Justiça anula absolvição de acusados por morte de jornalista russa

A Suprema Corte da Rússia anulou nesta quinta-feira a absolvição dos três homens acusados de ter ligação com o assassinato da jornalista Anna Politkovskaya em 2006 e ordenou a realização de um novo julgamento.

Um júri absolveu em fevereiro deste ano, por unanimidade, os homens suspeitos de ajudar no assassinato de Politkovskaya. A jornalista era uma crítica do Kremlin que escrevia sobre violação de direitos, o que levantou questionamentos sobre a determinação da Rússia de proteger a liberdade de expressão.

A decisão do Supremo respondeu a um recurso apresentado pela Promotoria, que alegou a existência de "infrações" durante o processo.

O juiz da Suprema Corte determinou assim que "a sentença da corte militar do distrito de Moscou [seja] cancelada e o caso enviado para novas oitivas na mesma corte".

Um atirador matou Politkovskaya na entrada de seu apartamento no centro de Moscou, em 7 de outubro de 2006. A jornalista, que nasceu em Nova York, em 1958, preparava um artigo sobre as torturas sistemáticas na Tchetchênia, que foi publicado pelos colegas cinco dias após sua morte.

O suposto assassino da jornalista, Rustam Makhmudov, se encontra em paradeiro desconhecido.

Depois de um mês de julgamento, um júri determinou que os irmãos de Makhmudov, Dzhabrail e Ibragim, não agiram como cúmplices no assassinato e inocentou também o ex-policial Servei Khadzhikurbanov da acusação de ter organizado o crime.

O quarto, o oficial dos serviços secretos Pavel Ryaguzov, foi processado por abuso de poder e extorsão.

Os advogados da família de Politkovskaya, uma dos jornalistas mais críticas ao Kremlin devido ao conflito na Tchetchênia, tinham denunciado várias vezes que, entre os acusados, não estavam todos os envolvidos no assassinato.

Os suspeitos tinham alegado inocência desde o fim de novembro de 2008, quando começou o processo, marcado por filtragens de dados da investigação e pela polêmica sobre o suposto papel dos serviços secretos russos.