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30/06/2009 - 07h41

Presidente interino nega golpe de Estado; polícia enfrenta apoiadores de Zelaya

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da Folha Online

Horas após confrontos violentos entre a polícia e manifestantes em apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou à Rádio Nacional que "não houve golpe de Estado e nem nada parecido" no país.

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Zelaya foi derrubado do poder neste domingo, em um golpe orquestrado pela Justiça e o Congresso e executado por um grupo de militares que o expulsaram para a Costa Rica, provocando uma condenação mundial unânime.

Reuters-29jun.09
Presidente deposto, Manuel Zelaya (esq.), conversa com colega venezuelano Chavez
Presidente deposto, Manuel Zelaya (esq.), conversa com colega venezuelano Chavez

O golpe foi realizado horas antes de o país iniciar uma consulta pública sobre um referendo para reformar a Constituição. O presidente deposto queria incluir o referendo sobre a convocação da Assembleia Constituinte --que, segundo críticos, era uma forma de Zelaya instaurar a reeleição presidencial no país-- nas eleições gerais de 29 de novembro. A proposta, contudo, foi rejeitada pelo Congresso.

Os parlamentares afirmaram que a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei e desrespeito a ordens e decisões das instituições". O presidente deposto defendeu-se dizendo ser vítima de "um complô de uma elite voraz, uma elite que só quer manter o país isolado, em um nível extremo de pobreza".

Em entrevista nesta terça-feira, Micheletti afirmou à rádio que a mudança de poder em Honduras se trata apenas de "uma sucessão constitucional". Ele tenta convencer a comunidade internacional --unânime em condenar o ocorrido-- que a retirada de Zelaya está dentro da lei. O argumento, contudo, não convenceu nem a ONU (Organização das Nações Unidas) nem a OEA (Organização dos Estados Americanos), que fazem nesta terça-feira um esforço diplomático para tentar levar Zelaya de volta ao poder.

"Em nenhum momento quebramos a ordem constitucional, é uma sucessão constitucional que fizemos através do Congresso nacional e isso é permitido na Constituição", disse Micheletti, cuja rápida nomeação como presidente interino espantou analistas e causou suspeitas de um golpe de Estado planejado há certo tempo.

Protestos e violência

Esteban Felix-29jun.09/AP
Policiais utilizam jato para dispersar protesto no palácio presidencial da capital Tegucigalpa
Policiais utilizam jato para dispersar protesto no palácio presidencial da capital Tegucigalpa

A derrubada de Zelaya causou protestos não apenas da comunidade internacional, mas de hondurenhos que saíram às ruas nesta segunda-feira para pedir seu retorno.

Os protestos foram contidos pelos militares responsáveis pela vigilância da Casa Presidencial de Honduras. O incidente deixou vários feridos, segundo relatam testemunhas e um fotógrafo da agência internacional France Presse. Não há dados oficiais sobre o número de feridos.

"Há distúrbios, a polícia está reprimindo... Houve disparos e temos vários feridos", disse o fotógrafo. "Os militares estão atirando à vontade" para desalojar centenas de manifestantes que se reuniram diante da Casa Presidencial, em Tegucigalpa, completou.

Imagens de uma rede internacional de TV mostraram manifestantes lançando pedras contra a polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e veículos hidrantes.

Dezenas de jovens, armados com barras de ferro e pedaços de pau, estavam concentrados desde cedo diante da Casa Presidencial para exigir o regresso de Zelaya.

Além da capital Tegucigalpa, ocorreram incidentes em San Pedro Sula, a segunda maior cidade do país, e em Progreso, onde duas pessoas foram baleadas.

Na capital, o protesto teve início na avenida João Paulo 2º, na zona da Casa Presidencial, onde os manifestantes isolaram cerca de 200 metros da via com barricadas e pneus queimados.

"Estamos esperando o presidente Mel [Zelaya], o único", disse um dos manifestantes, com o rosto coberto e armado com barra de ferro.

Muitos manifestantes desafiaram o toque de recolher imposto por Micheletti, válido das 21h às 6h, e passaram a noite na avenida.

Juan Barahona, dirigente da central operária FUTH, disse que foi convocada uma greve geral e manifestações em todo o país para exigir a volta de Zelaya.

O governo não deu declarações, até o momento, sobre estes incidentes e a imprensa hondurenha está dando informações limitadas sobre os enfrentamentos.

Retorno

Zelaya disse nesta segunda-feira que pretende retornar ao país nesta semana, acompanhado pelo secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza.

Zelaya disse que vai aceitar uma oferta pela do secretário-geral da OEA para voltar ao país com ele. O presidente deposto disse que pretende fazer a viagem na próxima quinta-feira.

Ele falou nesta segunda-feira na Nicarágua, durante uma reunião de líderes latino-americanos esquerdistas da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) para discutir o golpe de domingo.

Participantes do encontro, os presidentes de Nicarágua, El Salvador e Guatemala anunciaram nesta segunda em Manágua o fechamento das fronteiras comerciais terrestres com Honduras durante 48 horas, como medida de pressão para que o Zelaya seja reconduzido ao cargo.

Com agências internacionais

Comentários dos leitores
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Sobre o comentário do nosso estimado Diplomata, dizendo ele, que o nosso país inspira o desarmamento mundial; apenas brinco: "Nosso Amorim é um gozador!... sem opinião
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sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
como tem pirado escrevendo e enviando os seus comentários. os textos chegam ser manifestações de humorismo involuntário.
Peço àqueles que discordam das bobagens escritas, sejam condescentes com os pirados da silva.
Pai, perdoi, eles não sabem o que escrevem. Descansem em paz, pirados.
sem opinião
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John Reed (41) 02/02/2010 03h21
John Reed (41) 02/02/2010 03h21
A realidade é inexorável.
Ideologias fajutas não passam de blá-blá-blá porque são míopes para enxergar qualquer coisa. Mas certamente não querem ver nada porque acham que já pensaram em tudo. Aí quando a realidade contraria a 'verdade' ideológica as coisas começam a ficar violentas.
Já viu uma criança contrariada? Pois é. Parece que o brinquedo favorito do Coronel Presidente Hugo Chávez se recusa a funcionar como ele deseja. E isso acaba refletindo em alguns nesse fórum, que contrariados produzem textos violentos tanto no estilo quanto no conteúdo.
Uma política carioca, médica, disse (isso ninguém me contou), no ocaso dos países comunista pós Muro, que o ideal e modelo de país a ser seguido eram os da Albânia. Caramba! Isso tem 20 anos.
É pra dar medo: o que a crença em ideologias ou dogmas pode fazer com uma pessoa culta e inteligente. Como já disse, a realidade é desagradavelmente real para alguns.
2 opiniões
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