, no dia seguinte, morreu do coração. A família ia fazer um leilão naquela semana, vender as vacas todas.
Dívidas? Nenhuma. Sue fala de vizinhos que já foram à falência três vezes, depois de se encantarem com propostas de financiamento que não puderam pagar. Para Sue, o correto seria pagar as dívidas, mesmo que fosse aos poucos. O melhor seria não ter feito as dívidas, mesmo que fosse para aumentar a produção.
Quanto à tecnologia, a Fazenda Leiteira Say View parece estar num sensato meio-termo. Sue diz não à moda do orgânico, que, para ela, cria vacas mirradas e doentes. Ela dá vitaminas para os bichos e corrige o solo. Mas só entra com antibióticos para evitar infecções, e não usa hormônios.
"Cada vaca é uma senhora de respeito, e merece sua consideração", diz uma placa bem visível no estábulo.
Sem empregados
É uma atitude que vem mais dos costumes e da religião que de uma nova consciência ecológica. "O que Deus nos deu temos que melhorar ou manter", explica.
Sue é menonita, uma das muitas denominações protestantes americanas. Os menonitas vieram da Alemanha e da Holanda para a Pensilvânia, no século 18, em busca de trabalho e também fugindo de perseguições religiosas na Europa.
"Gosto da minha vida, e não quero sair daqui para nada", diz ela, que esteve em Pittsburgh, a maior cidade da região, apenas uma vez. Com mais de 50 anos, nem ela nem sua irmã têm filhos. Calcula que ainda tem uns dez anos de trabalho.
Empregados para ajudar na lida? Nenhum. Uma veterinária faz visitas a cada duas semanas e, para serviços especiais -como cobrir um alagado para as vacas pastarem sem se molhar-, ela usa firmas da região.
"Não, não vou contratar mexicanos. Não tenho nada contra, mas quero gente daqui. Talvez eu arrende para sobrinhos, que agora trabalham meio período em outras fazendas. Quero que fique em família", diz Sue, se referindo à fazenda fundada em 1867, quando a primeira das cinco gerações chegou da Alemanha.
Recentemente Sue construiu uma pousada, com ajuda do marido e da irmã, contratando apenas encanador e eletricista.
Um vizinho se ofereceu para pintar as portas com tinta de automóvel, que dura mais e dá uma aparência especial. O madeireiro cortou madeira da própria fazenda, recebeu pelo serviço em espécie. Auto-confiança americana.
Política? "Não acho que vá mudar muita coisa, mas eu gosto da Sarah Palin, ela é porreta!", Sue me conta com um brilho nos olhos que revela uma genuína identificação com a candidata a vice-presidente republicana.
Provavelmente se referindo a Obama, Sue diz: "Gosto de mudanças bem lentas, bem pensadas". E logo muda de assunto: "Sabe, uma amiga adorou a lareira, achou supercharmosa, e de fato, olhando agora, ficou ótima. Mas coloquei a lareira para o caso de ficarmos sem eletricidade. Somos assim, nem aproveitamos as coisas bonitas que temos".
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Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
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