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27/04/2003 - 08h18

Conturbado, Paraguai elege presidente hoje

ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, em Assunção

Cerca de 2,4 milhões de paraguaios vão hoje às urnas para escolher um novo presidente, após um período de quatro anos nos quais houve o assassinato de um vice-presidente, a renúncia de um presidente, tentativas de golpe, protestos populares e, principalmente, muitas denúncias de corrupção. As perspectivas de mudança nesse quadro, porém, não são promissoras.

O Paraguai vive hoje uma de suas mais graves crises econômicas, a sensação de impunidade sobre a corrupção é crescente, e o presidente, Luis González Macchi, é reprovado, segundo as pesquisas, por 9 em 10 paraguaios.

Se um quadro como esse fosse mostrado a um analista político como exemplo geral, certamente ele diria que a oposição estaria com meio caminho andado para vencer a eleição. No Paraguai, porém, a situação é diferente.

Segundo uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal "ABC Color", o favorito para vencer a eleição de hoje é o ex-jornalista e ex-ministro Nicanor Duarte Frutos, membro do Partido Colorado, assim como o atual presidente. O partido está no poder ininterruptamente desde 1947, na mais longa hegemonia partidária vigente hoje no mundo.

Duarte teria, segundo a pesquisa, 40,1% das intenções de votos, seguido pelo ex-empresário Pedro Fadul, com 29,2%, e o ex-vice-presidente Julio César Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico, com 16,2%.

A hegemonia colorada é apontada, em parte, como responsável pela disseminação da corrupção, hoje considerada parte indissociável da cultura política do país. Segundo um ranking publicado no ano passado pela organização não-governamental Transparência Internacional, o Paraguai é hoje o país mais corrupto em toda a América Latina.

Mas não é só a corrupção que faz do trabalho do próximo presidente uma tarefa hercúlea. A atual crise econômica do país é considerada a mais grave dos últimos 50 anos. A renda per capita está em seu menor nível em duas décadas.

O guarani, a moeda local, caiu mais de 40% em relação ao dólar no último ano, e cerca de 18% dos paraguaios estão desempregados. Com seguidos déficits fiscais, o país ganhou a desconfiança do mercado internacional sobre sua capacidade de pagar sua dívida pública, de US$ 7,2 bilhões.

A todos esses problemas se soma a grande instabilidade política. Passados 14 anos do fim da ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989), também um membro do Partido Colorado, a democracia paraguaia parece ainda engatinhar.

O atual presidente, González Macchi, assumiu o poder em abril de 1999, após a renúncia do presidente, Raúl Cubas Grau, provocada pelos protestos populares pelo assassinato do vice-presidente, Luís María Argaña.

Apesar de a Constituição prever novas eleições em casos como esse, uma decisão controvertida da Justiça permitiu a González Macchi terminar o mandato de cinco anos de Cubas, que terminaria no próximo dia 15 de agosto.

Com a legitimidade contestada, González Macchi foi alvo de protestos, tentativas de golpe e um processo de impeachment por corrupção, derrubado por pequena margem pelo Senado em fevereiro.

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