Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/05/2003 - 16h15

Abismo entre países ricos e pobres dobra em 35 anos, diz ONG

da Folha Online

Enquanto a economia global cresceu sete vezes desde 1950, a disparidade per capita entre os 20 países mais ricos e os 20 mais pobres mais que dobrou entre 1960 e 1995. O dado faz parte do relatório "Sinais Vitais 2003", publicado anualmente pela ONG WorldWatch Institute, baseada em Washington (EUA), e dá embasamento a uma idéia renovada em tempos de "guerra contra o terrorismo": a diferença econômica ameaça a estabilidade mundial.

"O fracasso em reduzir os níveis de pobreza está agora contribuindo para a instabilidade global na forma de guerras, terrorismo e doenças contagiosas", disse o diretor da equipe que produziu o material, o especialista alemão em conflitos Michael Renner. "Um mundo instável não apenas perpetua a pobreza, mas ameaça a prosperidade que a minoria rica usufrui."

Como exemplo, a ONG cita a Colômbia, onde os fazendeiros deixam de produzir alimentos para plantar coca por não terem condições de competir com importados mais baratos, cultivados em massa pelas nações mais ricas. O país latino-americano é o maior produtor mundial de cocaína, atividade apoiada por grupos guerrilheiros, e seu principal mercado são os Estados Unidos.

Ameaça ambiental

O relatório, que é produzido em parceira com o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), também relaciona o aumento dos níveis de pobreza com a degradação ambiental.

Um quarto dos 50 conflitos armados registrados nos últimos anos envolveu o domínio de recursos naturais, em que uma elite econômica ou um grupo étnico controlava o acesso. "É quase impossível assegurar paz duradoura quando desigualdades maciças existem e os sistemas naturais que nos suportam são ameaçados", disse o diretor-executivo do Pnuma, Klaus Töpfer.

Nos últimos anos, desastres climáticos atingiram com especial intensidade os cidadãos mais pobres. Em 2002, mais de 150 mil quenianos foram desalojados por causa das chuvas, enquanto 800 mil chineses eram afetados pela seca mais severa registrada em cem anos. Segundo a ONG, cerca de 10 milhões de pessoas, em duas décadas, migraram de Bangladesh para a Índia por causa de eventos relacionados com o ambiente.

A pobreza e a degradação do meio provocam deficiência no tratamento da saúde e na prevenção de doenças. A falta de água potável e saneamento básico é responsável pela morte de 1,7 milhão de pessoas todos os anos --e 90% delas são crianças. Doenças infecciosas, como a malária, matam duas vezes mais pessoas anualmente do que o câncer.

"As tragédias humanas mostram que o progresso social e ambiental não são luxos, os quais podem ser deixados de lado enquando o mundo passa por problemas econômicos e políticos", afirmou o presidente do Worldwatch Institute, Christopher Flavin.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página