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15/08/2003 - 21h13

Disposição das Farc para diálogo anima Igreja Católica

da France Presse, em Bogotá

O anúncio das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) de que estão dispostas a receber um representante da Igreja foi interpretado por líderes católicos colombianos como um gesto que abre as portas ao diálogo, motivo pelo qual buscarão marcar uma reunião com chefes da guerrilha.

Raúl Reyes, porta-voz das Farc, disse numa entrevista à France Presse divulgada ontem que o grupo está disposto a se reunir com um representante da Igreja, com a condição de que este não esteja representando o governo.

''As Farc não podem receber ninguém do governo, e não vão receber porque o que o governo ofereceu é guerra; [mas] se a Igreja tem interesse em conversar com as Farc como Igreja, para facilitar um processo, isso é diferente do que fazer em nome do governo'', disse Reyes. ''Bem-vindo o representante da Igreja que deseje conversar conosco e conhecer o interesse que temos na solução dos problemas que afetam a Colômbia'', acrescentou.

A declaração do porta-voz foi bem recebida hoje pelo vice-presidente da Conferência Episcopal, monsenhor Augusto Castro, e pelo padre Darío Echeverri, que foram encarregados pelo presidente Alvaro Uribe, em janeiro passado, de buscar com as Farc um acordo que permitisse a troca de 70 sequestrados por rebeldes presos.

A comissão formada por Uribe foi ignorada em fevereiro pelo movimento rebelde, que exigiu a integração de um grupo de ''alto nível'' com membros do governo.

''Recebemos com muita satisfação a mensagem de Reyes. Acho que ela já representa a abertura de portas ao diálogo'', disse o monsenhor Castro, assinalando que o líder rebelde ''quer que dialoguemos não representando o governo, e sim como membros da Igreja, o que faremos com muito prazer''.

O religioso acrescentou que, após a declaração de Reyes, ele e o padre Echeverri tentarão marcar uma reunião com o porta-voz rebelde, sobre o tema da troca humanitária.

''Faltava esta manifestação explícita, que vemos como tão positiva. Evidentemente, estamos ativíssimos para conseguir que se avance segundo estes mesmos critérios'', indicou o bispo. ''A Igreja estará disponível no momento e local que o grupo julgar convenientes'', comentou o padre Echeverri.

O presidente da Conferência Episcopal, cardeal Pedro Rubiano, reiterou seu chamado para que as Farc, em um gesto de paz, libertem os militares que estão há até seis anos em cativeiro. ''Mais do que palavras, são necessárias ações'', destacou.

Monsenhor Castro antecipou que o principal objetivo de uma eventual reunião com as Farc --maior guerrilha do país, com 17 mil combatentes-- será o acordo humanitário, sobre o qual governo e guerrilha mantêm grandes divergências.

O religioso destacou que as diferenças deverão ser resolvidas na mesa de negociação, e que isto inclui a exigência das Farc de que o governo desmilitarize um vasto território no sul do país, para que seja feita a troca de reféns por rebeldes.

O bispo previu que as negociações serão apoiadas por Uribe, ''que, apesar dos termos muito duros que usou para se referir às guerrilhas, entende que estas são organizações com objetivos políticos (...) Se fossem delinquentes comuns, não estaríamos metidos nesta tarefa'', afirmou.

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