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26/08/2003 - 20h16

Aliança entre Farc e ELN preocupa analistas colombianos

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da France Presse, em Bogotá

Uma carta conjunta das guerrilhas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, maior guerrilha da Colômbia) e do ELN (Exército de Libertação Nacional, segunda maior guerrilha da Colômbia) na qual fecham a porta a qualquer diálogo com o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, foi recebida com preocupação no país, onde analistas consideraram que uma aliança entre os dois grupos rebeldes pode gerar uma escalada do conflito.

Ontem, os dois grupos emitiram um comunicado de seus dois comandos centrais, afirmando que não levarão a cabo "nenhum processo de aproximação" com o governo de Uribe para um diálogo de paz.

As Farc, que têm 17 mil homens e o ELN, com 4.500 membros, disseram que consideram o "atual governo de Uribe Vélez inimigo da paz".

As duas guerrilhas afirmaram que vão persistir conjuntamente em sua exigência ao governo de um projeto de lei de troca de sequestrados por rebeldes que estejam presos.

Mais do que a mensagem, repetida pelos dois grupos ao longo do ano de governo de Uribe, os analistas consideram importante o fato de as duas guerrilhas terem emitido um texto conjunto assinado por seus comandos centrais pela primeira vez desde meados da década passada.

"Aliança para a guerra"

Para o analista de esquerda León Valencia, no começo do governo de Uribe, em agosto de 2002, o ELN tinha uma posição ambígua que fazia pensar na possibilidade tanto de iniciar um processo de paz --iniciativa que fracassou -- como de se envolver na guerra com as Farc.

"Esse comunicado conjunto me parece grave porque ganhou a segunda opção, a opção de se aliar seriamente com as Farc para se envolver mais profundamente na guerra", afirmou Valencia.

"O ELN traz ao conflito e às Farc uma experiência longa em operatividade urbana, em explosivos. Traz maior agilidade política, que antes não se havia visto nos quadros deles, e ao mesmo tempo as Farc lhes dão segurança econômica, e uma dinâmica militar maior. Vejo uma aliança para a guerra, e vejo isso com muita preocupação", acrescentou.

O analista disse também que o comunicado pode significar que o "ELN escale o conflito humanitário para se envolver com a idéia de sequestrar pessoas".

Nova etapa

Para Augusto Ramírez, ex-chanceler e especialista em assuntos humanitários, "o que é evidente é que termina uma etapa de consultas em que as Farc e o ELN estavam com o propósito de formar uma frente comum. Para ele, o comunicado "indica que efetivamente conseguiram superar dificuldades políticas que tinham entre si".

"Vamos ver se fazem ou não do ponto de vista estratégico operações conjuntas. Em algumas partes do país tinham conseguido harmonizar seus pontos de vista militar e tinham constituído causa comum contra as autodefesas, mas há menos de um ano também tinham tido confrontos militares entre si", afirmou.

O analista acrescentou que "não há dúvida de que é uma potencialização das forças da subversão e é preciso prestar atenção a esta nova etapa que começa na guerra na Colômbia".

O ex-ministro da Defesa e atual senador, Rafael Pardo, disse que o comunicado conjunto "é mais uma demonstração de unidade política do que militar das guerrilhas. É uma unificação de critérios políticos".

"O ELN não pode agir sozinho. A questão da negociação ou da não-negociação a colocam conjuntamente. E os dois grupos valorizam o tema da troca, como o principal passo nas relações com o governo. É uma aliança estratégica que não tínhamos tido antes", concluiu.

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