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22/06/2009 - 19h17

Vídeo amador transforma jovem morta no Irã em símbolo de protestos

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colaboração para a Folha Online

Morta por um tiro durante os protestos de sábado contra as supostas fraudes na eleição presidencial do Irã, a jovem iraniana identificada como Neda transformou-se símbolo da maior onda de protestos no país desde a Revolução Islâmica, que derrubou o xá Reza Pahlevi e levou o clero ao poder. Aos poucos, informações sobre sua vida também começam a ser conhecidas.

Assista ao vídeo com a morte de Neda (Atenção: contém imagens fortes)

A combinação da tradição de homenagem aos mártires que remonta à origem do xiismo --o ramo do islã predominante no Irã-- com as ferramentas de internet adotadas pelos manifestantes teve o efeito de dar a Neda o status de heroína instantânea dos protestos e exemplo da repressão imposta pelo governo e pela milícia Basij --grupo leal ao governo e ligado à Guarda Revolucionária.

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Capturadas por uma câmera, provavelmente de um celular, as imagens de seus últimos momentos --o sangue cobrindo o rosto, um homem que seria seu pai e outras pessoas a socorrendo em desespero-- foram exibidas milhões de vezes no site de vídeos Youtube e replicadas pela rede de microblogs Twitter e por blogs de todo o mundo.

Em seguida, as redes de TV internacionais exibiram as cenas, alimentando toda a cadeia de replicações. Em inglês, espanhol, alemão e farsi, milhares de mensagens dizem que a morte dela "não será em vão".

Neda é uma entre as pessoas que morreram nos protestos. A televisão estatal iraniana disse que dez pessoas foram mortas e mais de 100 feridas nas manifestações de sábado em Teerã, consideradas um desafio ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, que em sermão no dia anterior havia endossado a reeleição de Ahmadinejad. Ele disse que a oposição seria responsável pelo "banho de sangue" que poderia acontecer se as manifestações continuassem. Há informações não confirmadas de que houve mais de cem mortes desde o início dos protestos.

O escritório do procurador-geral de Teerã culpou "vândalos desconhecidos" pelas mortes. Segundo a rede estatal iraniana Press TV, a procuradoria disse que desconhecidos abriram fogo contra a multidão. Manifestantes acusam a polícia, e principalmente os basij pelas mortes.

Os detalhes sobre a vida de Neda têm emergido aos poucos e de forma fragmentada. Com a expulsão da imprensa estrangeira do país, a maior parte da cobertura independente da imprensa estatal tem sido feita por meio de redes sociais na internet, com informações cada vez mais dificilmente confirmáveis.

Um conhecido da família disse à agência Associated Press que Neda trabalhava em tempo parcial em uma agência de viagens iraniana. O conhecido falou em condição de anonimato porque teme represálias do governo.

O escritor brasileiro Paulo Coelho escreveu em seu blog em inglês que um dos homens que aparece socorrendo a jovem no vídeo é o seu "melhor amigo no Irã", um médico que ele conheceu ao visitar o país em 2000.

Testemunhas disseram que agentes de segurança impediram que o funeral dela fosse realizado, bloqueando as ruas de acesso a uma mesquita no centro de Teerã onde a cerimônia deveria acontecer.

"A polícia pintou com tinta spray os carros de quem insistia em seguir rumo à mesquita", disse uma testemunha.

A BBC entrevistou um rapaz que seria o noivo de Neda. Caspian Makan disse à BBC em persa que o nome completo dela era Neda Agha-Soltan. Ele afirmou que ela chegou acidentalmente ao meio dos protestos.

"Ela estava perto da área, a algumas ruas de distância de onde os principais protestos estavam acontecendo, perto da região de Amir Abad [bairro de Teerã]. Ela estava com seu professor de música, sentada em um carro e presa no tráfego", disse Makan à BBC. "Ela estava se sentindo muito cansada e com muito calor. Ela saiu do carro apenas por poucos minutos."

Outro vídeo, divulgado após as imagens da morte de Neda, mostra a jovem ao lado do homem identificado como seu pai. Os dois aparecem parados, observando manifestantes marcharem na rua.

A palavra Neda tem o significado de "voz" ou "chamado" em farsi, a língua persa que é a mais falada no Irã.

Comentários dos leitores
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Eu não duvido de nada, se os EUA em alguns anos, implantarem algumas bases de mísseis de longo alcance no Iraque, pois estão lá e tem mais de 100 mil soldados, agora lógico. A Russia esta fazendo o mesmo apoio ao Irã, Pra ser mais exato, a guerra fria ainda não acabou só mudou de época. Lógico com vantagem dos EUA, mas a Russia tem seus prô e contras, ainda tem tecnologia suficiente e possui o maior arsenal de bombas atômicas. EUA estão no paquistão não para combater o Taliban, estão presentes numa região que demanda conflitos eternos, e que sempre terá um para vender armas, e tecnologia. Sabemos de praxe Srs (as) que guerras são grande negócios, em valores astronômicos. Antes não se dava ênfase á aquela região, hoje em dia a região é estratégica para as super potencias, envolve muito dinheiro e conflitos a vista. Por isso tanto interesse e tanta movimentação bélica. sem opinião
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J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
RU treina soldados iraquianos para proteger seus poços de petróleo.
"O Parlamento iraquiano aprovou nesta terça-feira um acordo de cooperação marítima com o Reino Unido que permitirá o retorno de entre cem e 150 soldados britânicos ao sul do país árabe, para ajudar a treinar a Marinha iraquiana e proteger as instalações petrolíferas."
Este é o sinal obvio que os ingleses se apossaram das companhias de petróleo iraquianas após enforcarem Sadam Hussein e colocarem "testas de ferro e laranjas" da nova elite iraquiana. Como se não bastasse o exército iraquiano vigiará os poços para eles. Provavelmente, após o saque ao tesouro iraquiano, no lugar de ouro e outras moedas, os corsários os encheram de dólares cheirando a tinta. O Irã deve abrir bem os olhos, pois isso é o que é pretendido para eles também. É bom que a revolução dos aiatolás comece a educar seu povo maciçamente, a fim de não facilitar a invasão dos inimigos que sempre contam com que o povo esteja na ignorância.
1 opinião
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J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
Alguns não querem que o Brasil se aproxime do Irã, outros não querem que se aproxime do criminoso Israel, porém lembrem-se que estão num país que não tem rabo preso. O presidente do Irã virá, o ministro de Israel, Kadafi, Obama. Isso é liberdade e autodeterminação. De que adianta essa panacéia com relação ao mundo árabe? Nada. 1 opinião
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