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17/11/2002 - 18h24

Senador italiano é condenado à prisão por morte de jornalista

da France Presse, em Roma

O ex-chefe do governo italiano e senador vitalício, Giulio Andreotti, 83 anos, acusado de cumplicidade na morte do jornalista Mino Pecorelli, em 1979, foi condenado neste domingo a 24 anos de prisão pela Corte de Perúgia (centro da Itália), na apelação.

"Sempre acreditei e continuo a acreditar na justiça, mesmo que tenha que aceitar nesta noite um tal absurdo", comentou Andreotti, após o anúncio da sentença.

Andreotti tinha saído livre desta acusação na primeira instância há três anos, no dia 24 de setembro de 1999, mas o tribunal de Perúgia (centro da Itália) apelou da sentença.

Apesar da condenação, ele pode não ser preso. Andreotti possui imunidade parlamentar, uma vez que é senador vitalício, desde 1991.

Perfil de Andreotti

Giulio Andreotti foi considerado um dos pilares da vida política italiana no período do pós-guerra ao início dos anos 90. É casado e pai de quatro filhos.

Figura incontestável da Democracia-Cristã (DC), apelidado "O Inoxidável", este filho de um professor da escola elementar entrou em 1937 para a organização de estudantes católicos, tendo defendido tese sobre o direito eclesiástico quando trabalhava na Biblioteca do Vaticano.

Membro da Assembléia Constituinte em 1946, foi eleito pela primeira vez deputado em 1948 sendo reeleito várias vezes até a nomeação como senador vitalício, em 1991.

De 1947 a 1953, Andreotti foi secretário de Estado da presidência do Conselho no governo de Alcide De Gasperi, um dos fundadores da primeira República italiana, após a segunda guerra mundial.

Ministro do Interior em 1954 no primeiro governo de Amintore Fanfani, ocupou depois as pastas das Finanças, do Tesouro, da Defesa e das Relações Exteriores.

Chamado para o cargo de presidente do Conselho por Giovanni Leone (presidente da República de 1971 a 1978), Giulio Andreotti estava à frente de uma maioria de centro-direita e formou no dia 17 de fevereiro de 1972, após 121 dias de crise, um governo composto unicamente de democratas-cristãos, que durou 9 dias. Reconduzido ao cargo, formou em seguida um governo de alianças.

Os aborrecimentos de Andreotti começaram em 1984. Ele foi muito criticado por ter protegido o chefão das Finanças, Raffaele Giudice, envolvido num escândalo relacionado ao petróleo. A Câmara de Deputados recusou-se, no entanto, a acusá-lo.

Mas, nos anos 90 a situação mudou, quando a Democracia-Cristã, que reinava como mestre absoluta da vida política italiana, foi envolvida na tormenta da operação "Mãos Limpas".

Presidente do Conselho pela última vez de 1989 a 1992, ele se aliou, então, com os socialistas de Bettino Craxi, ele mesmo perseguido hoje pela justiça italiana pelo que se exilou voluntariamente na Tunísia.

O acaso quis que Andreotti formasse seu quinto governo no dia 20 de março de 1979, no dia em que foi assassinado o jornalista Carmine "Mino" Pecorelli. Neste caso, julgado em Perúgia, foi acusado de ser mandante desta morte, uma vez que o jornalista preparava-se para publicar documentos comprometedores sobre ele.

Giulio Andreotti também foi acusado de cumplicidade com a máfia, em 1993, no tribunal de apelação de Palermo, Sicília.

Foi considerado inocente em primeira instância, em outubro de 1999, mas o tribunal de Palermo decidiu apelar da sentença, em julho de 2000.

Andreotti é suspeito de ter sido o homem de contacto da máfia siciliana Cosa Nostra com o objetivo de favorecer suas ambições políticas e a carreira na Democracia-Cristã.

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