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23/11/2002 - 05h30

Candidata brasileira relata drama na Nigéria

VIVIAN WHITEMAN
do Agora

Taiza Thomsen, 20, a representante brasileira no Miss Mundo, contou o drama vivido pelas candidatas nos últimos dias na Nigéria, país anfitrião do concurso, que gerou violentos protestos de muçulmanos. "Estamos muito assustadas e passamos o dia todo trancadas no quarto do hotel [em Abuja, a capital do país]. Não temos permissão nem mesmo para ir ao saguão. Muitas meninas ameaçaram desistir e ir embora", disse a catarinense.

Taiza contou que as informações sobre os conflitos começaram a chegar anteontem, sempre por meio dos organizadores do concurso.

"Soubemos que havia muitos mortos, e disseram que era por causa do concurso, que os muçulmanos não nos queriam aqui. Ficamos com medo de sermos atacadas, espancadas", disse.

A candidata afirmou ainda que, ontem, o presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, enviou um comunicado garantindo 100% de segurança às garotas. "Eu pretendo continuar e expressar minha opinião sobre isso, porque acho que o concurso foi só um pretexto. A guerra religiosa existe há tempos", disse.

As viagens programadas para os próximos dias foram canceladas. "Soubemos que, se a situação não se acalmar, o concurso poderá ser transferido para Londres", disse Taiza, antes de a organização anunciar a alteração de local.

Boatos
Sem notícias, Taiza passou a manhã de ontem imaginando que 20 das suas colegas haviam sido mortas devido aos conflitos.

A mãe de Taiza, Ângela Thomsen, tentou, desde as primeiras horas da manhã, falar com sua filha. O telefone do hotel, porém, estava congestionado.

O contato da mãe com Taiza foi possível apenas às 16h de Brasília, quase dez horas depois de Ângela ter começado a telefonar, com um intervalo de cinco minutos. Foi então que a candidata brasileira se tranquilizou, pois soube notícias às quais não estava tendo acesso.

"É verdade que morreram 20 misses? O que vocês estão sabendo aí fora?", preocupou-se imediatamente em perguntar a brasileira, com a voz trêmula, segundo relato da sua mãe, que vive no município catarinense de Joinville com outro filho e o marido, Antônio _pai da candidata.

Ângela contou à filha o que soube pela TV brasileira. "Fiquei pasma ao ver que eu tinha mais informações do que ela própria. Na verdade, o isolamento delas causou um clima de pavor. Elas não sabiam o que ocorria", afirmou Ângela.

"Ela me disse que estava tranquila, até brincou comigo, riu enquanto conversávamos. Acho que foi até de alívio ao saber que nada estava ocorrendo com as misses. Eu fiquei tranquila ao ouvi-la. Por isso e porque acredito que Deus esteja protegendo minha menina, ela é uma menina muito boa", disse a mãe.

Vencedora de outros concursos de beleza, Taiza estava tentando vestibular para jornalismo em Joinville quando teve seus planos interrompidos pela conquista do título de vice-Miss Brasil. Com esse título, ela se credenciou a disputar o de Miss Mundo. A Miss Brasil, a gaúcha Joseane Oliveira, concorreu a Miss Universo.

Em sua casa, Taiza é tida como uma adolescente tímida, segundo a sua mãe. Na Nigéria, divide o quarto do hotel com a colega angolana. As duas contam com a ajuda de uma intérprete para se comunicar com as outras.

Colaborou Léo Gerchmann, da Agência Folha, em Porto Alegre
 

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