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28/07/2003 - 10h19

Resgate frustrado de Betancourt gera divisões no governo francês

ANTÓNIO RODRIGUEZ
da France Presse, em Paris

O frustrado resgate de Ingrid Betancourt, a ex-senadora colombiana refém das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há 17 meses, causou divisões dentro do governo francês, principalmente entre a Chancelaria e o Ministério do Interior, que lamentou não ter sido informado sobre a operação, conforme afirma hoje a imprensa francesa.

A polêmica causada pelo avião militar francês enviado a Manaus (AM) em 9 de julho, um dia depois de o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, concluir sua terceira visita este ano a Paris e uma semana depois de a chanceler colombiana, Carolina Barco, também se reunir com seu colega francês, Dominique de Villepin, ganhou dimensões políticas este final de semana.

Reuters
Ingrid Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia sequestrada pelas Farc
O envio do avião, com agentes secretos a bordo, "semeou discórdias entre a Chancelaria e o Ministério do Interior", afirma hoje o jornal "Liberation" (esquerda), em sua primeira página.

O jornal de direita "Le Figaro" compartilha a mesma opinião: "O caso causou certa agitação entre a presidência, a chefia de governo, a Chancelaria e o Ministério do Interior".

A imprensa francesa questionou se Villepin tomou a decisão de enviar o avião --supostamente a pedido da família Betancourt-- sem consultar previamente o presidente, Jacques Chirac, o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin e, principalmente, seu colega do Interior, Nicolás Sarkozy, que visitou a Colômbia na terça-feira (22).

A publicação na sexta-feira (25) de um artigo no "Le Monde", afirmando que Chirac não havia sido avisado da operação, desencadeou uma série de reações contraditórias.

Como recordou "Le Figaro", Chirac, que estava então em Nova Caledônia, no oceano Pacífico, declarou, em princípio, não ter sido informado do caso.

Sua porta-voz, Catherine Colonna, no entanto, retificou horas depois essa declaração, dizendo que o chefe de Estado havia consentido a polêmica operação. No Marrocos, o primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, também tentou abafar a polêmica, afirmando que a decisão havia sido tomada "no mais alto nível do Estado".

Mal-entendido

Quem não disse absolutamente nada foi Sarkozy. Segundo o "Liberation", o ministro do Interior, surpreendido pela polêmica durante sua visita de dois dias à Colômbia, não gostou do fato de "ter de fazer o trabalho sujo" e "não ter sido alertado com antecipação".

"Se houve um mal-entendido, foi entre a Chancelaria e o Ministério do Interior", afirmou o jornal.

O "Monde" recordou este final de semana que Villepin e Sarkozy não se dão muito bem e disse que os assessores do chanceler acusam o ministro do Interior de ter vazado informações para a imprensa.

O próprio Villepin teve de desmentir essa versão. Em entrevista transmitida ontem pelo canal estatal France 2, o chanceler assegurou que obteve a aprovação do presidente e do primeiro-ministro.

Em meio a tantas versões, a única coisa certa é que Villepin conta com o apoio incondicional da família Betancourt, que se converteu em sua melhor aliada.

A mãe da ex-senadora, Yolanda Pulecio, a irmã, Astrid Betancourt, o ex-marido Fabrice Delloye, a filha Melanie, todos afirmaram que o avião tinha uma missão exclusivamente humanitária e negaram que o governo francês mantenha algum tipo de relação com as Farc.

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