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22/04/2003
-
10h29
especial para Folha Online, em Tel Aviv
O Iraque e seus 5.000 anos de história, considerado o berço da civilização, deverá ser, a partir de setembro, a nova opção turística dos israelenses. A queda do ditador Saddam Hussein e as novas regras a serem implantadas no território iraquiano poderão abrir espaço também para os turistas israelenses, que antes eram proibidos de entrar no país.
A idéia de fazer turismo no Iraque é do historiador Arieh Itzhaki, 58, que já se prepara para levar o primeiro grupo de visitantes à "terra de Saddam". O país que já abrigou uma das maiores comunidades judaicas do Oriente Médio, estimada em 100 mil pessoas, não tem relações com Israel desde a criação de seu Estado, em 1948.
Em entrevista concedida à Folha Online, Itzhaki disse que o roteiro de viagem é composto por oito dias e sete noites, ao custo de US$ 800. A viagem inclui vários pontos de grande importância para o judaísmo: a sinagoga de Bagdá, a cidade de Ur -local em que teria nascido o patriarca Abraão (considerado o primeiro judeu da história)-, os parques arqueológicos do império da Babilônia, museus e palácios iraquianos.
"Se houver permissão dos americanos, poderemos visitar também os abrigos subterrâneos de Saddam", diz Itzhaki.
Mas a "exploração" israelense do território iraquiano não deve ser uma tarefa fácil, já que tampouco existe permissão do Ministério da Relações Exteriores de Israel que dê respaldo à iniciativa.
Apesar disso, o historiador e guia turístico diz acreditar que dentro de três ou quatro meses, após o fim da "anarquia" que se instalou no Iraque depois da invasão dos EUA, os soldados norte-americanos consigam impor uma nova ordem e o país retorne a sua vida normal.
Levar israelenses para conhecer o Iraque não é a primeira iniciativa ousada de Itzhaki. Em 1981, o guia organizou um roteiro turístico para o Egito, após os acordos de Camp David (1979), firmados entre o egípcio Anuar Sadat e o israelense Menachem Begin, que marcaram o início de uma nova fase. Sadat foi assassinado em 1981 durante um desfile militar no Egito.
Após a assinatura do acordo e com as fronteiras abertas, Itzhaki foi um dos primeiros guias a levar um grupo de israelenses para visitar as pirâmides. O mesmo aconteceu após o acordo de paz entre Israel e a Jordânia, em 1994.
Itzhaki considera que as opções históricas do Iraque deverão atrair três grupos diferentes de visitantes: os judeus que nasceram lá, imigraram para Israel e poderão aproveitar esta oportunidade para visitar sua terra natal; professores, historiadores e arqueólogos e, por fim, turistas que querem visitar o Iraque por simples curiosidade.
Apesar dos plano, Itzhaki deve esperar o fim do verão para fazer a sua primeira viagem ao Iraque, já que durante os meses de julho e agosto o calor em Bagdá pode ultrapassar os 40 graus e dificultar os passeios.
Sua intenção é ver de perto as atrações e avaliar os prejuízos materiais causados pelos bombardeios dos EUA contra o país e posteriormente pelo vandalismo em várias regiões do Iraque.
"O Museu Nacional e a biblioteca há tempos estavam sendo saqueados. Primeiro pelos ladrões que roubaram peças com o objetivo de enriquecer ainda mais o acervo de grandes museus espalhados pela Europa, e agora pela população que saqueou e destruiu o país durante o ataque das tropas americanas", afirma Itzhaki.
Ele diz acreditar que os iraquianos tentarão vender as peças roubadas e que muitos estudiosos não perderão a oportunidade de obtê-las e levá-las a museus.
Na opinião de Itzhaki, os grupos de turistas israelenses só partirão em direção ao Iraque quando a ordem for restabelecida, apesar disso, o acompanhamento de policiais iraquianos durante todo o percurso turístico faz parte dos planos do guia.
"Precisamos de segurança e tranquilidade para desfrutar de tantas atrações. O Iraque é um dos principais países turísticos do mundo em se tratando de arqueologia" explica. Segundo suas pesquisas, apesar do regime de Saddam, 700 mil turistas visitaram o Iraque nos últimos anos, entre eles alemães, franceses, ingleses e americanos que foram em busca de história.
Atualmente a comunidade judaica do Iraque se reduz a menos de 50 pessoas. São idosos que não tiveram como fugir do regime de Saddam. A maioria conseguiu chegar a Israel antes dos anos 50, aproveitando as ondas imigratórias da Europa atacada pelo regime nazista.
"Os que ficaram não tiveram mais como fugir após a ascensão de Saddam ao poder, em 1979. São velhos que aos poucos estão morrendo e desta forma colocarão um ponto final na comunidade judaica local", diz Itzhaki.
Especial
Saiba mais sobre o conflito no Oriente Médio
Turismo no Iraque fará sucesso entre israelenses, diz historiador
BIANCA KESTENBAUM BANAIespecial para Folha Online, em Tel Aviv
O Iraque e seus 5.000 anos de história, considerado o berço da civilização, deverá ser, a partir de setembro, a nova opção turística dos israelenses. A queda do ditador Saddam Hussein e as novas regras a serem implantadas no território iraquiano poderão abrir espaço também para os turistas israelenses, que antes eram proibidos de entrar no país.
A idéia de fazer turismo no Iraque é do historiador Arieh Itzhaki, 58, que já se prepara para levar o primeiro grupo de visitantes à "terra de Saddam". O país que já abrigou uma das maiores comunidades judaicas do Oriente Médio, estimada em 100 mil pessoas, não tem relações com Israel desde a criação de seu Estado, em 1948.
Em entrevista concedida à Folha Online, Itzhaki disse que o roteiro de viagem é composto por oito dias e sete noites, ao custo de US$ 800. A viagem inclui vários pontos de grande importância para o judaísmo: a sinagoga de Bagdá, a cidade de Ur -local em que teria nascido o patriarca Abraão (considerado o primeiro judeu da história)-, os parques arqueológicos do império da Babilônia, museus e palácios iraquianos.
"Se houver permissão dos americanos, poderemos visitar também os abrigos subterrâneos de Saddam", diz Itzhaki.
Mas a "exploração" israelense do território iraquiano não deve ser uma tarefa fácil, já que tampouco existe permissão do Ministério da Relações Exteriores de Israel que dê respaldo à iniciativa.
Apesar disso, o historiador e guia turístico diz acreditar que dentro de três ou quatro meses, após o fim da "anarquia" que se instalou no Iraque depois da invasão dos EUA, os soldados norte-americanos consigam impor uma nova ordem e o país retorne a sua vida normal.
Levar israelenses para conhecer o Iraque não é a primeira iniciativa ousada de Itzhaki. Em 1981, o guia organizou um roteiro turístico para o Egito, após os acordos de Camp David (1979), firmados entre o egípcio Anuar Sadat e o israelense Menachem Begin, que marcaram o início de uma nova fase. Sadat foi assassinado em 1981 durante um desfile militar no Egito.
Após a assinatura do acordo e com as fronteiras abertas, Itzhaki foi um dos primeiros guias a levar um grupo de israelenses para visitar as pirâmides. O mesmo aconteceu após o acordo de paz entre Israel e a Jordânia, em 1994.
Itzhaki considera que as opções históricas do Iraque deverão atrair três grupos diferentes de visitantes: os judeus que nasceram lá, imigraram para Israel e poderão aproveitar esta oportunidade para visitar sua terra natal; professores, historiadores e arqueólogos e, por fim, turistas que querem visitar o Iraque por simples curiosidade.
Apesar dos plano, Itzhaki deve esperar o fim do verão para fazer a sua primeira viagem ao Iraque, já que durante os meses de julho e agosto o calor em Bagdá pode ultrapassar os 40 graus e dificultar os passeios.
Sua intenção é ver de perto as atrações e avaliar os prejuízos materiais causados pelos bombardeios dos EUA contra o país e posteriormente pelo vandalismo em várias regiões do Iraque.
"O Museu Nacional e a biblioteca há tempos estavam sendo saqueados. Primeiro pelos ladrões que roubaram peças com o objetivo de enriquecer ainda mais o acervo de grandes museus espalhados pela Europa, e agora pela população que saqueou e destruiu o país durante o ataque das tropas americanas", afirma Itzhaki.
Ele diz acreditar que os iraquianos tentarão vender as peças roubadas e que muitos estudiosos não perderão a oportunidade de obtê-las e levá-las a museus.
Na opinião de Itzhaki, os grupos de turistas israelenses só partirão em direção ao Iraque quando a ordem for restabelecida, apesar disso, o acompanhamento de policiais iraquianos durante todo o percurso turístico faz parte dos planos do guia.
"Precisamos de segurança e tranquilidade para desfrutar de tantas atrações. O Iraque é um dos principais países turísticos do mundo em se tratando de arqueologia" explica. Segundo suas pesquisas, apesar do regime de Saddam, 700 mil turistas visitaram o Iraque nos últimos anos, entre eles alemães, franceses, ingleses e americanos que foram em busca de história.
Atualmente a comunidade judaica do Iraque se reduz a menos de 50 pessoas. São idosos que não tiveram como fugir do regime de Saddam. A maioria conseguiu chegar a Israel antes dos anos 50, aproveitando as ondas imigratórias da Europa atacada pelo regime nazista.
"Os que ficaram não tiveram mais como fugir após a ascensão de Saddam ao poder, em 1979. São velhos que aos poucos estão morrendo e desta forma colocarão um ponto final na comunidade judaica local", diz Itzhaki.
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