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29/09/2003 - 16h29

Guerrilha do ELN assume sequestro de estrangeiros na Colômbia

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da France Presse, em Bogotá

A guerrilha colombiana do ELN (Exército de Libertação Nacional) assumiu hoje o sequestro de oito estrangeiros realizado no dia 12 de setembro passado, em Sierra Nevada de Santa Marta (norte) e, em comunicado, responsabilizou o Exército e o governo pelo destino dos reféns.

"O Exército de Libertação Nacional da Colômbia deve se responsabilizar pela operação 'Allende Vive', no aniversário de 30 anos da morte do presidente chileno. Durante a operação foram capturados os estrangeiros de Sierra Nevada", diz a nota divulgada na internet.

A guerrilha do ELN realizou nos últimos quatro anos os sequestros em massa mais famosos da Colômbia.

No dia 12 de setembro, um grupo de excursionistas --quatro israelenses, dois britânicos, um espanhol e uma alemã-- foi sequestrado na Cidade Perdida, uma reserva indígena situada em Sierra Nevada, 950 km ao norte de Bogotá.

Um dos britânicos, Matthew Scott, fugiu pouco depois do sequestro após cair num precipício, iniciando uma travessia de 12 dias que terminou na terça-feira (23), quando foi encontrado.

Os sequestros em massa realizados pelo (ELN) nos últimos cinco anos deixaram cerca de 300 reféns. Cinco morreram em cativeiro.

Sequestros

No dia 20 de agosto de 2002 um comando rebelde também sequestrou 26 turistas no município de Bahía Solano (costa Pacífica), libertados nos meses seguintes.

Um dos sequestrados morreu sete dias depois devido a um infarto.

Membros do ELN sequestraram igualmente 80 pessoas no dia 17 de setembro de 2001 perto da cidade de Cali (sudoeste) --um dos sequestros mais trágicos realizados por esse grupo.

Na ação, três reféns morreram durante o primeiro mês de sequestro. O primeiro a morrer foi um médico, três dias depois de ser libertado e abandonado na floresta, com graves problemas de saúde.

Em seguida morreram outros dois homens, também por complicações de saúde. As demais pessoas foram soltas sucessivamente.

Outras 41 pessoas foram capturadas por um comando do ELN quando estavam num avião comercial entre as cidades de Bogotá e Bucaramanga (nordeste) no dia 12 de abril de 1999. Um dos sequestrados morreu dois meses depois devido a problemas cardíacos.

Os demais reféns foram soltos nos meses seguintes à ação.

O ELN --segunda guerrilha colombiana, com 4.000 membros-- também sequestrou no dia 30 de maio de 1999 150 fiéis numa igreja católica de Cali. Essas pessoas foram libertadas progressivamente, em alguns casos após o pagamento resgates milionários.

Negociação

O grupo rebelde afirmou certa vez que os sequestros em massa tinham como objetivo pressionar o início de negociações de paz, embora as autoridades denunciassem o seu caráter extorsivo.

Os rebeldes mantiveram diálogos exploratórios com o atual governo de Álvaro Uribe e o anterior de Andrés Pastrana (1998-2002), sem que se tenha consolidado o processo de paz.

O grupo insurgente anunciou que pretende reafirmar, com a operação "Allende Vive", seu "compromisso de conquistar a paz com justiça social, com um novo país e um novo governo, assim como buscar uma saída política para o conflito" colombiano.

A operação, segundo a nota divulgada pelos rebeldes, também foi realizada para denunciar "ao país e ao mundo" a situação em que vivem os moradores de Sierra Nevada que, segundo a guerrilha, sofrem a ação dos paramilitares da extrema direita --inimigos da insurgência-- e do Exército.

Os rebeldes pediram às Nações Unidas, a organismos governamentais e não governamentais de direitos humanos da Colômbia, aos Estados Unidos e países da Europa que "de maneira imediata" visitem a região para que constatem as "angústias, penalidades e injustiças" de que sofrem seus habitantes.

Estão em poder da guerrilha o britânico Mark Henderson, a alemã Reinhilt Weigel, o espanhol Asier Huegun e quatro israelenses: Beni Daniel, Ortaz Ohayon, Ido Joseph Guy e Erez Altawil.

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