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22/04/2003
-
08h15
O chefe dos inspetores de armas da ONU (Organização das Nações Unidas), Hans Blix, que participará hoje de uma reunião no Conselho de Segurança para falar do eventual regresso de sua equipe ao Iraque, denunciou a falsificação de documentos para justificar a guerra contra Saddam Hussein.
"Era surpreendente ver que uma parte tão importante dos documentos em que se basearam as capitais [Washington e Londres] para construir seu dossiê [contra o Iraque] era tão pouco sólida", declarou Blix, em entrevista parcialmente divulgada hoje pela rádio BBC. A íntegra será difundida no sábado (26) pela rede de TV BBC2 no documentário "O caminho da guerra: a história secreta".
"Há exemplos flagrantes", disse Blix. "Ouvimos falar de um contrato entre Iraque e Níger, da importação de 500 toneladas [...] de urânio."
"Mas, quando a AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] conseguiu obter o contrato, não foi muito difícil para ela descobrir que era falso, que foi simplesmente falsificado", declarou Blix.
"É muito preocupante", afirmou. "Quem o falsificou? Não é inquietante ver que os serviços de inteligência [americanos e britânicos] que deveriam ter todos os meios técnicos à sua disposição não descobriram que se tratava de uma falsificação?"
Acusações
Questionado sobre se acusava a esses serviços de inteligência de haver falsificado documentos por ordem de Washington e Londres, Blix disse que "não ia tão longe".
"Puderam obter esse contrato falso em algum lado", disse. "A CIA [agência de inteligência dos EUA] disse haver obtido uma cópia do Reino Unido. Não estou sugerindo que os serviços de inteligência britânicos puderam ter falsificado."
Quanto ao papel do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell -que em um pronunciamento ante o Conselho de Segurança antes do conflito, antecipou algumas "provas" contra o Iraque, que o próprio Blix qualificou de infundadas-, o chefe dos inspetores também mostrou prudência.
"Quando alguém está acima [da hierarquia] e recebe documentos, não pode comprovar tudo", disse. O que intriga Blix é que os serviços de inteligência envolvidos não o fizeram.
Conselho de Segurança
Com os Estados Unidos ignorando uma função para a ONU no Iraque pós-guerra, Blix foi convidado para falar ao Conselho de Segurança hoje sobre sua disposição em mandar os especialistas de volta.
Blix, acusado por Washington de não ter descoberto provas das armas proibidas de Bagdá, principal motivo para a invasão do Iraque, pode ser a chave para o levantamento das sanções econômicas, objetivo do presidente George W. Bush.
A maioria dos membros do Conselho de Segurança, incluindo os aliados norte-americanos e britânicos, acha que os inspetores da ONU precisam verificar quaisquer armas de destruição em massa encontradas no Iraque antes do levantamento das sanções.
O governo Bush argumenta que o sistema de sanções, imposto após o Iraque ter invadido o Kuait, em 1990, foi estabelecido contra um governo que já não existe.
Autoridades americanas querem mandar, em vez de Blix, ex-inspetores dos EUA, Reino Unido e Austrália para inspecionar armas descobertas.
Muitos diplomatas argumentam que os Estados Unidos terão dificuldade em convencer a opinião mundial da existência de armas químicas, biológicas, nucleares ou balísticas sem verificação neutra.
Com agências internacionais
Especial
Saiba tudo sobre a guerra no Iraque
Documento para justificar a guerra era falsificado, diz Blix
da Folha OnlineO chefe dos inspetores de armas da ONU (Organização das Nações Unidas), Hans Blix, que participará hoje de uma reunião no Conselho de Segurança para falar do eventual regresso de sua equipe ao Iraque, denunciou a falsificação de documentos para justificar a guerra contra Saddam Hussein.
"Era surpreendente ver que uma parte tão importante dos documentos em que se basearam as capitais [Washington e Londres] para construir seu dossiê [contra o Iraque] era tão pouco sólida", declarou Blix, em entrevista parcialmente divulgada hoje pela rádio BBC. A íntegra será difundida no sábado (26) pela rede de TV BBC2 no documentário "O caminho da guerra: a história secreta".
Reuters - 27.jan.2003 |
Hans Blix, chefe dos inspetores de armas da ONU |
"Mas, quando a AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] conseguiu obter o contrato, não foi muito difícil para ela descobrir que era falso, que foi simplesmente falsificado", declarou Blix.
"É muito preocupante", afirmou. "Quem o falsificou? Não é inquietante ver que os serviços de inteligência [americanos e britânicos] que deveriam ter todos os meios técnicos à sua disposição não descobriram que se tratava de uma falsificação?"
Acusações
Questionado sobre se acusava a esses serviços de inteligência de haver falsificado documentos por ordem de Washington e Londres, Blix disse que "não ia tão longe".
"Puderam obter esse contrato falso em algum lado", disse. "A CIA [agência de inteligência dos EUA] disse haver obtido uma cópia do Reino Unido. Não estou sugerindo que os serviços de inteligência britânicos puderam ter falsificado."
Quanto ao papel do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell -que em um pronunciamento ante o Conselho de Segurança antes do conflito, antecipou algumas "provas" contra o Iraque, que o próprio Blix qualificou de infundadas-, o chefe dos inspetores também mostrou prudência.
"Quando alguém está acima [da hierarquia] e recebe documentos, não pode comprovar tudo", disse. O que intriga Blix é que os serviços de inteligência envolvidos não o fizeram.
Conselho de Segurança
Com os Estados Unidos ignorando uma função para a ONU no Iraque pós-guerra, Blix foi convidado para falar ao Conselho de Segurança hoje sobre sua disposição em mandar os especialistas de volta.
Blix, acusado por Washington de não ter descoberto provas das armas proibidas de Bagdá, principal motivo para a invasão do Iraque, pode ser a chave para o levantamento das sanções econômicas, objetivo do presidente George W. Bush.
A maioria dos membros do Conselho de Segurança, incluindo os aliados norte-americanos e britânicos, acha que os inspetores da ONU precisam verificar quaisquer armas de destruição em massa encontradas no Iraque antes do levantamento das sanções.
O governo Bush argumenta que o sistema de sanções, imposto após o Iraque ter invadido o Kuait, em 1990, foi estabelecido contra um governo que já não existe.
Autoridades americanas querem mandar, em vez de Blix, ex-inspetores dos EUA, Reino Unido e Austrália para inspecionar armas descobertas.
Muitos diplomatas argumentam que os Estados Unidos terão dificuldade em convencer a opinião mundial da existência de armas químicas, biológicas, nucleares ou balísticas sem verificação neutra.
Com agências internacionais
Especial
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