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25/02/2003
-
22h29
Pelo menos 98% dos lucros resultantes do narcotráfico se concentram nos países consumidores e não nos produtores, segundo o informe da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado hoje.
"Contrariamente à idéia em voga de que a receita gerada pela indústria ilegal da droga favoreceria o desenvolvimento econômico, os dados disponíveis mostram que os países produtores [de droga] registram uma queda de seu crescimento", revelou o informe referente a 2002.
"O essencial dos rendimentos fica com os grupos que se dedicam ao tráfico em diferentes níveis da rede de distribuição nos Estados Unidos e na Europa, os dois principais mercados mundiais", acrescenta a agência da ONU com sede em Viena.
A partir de estimativas do tráfico mundial de heroína e cocaína, drogas que têm "maior incidência socioeconômica", a organização calculou que os rendimentos globais dos agricultores -que cultivam a papoula no Afeganistão e a coca na Colômbia- atingiram em 2000 cerca de US$ 1,2 bilhão, "apenas 2%" da ajuda mundial ao desenvolvimento, que é de US$ 54 bilhões.
Paralelamente, os gastos destinados no mesmo ano nos Estados Unidos e na Europa à compra de heroína e cocaína se aproximaram de US$ 60 bilhões, segundo a agência, que avalia em apenas US$ 3,8 bilhões o total dos capitais relacionados à droga injetado nas economias dos países produtores em desenvolvimento.
Citando o Afeganistão, onde o aporte de capitais relacionados ao cultivo da papoula "é relativamente importante em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)", a agência considera que "o aumento em massa da produção de ópio no início dos anos 90, que fez deste país o primeiro produtor mundial, serviu para alimentar as guerras civis, mas claramente não contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico".
"Esta observação vale para os demais países produtores de droga", considerou o presidente do órgão, Philip Emafo. "Não encontramos nenhum indício que permita pensar que a expansão dos cultivos ilícitos [de droga] contribuiria para uma melhora de algum indicador de desenvolvimento", acrescentou.
Ao mesmo tempo em que desestabiliza as economias dos países produtores, fazendo retroceder os investimentos lícitos e deformando o processo de decisão macroeconômico, a indústria da droga perverte os sistemas políticos. "Seus lucros permitem financiar campanhas eleitorais, a corrupção, a rebelião, o terrorismo e o crime organizado", explicou o informe.
Assim, na Colômbia, o número de homicídios passou de 17 em cada 100 mil, quando os narcotraficantes se estabeleceram no país, para 63 em cada 100 mil em 1988, ano em que o cartel de Medellín travou uma guerra contra o Estado, e para 80 em cada 100 mil em 1992, exemplifica a agência.
O informe também destaca que o Afeganistão recuperou em 2002 seu posto de principal fornecedor mundial de ópio, um ano depois da queda dos talebans, com 3.400 toneladas de ópio.
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Produção de drogas sintéticas aumenta na Europa
Países consumidores se beneficiam mais do narcotráfico
da France Presse, em Viena (Áustria)Pelo menos 98% dos lucros resultantes do narcotráfico se concentram nos países consumidores e não nos produtores, segundo o informe da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado hoje.
"Contrariamente à idéia em voga de que a receita gerada pela indústria ilegal da droga favoreceria o desenvolvimento econômico, os dados disponíveis mostram que os países produtores [de droga] registram uma queda de seu crescimento", revelou o informe referente a 2002.
"O essencial dos rendimentos fica com os grupos que se dedicam ao tráfico em diferentes níveis da rede de distribuição nos Estados Unidos e na Europa, os dois principais mercados mundiais", acrescenta a agência da ONU com sede em Viena.
A partir de estimativas do tráfico mundial de heroína e cocaína, drogas que têm "maior incidência socioeconômica", a organização calculou que os rendimentos globais dos agricultores -que cultivam a papoula no Afeganistão e a coca na Colômbia- atingiram em 2000 cerca de US$ 1,2 bilhão, "apenas 2%" da ajuda mundial ao desenvolvimento, que é de US$ 54 bilhões.
Paralelamente, os gastos destinados no mesmo ano nos Estados Unidos e na Europa à compra de heroína e cocaína se aproximaram de US$ 60 bilhões, segundo a agência, que avalia em apenas US$ 3,8 bilhões o total dos capitais relacionados à droga injetado nas economias dos países produtores em desenvolvimento.
Citando o Afeganistão, onde o aporte de capitais relacionados ao cultivo da papoula "é relativamente importante em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)", a agência considera que "o aumento em massa da produção de ópio no início dos anos 90, que fez deste país o primeiro produtor mundial, serviu para alimentar as guerras civis, mas claramente não contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico".
"Esta observação vale para os demais países produtores de droga", considerou o presidente do órgão, Philip Emafo. "Não encontramos nenhum indício que permita pensar que a expansão dos cultivos ilícitos [de droga] contribuiria para uma melhora de algum indicador de desenvolvimento", acrescentou.
Ao mesmo tempo em que desestabiliza as economias dos países produtores, fazendo retroceder os investimentos lícitos e deformando o processo de decisão macroeconômico, a indústria da droga perverte os sistemas políticos. "Seus lucros permitem financiar campanhas eleitorais, a corrupção, a rebelião, o terrorismo e o crime organizado", explicou o informe.
Assim, na Colômbia, o número de homicídios passou de 17 em cada 100 mil, quando os narcotraficantes se estabeleceram no país, para 63 em cada 100 mil em 1988, ano em que o cartel de Medellín travou uma guerra contra o Estado, e para 80 em cada 100 mil em 1992, exemplifica a agência.
O informe também destaca que o Afeganistão recuperou em 2002 seu posto de principal fornecedor mundial de ópio, um ano depois da queda dos talebans, com 3.400 toneladas de ópio.
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