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21/03/2003 - 03h20

Guerra do Golfo foi a primeira transmitida pela TV

da Folha de S.Paulo

Na madrugada do dia 16 de janeiro de 1991 começava a primeira guerra televisionada da história. A Guerra do Golfo levou a extremos a idéia de que informação pode ter um papel tão decisivo quanto a estratégia militar.

O ataque foi uma reação à invasão do Kuait, em 2 de agosto de 1990, por Saddam Hussein. A invasão foi motivada por acusações do Iraque de que o Kuait teria roubado US$ 2,4 bi em petróleo do território iraquiano durante a guerra contra o Irã (1980-1988) e lhe causado perdas de US$ 14 bilhões por exportar óleo além da cota estabelecida pela Opep.

Bagdá reivindicava também parte do território kuaitiano _as ilhas de Warba e Bubian e o poço petrolífero de Rumailá-sul, na fronteira entre os dois países_ e o perdão de uma dívida de US$ 10 bilhões.

O Conselho de Segurança da ONU exigiu, no mesmo dia da invasão, a retirada imediata das tropas de Saddam e, quatro dias mais tarde, impôs um embargo militar e financeiro a Bagdá.

Saddam condicionou a retirada de suas forças à retirada das tropas israelenses dos territórios palestinos ocupados, exigência não aceita pelos Estados Unidos.

Em 29 de novembro de 1990, a ONU autorizou uma ação militar caso as tropas iraquianas não deixassem o Kuait até 15 de janeiro. O Congresso norte-americano autorizou, em 12 de janeiro, o presidente George Bush (1989-1992) a fazer uso da força.

Em 13 de janeiro, em Bagdá, o secretário-geral da ONU, Javier Pérez de Cuéllar, tentou que Hussein aceitasse as determinações do Conselho de Segurança e não obteve sucesso. No dia seguinte, o Parlamento iraquiano aprovou a guerra para manter o Kuait.

Na madrugada de 16 de janeiro, após o fim do prazo determinado pela ONU, começou a operação "Tempestade no Deserto", como foi chamada a ação militar das tropas aliadas, uma aliança de 32 países liderada pelos EUA.

O bombardeio ao prédio que abrigava o centro de telecomunicações do Iraque por um caça F-117 e os ataques de mísseis Tomahawk contra o palácio de Saddam Hussein e o Ministério da Defesa iraquiano, lançados de navios americanos no Golfo Pérsico, marcaram o início da operação.

Mãe de todas as batalhas

Após os ataques, Saddam proclamou o início daquela seria "a mãe de todas as batalhas" e ordenou o lançamento de mísseis Scuds, de fabricação soviética, contra a Arábia Saudita e Israel.

Os ataques ao Iraque pelos aliados e o bombardeio iraquiano a Israel e Arábia Saudita foram transmitidos ao vivo pela rede CNN durante toda a guerra, tornando os jornalistas Peter Arnett e Bernard Shaw tão famosos quanto as imagens de mísseis que lembravam a tela de videogame.

A estratégia dos americanos, baseada em "ataques cirúrgicos" _ações que visavam alvos militares e utilizavam bombas e mísseis de alta precisão_, foi elaborada pelo general Norman Schwarzkopf e comandada pelo general Colin Powell, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.

Após 100 horas de combate, foi declarado o cessar-fogo em 27 de fevereiro. No total, o conflito se estendeu por 41 dias. O Kuait foi libertado, mas Saddam permaneceu no poder e enfrentou revolta da população de origem curda e xiita, apoiada pelo governo americano, que foi expulsa do território iraquiano, indo para a Turquia e o Irã. O embargo imposto pela ONU continua vigorando.

Saddam mandou incendiar centenas de poços de petróleo no Kuait, provocando uma catástrofe ecológica sem precedentes e cujo fogo demorou cerca de oito meses para ser apagado.

O saldo de vítimas em combate nunca teve números definitivos. Oficialmente, foram 148 americanos mortos em combate e 121 em acidentes e 458 feridos. Analistas estimaram o número de iraquianos mortos entre 100 mil e 150 mil. Um estudo financiado pelo Greenpeace elevou o número de vítimas iraquianas para 205 mil.

A guerra do Golfo foi a chance de os americanos usarem todo o material bélico de alta tecnologia que desenvolveram durante a década de 80, quando houve um investimento maciço no setor devido às políticas dos presidentes Ronald Reagan e George Bush.

Os americanos construíram um aparato militar destinado a vencer os soviéticos em uma hipotética Terceira Guerra Mundial.

Na década de 80, deixaram de lado estratégias defensivas para priorizar a doutrina conhecida como "Airland Battle" ("batalha aeroterrestre"), que preconiza uma estreita integração entre o ataque das forças terrestres e o apoio por aviões e helicópteros.

A supremacia aérea da coalizão americana permitiu algo raro em guerras convencionais: uma surpresa estratégica. Por falta de aviões de reconhecimento, os iraquianos não conseguiram detectar a transferência da maior parte do poderio americano para o flanco esquerdo. O "gancho de esquerda", caraterizado por uma longa incursão em território do Iraque, foi a chave da vitória.

A luta no deserto tem vantagens políticas: existem só os dois exércitos no campo de batalha, sem civis que poderiam virar vítimas.

A mesma preocupação em evitar vítimas civis dominou o pensamento da Força Aérea. A propaganda americana anunciou essa preocupação com ataques ditos "cirúrgicos", nos quais o bombardeiro conseguiria acertar o alvo militar sem causar danos aos civis em torno. Na prática, ocorrem falhas humanas e nenhuma tecnologia é perfeita.

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