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Irã anuncia teste de míssil e nega recuo em programa nuclear
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da Folha Online
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, reiterou nesta quarta-feira que não pretende interromper o polêmico programa nuclear de seu país, mesmo sob o risco de ser submetido a novas e mais rígidas sanções internacionais. O recado ganhou força com o anúncio, pouco antes, do lançamento de um míssil Sejil 2, de tecnologia avançada com alcance de até 2.000 quilômetros e capaz de atingir Israel e as bases americanas no golfo Pérsico.
Veja os principais momentos do programa espacial iraniano
Em discurso na província de Semnan, no norte do Irã, ahmadinejad afirmou que as potências ocidentais deixaram claro os planos de reforçar as resoluções de sanções no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Bagher Nassir/AP |
Apoiadores jogam flores durante visita do presidente Ahmadinejad a Semnan |
"Eles acreditam que isso fará com que recuaremos, mas isso não acontecer", ressaltou Ahmadinejad. "Eu disse a eles que podem adotar cem sanções, mas nada vai mudar".
No início de 2006, o Irã retomou suas atividades de enriquecimento de urânio sob duras críticas dos países ocidentais. As potências acusam Teerã de usar o programa para fabricar armas nucleares, acusação que Ahmadinejad nega.
Desde então, o presidente linha-dura, que tenta a "[reeleição]": este ano, negou inúmeras vezes qualquer recuo no seu programa e resistiu às pressões pela desnuclearização --incluindo cinco resoluções do Conselho de Segurança, três delas impondo sanções.
Míssil
No mesmo discurso, o presidente, citado pela agência iraniana Irna, afirmou que o país lançou com sucesso um míssil terra-terra com alcance de cerca de 2.000 km.
"O míssil Sejil 2, que possui uma avançada tecnologia, foi lançado hoje (...) e caiu exatamente no alvo", disse Ahmadinejad. "Hoje, a República Islâmica conseguiu um novo marco no que diz respeito à fabricação de foguetes. É um novo e grande êxito da Organização Aeroespacial Nacional."
Reuters | ||
Imagem da TV mostra o míssil iraniano Sejil 2 cujo lançamento foi anunciado nesta quarta-feira pelo presidente |
"Este combustível o torna mais potente. Primeiro é lançado, e antes de atravessar a atmosfera perde uma de suas partes, enquanto a outra alcança o ponto aonde tem de chegar", explicou o presidente.
O Irã colocou em órbita seu primeiro satélite de comunicações de fabricação integralmente nacional em fevereiro, fato que disparou o alarme sobre os avanços obtidos em seu programa de mísseis balísticos. A República Islâmica nunca negou que fabrica mísseis de longo alcance, e até mesmo confirmou que tem em seus arsenais alguns como o Sejil 2.
Em novembro, o país informou também ter testado um míssil Sejil, descrevendo-o como uma nova geração de mísseis terra-terra (lançados da terra contra alvos em terra ou no mar). Teerã disse estar pronto para se defender contra qualquer agressor.
A comunidade internacional, com os Estados Unidos, Israel e as principais potências europeias na liderança, temem que o regime de Teerã esconda, sob seu programa nuclear civil, um suposto projeto militar.
Diálogo
O Irã sofre um estrito embargo de armas internacional há três décadas, mas as sanções não impediram que desde 1992 tenha iniciado um bem-sucedido programa nacional de armas.
Atualmente, diante de grande pressão internacional, o presidente americano, Barack Obama, tenta deter o avanço do programa nuclear por meios pacíficos.
Recentemente, o Grupo dos Seis --que reúne os cinco membros permanentes do conselho (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha--, ofereceu ao Irã renegociar estas resoluções em troca de cooperação na desnuclearização.
Durante encontro nesta semana com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, Obama adotou um tom menos diplomático e estabeleceu prazo até o fim do ano para avanço na proposta de diálogo.
Obama não descartou que, caso as discussões permaneçam travadas, os EUA adotem novas medidas coercitivas e "sanções internacionais muito mais enérgicas".
Israel pressiona os EUA para ajudar a "deter" o Irã com o argumento de que o país representa uma "ameaça global".
Com agências internacionais
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