Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/10/2009 - 08h42

Veja cronologia da crise política em Honduras

Publicidade

da Folha Online

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, continua refugiado na Embaixada do Brasil na capital Tegucigalpa desde que chegou, clandestinamente, ao país em 21 de setembro. Zelaya foi derrubado em 28 de junho em um golpe orquestrado pelo Congresso, Suprema Corte e Forças Armadas do país.

Veja cronologia da crise causada pelo golpe em Honduras

25 de junho

O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, aprofunda a crise política no país ao afirmar que vai ignorar uma decisão da Suprema Corte que lhe ordenou a readmissão do chefe do Estado Maior das Forças Armadas. O general Romeo Vasquez foi demitido por se opor à consulta popular sobre mudança na Constituição.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) convoca, a pedido do governo de Honduras, uma sessão extraordinária de seu conselho permanente para avaliar a crise política que opõe o presidente hondurenho a amplos setores da Justiça, das Forças Armadas e do Legislativo do país.

O presidente da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o nicaraguense Miguel d'Escoto, condena o que chamou de "tentativa de golpe de Estado" contra o presidente de Honduras.

Oswaldo Rivas-17jul.09/Reuters
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, diz que guerra civil já começou
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, diz que guerra civil já começou

26 de junho

Zelaya afirma que "a tensão" gerada após a destituição do chefe do Estado Maior das Forças Armadas foi "superada", enquanto o Parlamento debate a crise do país. Em meio a protestos, Zelaya organiza preparativos para a realização de um referendo sobre a reforma da Constituição.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pede que todos os atores políticos de Honduras alcancem uma solução de "diálogo" e "consenso" na crise que pôs o país da América Central à beira de um golpe de Estado.

Em reunião extraordinária sobre a crise política a OEA determina envio de uma comissão especial para analisar a situação e contribuir para o diálogo entre as partes em conflito.

27 de junho

Oposição do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, pede que hondurenhos não participem de referendo do dia seguinte sobre a reforma da Constituição.

28 de junho

No dia do referendo, Zelaya é detido por militares e levado para instalações da Força Aérea. Ele é enviado, ainda de pijamas, à Costa Rica em asilo político.

O presidente do Congresso de Honduras, Roberto Micheletti, assume a Presidência e diz que não houve golpe de Estado e que o processo que destituiu Zelaya do cargo foi "absolutamente legal".

29 de junho

Kent Gilbert-23jul.09/AP
Presidente da Costa Rica, Oscar Arias, apresentou novo plano para crise em Honduras
Presidente da Costa Rica, Oscar Arias, apresentou novo plano para crise em Honduras

No seu segundo dia à frente do governo interino Honduras, Roberto Micheletti dá posse aos primeiros sete membros de seu gabinete --predominantemente do tradicional Partido Liberal (centro-direita), ao qual pertence ele e Zelaya.

Ao mesmo tempo, diante do portão principal, os primeiros confrontos violentos entre militares e algumas centenas de manifestantes em favor de Zelaya que deixaram ao menos 25 feridos e algumas dezenas de presos.

30 de junho

Micheletti reúne alguns milhares de simpatizantes e o alto comando militar no centro da capital hondurenha, Tegucigalpa, em uma tentativa de demonstrar que a deposição de Zelaya conta com apoio interno. Marchas de apoio a Micheletti e Zelaya ocupariam as ruas da capital por várias ocasiões, resultando diversas vezes em confrontos e distúrbios.

A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprova em sessão extraordinária com os 192 países-membros uma resolução unânime de repúdio ao golpe de Estado em Honduras e exige restauração imediata e incondicional do presidente Zelaya.

*

1º de julho

O Itamaraty condena duramente o golpe e congela uma lista de programas de cooperação com Honduras até a recondução do presidente Manuel Zelaya ao poder. Os programas são concentrados em duas áreas: energia e saúde.

A pedido de Micheletti, o Congresso de Honduras decreta estado de emergência no país, com a suspensão de cinco garantias constitucionais, entre os quais a inviolabilidade de domicílio --estão restringidos os direitos a manifestação, reunião e livre circulação. Também fica suspenso o limite máximo de 24 horas para prisões preventivas.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) dá ultimato de 72 horas a Honduras para que restitua o presidente Zelaya ao poder. Caso não cumpra a determinação da Assembleia Geral, o país será suspenso do grupo.

2 de julho

Zelaya diz que regressará a Honduras ao lado dos presidentes Cristina Kirchner (Argentina) e Rafael Correa (Equador), além do secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, e do presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto.

Ele passa boa parte do tempo em reuniões com líderes internacionais e planejando retorno ao país, soba ameaças de prisão do Micheletti.

A União Europeia (UE) anuncia ter chamado para consultas todos os embaixadores de seus países-membros presentes em Honduras. França, Espanha e Itália já haviam tomado a medida anteriormente em repúdio ao golpe de Estado. Agora, também deixa Tegucigalpa o embaixador da Alemanha. A UE ratificou que estão suspensas as negociações de um acordo comercial com os países da América Central até que o presidente deposto retorne ao poder.

Esteban Felix-28jul.09/AP
Presidente deposto sai de uma casa em Ocotal, Nicarágua, perto da fronteira com Honduras; ele foi embora sem entrar no país
Presidente deposto sai de uma casa em Ocotal, Nicarágua, perto da fronteira com Honduras; ele foi embora sem entrar no país

3 de julho

Governo interino bloqueia o cartão de crédito internacional custeado pelo Estado de Honduras de Zelaya, que passa a custear do próprio bolso ou com ajuda internacional suas despesas com viagens, alimentação e hospedagem.

O governo interino anuncia que está deixando a OEA (Organização dos Estados Americanos), antes que o organismo se reunisse no dia seguinte para decidir pela suspensão do país.

4 de julho

Zelaya diz que vai voltar a Tegucigalpa, apesar das advertências da OEA e da Igreja Católica de que sua presença pode mergulhar o país em confrontos violentos.

5 de julho

A OEA decide em Assembleia Extraordinária suspender Honduras. A medida foi aprovada por unanimidade pelos 33 membros presentes na reunião e representa uma resposta ao golpe de Estado.

A base para a suspensão do país foi a Carta Democrática Interamericana. O documento permite a suspensão imediata em casos de ruptura da ordem democrática e fracasso de iniciativas diplomáticas, desde que conte com a aprovação de ao menos dois terços dos países-membros.

O Exército hondurenho impede que Zelaya aterrisse no aeroporto internacional de Tegucigalpa, onde um confronto entre vários milhares de manifestantes e forças de segurança deixaram ao menos um morto e alguns feridos. Foi a primeira morte desde que Zelaya foi deposto.

6 de julho

Os EUA condenam a violência nos protestos que antecederam a tentativa de regresso de Zelaya a Honduras. A secretária de Estado, Hillary Clinton, vai se encontrar com Zelaya hoje em Washington, anunciou o hondurenho.

7 de julho

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, indica o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, para atuar como mediador do conflito. Arias recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1987 pelo papel que desempenhou para ajudar a por fim a guerras civis na América Central.

Zelaya aceita encontro com o governo interino de Roberto Micheletti na Costa Rica.

9 de julho

Juan Carlos Ulate-09jul.09/Reuters
O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, participa de rodada de diálogo
O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, participa de rodada de diálogo

Com a intermediação da Costa Rica, representantes do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do interino, Roberto Micheletti, dão início às negociações para resolver a crise política desencadeada pelo golpe de Estado no país. Ambos os líderes conversaram em separado com o anfitrião, Óscar Arias, mas se recusaram a se reunir.

10 de julho

Reuniões de mediação acabam sem acordo nem data para um novo encontro. Apesar da falta de resultados, ambos os lados concordaram em manter a mediação do governo costa-riquenho.

11 de julho

Em mais uma medida para pressionar o governo interino, o Brasil suspende pacto militar com Honduras e chamar de volta o tenente-coronel Paulo Pimentel, que é instrutor militar no país.

Os 15 integrantes da Corte Suprema de Honduras --que afirma ter ordenado a prisão, pelas Forças Armadas, de Manuel Zelaya-- foram todos eleitos em fevereiro pelo Congresso, de maioria opositora.

12 de julho

Em meio ao impasse nas negociações, Zelaya e seu principal aliado internacional, o venezuelano Hugo Chávez, confirmam que haverá, nos próximos dias, uma nova tentativa de o presidente deposto voltar ao país.

Pela primeira vez desde a deposição do presidente, o governo interino hondurenho suspende o toque de recolher e a restrição de algumas garantias constitucionais. Na maior parte do tempo, a proibição de circular funcionou das 22h às 5h, levando o comércio a fechar as portas mais cedo.

16 de julho

Zelaya pediu ao governo norte-americano que sequestre os bens, proíba as transações bancárias e anule os vistos do mandatário interino, Roberto Micheletti, de toda a Suprema Corte do país e de outros altos funcionários do Estado hondurenho que apoiaram o golpe de Estado contra ele.

18 de julho

Martin Mejia-19ago.09/AP
Manuel Zelaya concede entrevista coletiva em Lima, após se reunir com presidente do Peru; ele fez tour pela região após golpe
Manuel Zelaya concede entrevista coletiva em Lima, após se reunir com presidente do Peru; ele fez tour pela região após golpe

Sob a ameaça de que Zelaya tentará novamente voltar a Honduras, as comissões do presidente deposto e do governo interino de Micheletti retomam as negociações na Costa Rica para buscar uma solução à crise política.

O governo interino rejeita o governo de reconciliação, mas mantém o diálogo.

19 de julho

Lobistas contratados pelos apoiadores do regime golpista hondurenho em Washington levam um grupo de senadores republicanos a escrever carta à secretária de Estado defendendo o governo interino.

Insistindo que a restituição do presidente deposto é "inaceitável", delegação do governo interino encerra a segunda rodada de negociações para superar a crise política. Alertando sobre o risco de um "derramamento de sangue", Arias disse que trabalhará por mais 72 horas para tentar resolver o impasse.

20 de julho

A Comissão Europeia anuncia o congelamento de um fundo de ajuda orçamentária ao governo de Honduras.A medida foi tomada em represália ao fato de não ter sido resolvida a crise política nas negociações do fim de semana na Costa Rica.

Em resposta ao fracasso das negociações na Costa Rica, Zelaya diz que o diálogo está "esgotado" e volta a exortar os seus seguidores a promover uma "insurreição" contra o governo interino.

23 de julho

O presidente da Costa Rica e mediador da crise, Oscar Árias, entrega proposta de acordo chamada Acordo de San José --que inclui a restituição de Zelaya ao poder e a renúncia ao referendo.

25 de julho

Zelaya, que permaneceu durante mais de oito horas em Las Manos, tenta negociar com a cúpula militar de Honduras, mas acaba desistindo de entrar no país diante da ameaça de ser preso.

*

2 de agosto

Zelaya deixa a cidade fronteiriça de Ocotal, na Nicarágua, para preparar em Manágua sua próxima viagem ao México. Em Ocotal, ficam cerca de 200 partidários --a maioria homens-- que começaram a receber treinamento com o objetivo de formar um "exército popular pacífico" na cidade, que fica a apenas 28 quilômetros de Honduras.

3 de Agosto

O Congresso hondurenho aprova um relatório no qual se diz incapacitado para decidir sobre o retorno de Manuel Zelaya ao Executivo do país. A decisão lança ainda mais incertezas sobre a viabilidade de um regresso negociado do presidente deposto.

4 de agosto

Edgard Garrido-11ago.09/Reuters
Protesto de manifestantes pró-Zelaya toma ruas de Tegucigalpa; governo pressiona
Protesto de manifestantes pró-Zelaya toma ruas de Tegucigalpa; governo pressiona

Zelaya diz, no México, que está disposto a aceitar o plano proposto pelo mediador, desde que isso implique em sua volta ao poder --ponto previsto na proposta. Micheletti insiste que não aceitará seu retorno ao poder.

5 de agosto

O chanceler Celso Amorim sugere ao general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que os EUA bloqueiem as contas bancárias do presidente interino e dos integrantes de seu governo, para aumentar a asfixia econômica do regime.

No mesmo dia, em meio a críticas de que deveriam ser mais duros contra o governo interino, os EUA planejam cortar mais US$ 25 milhões em assistência caso Zelaya não seja restituído à Presidência.

9 de agosto

Micheletti cancela a visita da comissão de chanceleres organizada pela OEA marcada para daqui a dois dias. A intenção do grupo era convencer o governo golpista hondurenho a aceitar o acordo proposto por Arias. Micheletti tomou a decisão de cancelar o encontro por não admitir a participação na visita do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, que insistiu em integrar o grupo de negociadores.

12 de agosto

Alan Marques-12ago.09/Folha Imagem
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya (à esq.), cumprimenta o colega brasileiro Lula, durante visita a Brasília
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya (à esq.), cumprimenta o colega brasileiro Lula, durante visita a Brasília

Zelaya visita o Brasil e conversa com o presidente Lula, que reforça apoio ao presidente deposto. O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, alinhou suas declarações às de Zelaya e disse acreditar que os Estados Unidos devem liderar a pressão contra o governo interino de Roberto Micheletti.

18 de agosto

O regime interino ordena expulsão de diplomatas e funcionários da Embaixada da Argentina em Tegucigalpa em três dias e anunciou que, a partir de agora, as relações com o país sul-americano serão canalizadas pela Embaixada Argentina em Israel. Medida foi resposta à expulsão da embaixadora hondurenha na Argentina a pedido do presidente Zelaya.

19 de agosto

A Anistia Internacional denuncia um aumento das violações aos direitos humanos em Honduras, onde manifestantes que se opõem ao governo instaurado após o golpe de Estado de junho são vítimas de detenções arbitrárias e maus-tratos.

21 de agosto

A Espanha comunica a expulsão do embaixador hondurenho em Madri, José Eduardo Martell Mejía, depois de sua destituição pelo presidente Zelaya.

Dois diplomatas da Argentina se trancam na embaixada do país em Honduras, após expirar o prazo dado pelo governo interino hondurenho para que deixem o país.

23 de agosto

A Corte Suprema de Justiça de Honduras analisa proposta de acordo feita por Arias para tentar restabelecer a democracia no país após o golpe e rejeita a possibilidade de restituição de Zelaya à Presidência.

24 de agosto

Esteban Felix-24ago.09/AP
Xiomara Castro, mulher de Zelaya, participa de manifestação em favor do presidente
Xiomara Castro, mulher de Zelaya, participa de manifestação em favor do presidente

Relatório da Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos (CIDH) relaciona mortes a golpistas em Honduras e condena o emprego de armas de fogo contra manifestantes.

25 de agosto

O Departamento de Estado americano anuncia suspensão a concessão de vistos não emergenciais a cidadãos hondurenhos. Estão incluídos na categoria os de turismo e de negócios, o que pode afetar 30 mil pessoas por ano.

A comissão de ministros das Relações Exteriores de países membros OEA encerra uma visita de dois dias a Honduras sem conseguir que o governo interino do país aceite o acordo para o regresso ao poder do presidente Zelaya.

28 de agosto

Uma delegação do governo interino de Honduras propõe à OEA solucionar a crise política do país com a renúncia tanto de Micheletti quanto de Zelaya, para que uma terceira pessoa assuma o cargo. O secretário-geral da organização, José Miguel Insulza, fechou a porta para qualquer desfecho que não resulte no retorno ao poder de Zelaya.

31 de agosto

Em meio à indefinida crise política, o governo interino de Honduras dá início à campanha eleitoral para o pleito presidencial de 29 de novembro. O processo é ameaçado de boicote interno e externo caso a votação ocorra sob gestão dos golpistas. Mais tarde, a comunidade internacional alerta que não reconhecerá novo presidente eleito.

Micheletti afirma que a eleição presidencial é "a solução única, final e definitiva" à crise.

Zelaya retorna a Washington para outra rodada de reuniões com líderes americanos e o conselho da OEA na tentativa de manter a pressão por uma solução à crise instaurada no país.

*

2 de setembro

Arias diz que as condições impostas por Micheletti para deixar o cargo "desnaturalizam" seu plano. O presidente do governo golpista dissera que aceita renunciar desde que Zelaya não retorne ao poder e que a decisão sobre o seu substituto no cargo até janeiro fique sob a responsabilidade do Congresso.

3 de setembro

Esteban Felix-12ago.09/AP
Polícia prende hondurenho; ONG denunciou abusos aos direitos humanos em Honduras
Polícia prende hondurenho; ONG denunciou abusos aos direitos humanos em Honduras

Em nova tentativa de pressionar o regime golpista, o governo brasileiro determina que todos os hondurenhos precisarão de visto para ingressar no Brasil, suspendendo dois acordos que previam a isenção de vistos a diplomatas, funcionários do governo e a cidadãos comuns que fiquem no Brasil por menos de 90 dias.

Após reunião com Hillary Clinton, Zelaya anuncia que pretende voltar em breve ao seu país. O governo interino diz que resistirá à pressão.

Pressionados, os EUA reconhecem golpe de Estado em Honduras e decidem suspender a ajuda econômica como medida de pressão contra o governo interino. Os americanos compram 40,6% das exportações hondurenhas e o corte na ajuda deve aumentar a pressão, como pedido por Zelaya, sobre o interino Micheletti.

4 de setembro

O governo interino suspende os acordos de supressão de vistos que mantém com o Brasil, em reciprocidade a uma medida similar adotada na véspera pelo Ministério brasileiro das Relações Exteriores.

9 de setembro

O presidente Lula afirma que o Brasil não reconhecerá as eleições de 29 de novembro em Honduras, "conduzidas pelo atraso e autoritarismo".

15 de setembro

Esteban Felix/AP
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, chega à embaixada brasileira
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, chega à embaixada brasileira

O Conselho de Direitos Humanos da ONU decide proibir a participação do embaixador hondurenho em Genebra das suas sessões por representar o governo interino instaurado após o golpe de 28 de junho passado. a medida foi tomada sob pressão da delegação brasileira.

Os ministros de Relações Exteriores da UE advertem Honduras que prepararão mais "medidas restritivas" para o país se o governo de Micheletti não aceitar uma solução negociada à crise política.

19 de setembro

Milhares de partidários do presidente Zelaya festejam o aniversário do presidente deposto de Honduras, que fez 57 anos. Ele continua exilado na Nicarágua.

21 de setembro

Zelaya consegue retornar à capital Tegucigalpa e busca abrigo na Embaixada do Brasil junto a dezenas de apoiadores e sua família. Segundo um comunicado da embaixada hondurenha em Manágua, o presidente deposto escolheu retornar em segredo à capital para evitar fatos de violência.

O Brasil manda os funcionários para casa, mas aprova a medida e diz que garantirá sua proteção durante por uma saída negociada à crise.

O governo interino pede que o Brasil entregue Zelaya à Justiça hondurenha, onde enfrentará acusações de violação à Constituição e corrupção. Micheletti decreta ainda toque de recolher e fecha aeroportos para, segundo o governo, prevenir distúrbios.

22 de setembro

Edgard Garrido/Reuters
Presidente deposto Manuel Zelaya concede entrevista coletiva de dentro da embaixada brasileira na capital Tegucigalpa
Presidente deposto Manuel Zelaya concede entrevista coletiva de dentro da embaixada brasileira na capital Tegucigalpa

Com gás lacrimogêneo, canhões de água e alto-falantes, militares hondurenhos cercam a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa para conter as manifestações em favor do presidente Zelaya. Eles expulsam um grupo de cerca de 5.000 manifestantes que desafiaram o toque de recolher e passaram a madrugada em frente à embaixada.

O governo interino diz que responsabilizará o Brasil por possíveis atos de violência como consequência de ter dado refúgio ao presidente deposto.

Com cerca de 70 simpatizantes na embaixada, Honduras corta temporariamente água, luz e telefone. A comida é levada por vizinhos e funcionários da ONU. O governo interino descarta, contudo, qualquer invasão à embaixada.

23 de setembro

Micheletti descarta diálogo direto com Zelaya e diz que está disposto a negociar uma saída à crise se o resultado das eleições presidenciais de novembro for reconhecido. Zelaya rejeita a proposta como "manipulação". Com impasse, o toque de recolher é estendido no país.

Zelaya afirma, em entrevista publicada pela Folha, que o Brasil não sabia de sua chegada ao país.

24 de setembro

Honduras reabre parcialmente aeroportos e Tegucigalpa tem dia tranquilo --com manifestações pacíficas de apoiadores e críticos à Micheletti.

O porta-voz da Polícia Nacional de Honduras, Orlin Cerrato, confirma que dois homens morreram nos distúrbios ocorridos em Honduras após a volta de Zelaya.

25 de setembro

Rodrigo Abd/AP
Fabiola Carcamo, 28, usa lenço para cobrir o rosto em um dos protestos em favor de Zelaya na capital Tegucigalpa
Fabiola Carcamo, 28, usa lenço para cobrir o rosto em um dos protestos em favor de Zelaya na capital Tegucigalpa

O Conselho de Segurança da ONU corrobora a denúncia feita pelo chanceler Celso Amorim e exige que o governo interino de Honduras encerre o cerco militar imposto à embaixada brasileira.

Em retrocesso nas negociações, o presidente costa-riquenho, Oscar Arias, afirma que não vai viajar ao país "por enquanto", como proposto pelo ex-presidente americano Jimmy Carter e aceito pelo governo Micheletti.

Micheletti defende que melhor solução para a crise política no país é escolher um novo presidente.

27 de setembro

O governo interino de Honduras resiste à pressão internacional e endurece o tom ao dar um ultimato ao Brasil, impedir a entrada no país da missão de mediação de chanceleres da OEA e editar um decreto que permite ao governo proibir protestos públicos e suspender liberdade de expressão e de imprensa por 45 dias.

28 de setembro

A medida, que levou ao fechamento da Rádio Globo e do Canal 36, dois veículos de oposição ao regime interino, foi duramente criticada por organizações de direitos humanos, alguns países ocidentais e pelos apoiadores de Zelaya --que protestaram nas ruas de Tegucigalpa. Zelaya compara governo Micheletti a uma ditadura.

O ministro de Defesa, Nelson Jobim, descarta a possibilidade de enviar força militar brasileira para defender a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

A OEA alerta que o estado de exceção decretado em Honduras é incompatível com a normalização da situação no país e com a realização de eleições democráticas. Pouco depois, Micheletti recua e admite a suspensão "em breve" do decreto e convida uma missão da OEA para visitar o país em 7 de outubro próximo.

29 de setembro

A Associação Nacional de Industriais de Honduras apresenta a primeira proposta vinda de líderes que apoiaram a destituição de Manuel Zelaya para que ele volte à Presidência, ainda que com poderes simbólicos. O líder dos industriais, Adolfo Facussé, disse que o plano prevê ainda o envio de uma força militar multinacional a Honduras.

O plano para encontrar uma rápida solução para a crise hondurenha prevê que Zelaya seja reinstalado no poder, mas que, de imediato, se submeta aos tribunais de Justiça para responder pelas acusações de desrespeito à Constituição que pesam contra ele.

Zelaya diz que proposta é um "bom sinal", e Facussé afirma que que Micheletti poderia aceitar o plano.

30 de Setembro

Rodrigo Abd/AP
Polícia desocupa Instituto Nacional Agrário de Honduras, onde há 3 meses estavam apoiadores do presidente deposto, Manuel Zelaya
Polícia desocupa Instituto Nacional Agrário de Honduras, onde há 3 meses estavam apoiadores do presidente deposto, Manuel Zelaya

A polícia de Honduras prende 55 apoiadores de Zelaya que ocupavam o prédio do Instituto Nacional Agrário (Ina) há três meses, desde que Zelaya foi deposto. A polícia afirmou que a operação foi pacífica e que os detidos foram levados para prestar depoimento.

Mais tarde, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) de Honduras pede ao presidente interino para que suspenda o decreto que suspendeu garantias constitucionais, por considerar que a medida atrapalha o processo para as eleições de novembro.

1° de outubro

Micheletti volta a recuar nas ameaças e suspende o ultimato que dera ao Brasil para que decidisse, em dez dias, o destino de Zelaya, abrigado na Embaixada Brasileira em Tegucigalpa.

Na embaixada brasileira, que continua sob intenso cerco das forças de segurança, uma missão de seis deputados brasileiros respalda a permanência de Zelaya no local, mas lhe pede moderação. Os deputados se reúnem também com a Corte Suprema de Justiça, o Parlamento, o Comissário dos Direitos Humanos, Ramón Custódio, e a comunidade brasileira em Honduras.

Dois dos deputados se recusam a encontrar-se com Micheletti, mas os demais se reúnem com o presidente interino, que lhes garante a segurança dos brasileiros e a inviolabilidade da embaixada.

5 de outubro

O governo interino de Honduras revoga decreto que restringia as liberdades civis, abrindo caminho para um eventual diálogo que coloque fim à crise política

Com esta decisão, Micheletti cede às pressões externas e internas que exigiam a revogação do decreto que suspendeu as liberdades de imprensa, associação e circulação.

Sob o decreto, o governo de Micheletti tirou do ar a Rádio Globo e o Canal 36, ligados ao presidente Manuel Zelaya, deposto em um golpe de Estado em 28 de junho e que está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde que retornou ao país, em 21 de setembro.

7 de outubro

Uma missão diplomática da OEA, liderada pelo secretário-geral da organização, José Miguel Insulza, chega a Honduras para tentar destravar o diálogo e reabre a mesa de negociações. Sem acordo por restituição, contudo, reunião em Honduras define apenas agenda para diálogo e Insulza alega que a resistência de Micheletti à restituição surpreende.

9 de outubro

Pelo terceiro dia consecutivo, policiais e simpatizantes de Zelaya voltam a se enfrentar na capital hondurenha, Tegucigalpa.

Os ativistas pró-Zelaya se reuniram em frente ao Hotel Clarion, que abriga negociações entre representantes do governo interino de Honduras e do presidente deposto.

13 de outubro

Os representantes dos dois lados retomam o diálogo após aprovarem, na semana anterior, cinco dos oito pontos do Acordo de San José. Dias antes, quando as conversas entre os dois grupos foram suspensas para que, no feriado, houvesse consultas privadas, os negociadores se diziam otimistas.

14 de outubro

Edgard Garrido-30out.09/Reuters
Presidente interino de Honduras, Manuel Zelaya, sorri após encontro com Thomas Shannon; pressão dos EUA levou a acordo
Presidente interino de Honduras, Manuel Zelaya, sorri após encontro com Thomas Shannon; pressão dos EUA levou a acordo

As comissões afirmam ter consenso em 90% do acordo e as negociações entram na fase decisiva. Zelaya diz estar disposto a discutir mudanças na proposta sobre sua restituição

15 de outubro

Os representantes dos dois lados anunciam avanço nas negociações. O acordo, contudo, foi recebido com resistência por Micheletti e com certa desconfiança por Zelaya, que havia estabelecido a data como prazo em seu ultimato para retornar ao cargo.

20 de outubro

Zelaya critica o estado de obstrução do diálogo com o governo interino do país pouco depois de sua comissão rejeitar a "insultante" proposta dos negociadores de Micheletti por não reconhecer o golpe de Estado. A comissão do governo interino, por sua vez, criticou os apoiadores de Zelaya por promover "uma agenda de insurreição" no país.

22 de outubro

Após uma reunião que rompeu três dias de suspensão da mesa de diálogo sobre a crise em Honduras, Zelaya estabelece um novo ultimato para as negociações, o terceiro, em uma semana. Quando o prazo não é cumprido, no dia seguinte, Zelaya decreta o fim do diálogo.

28 de outubro

Os Estados Unidos encabeçam um novo esforço para tentar destravar o diálogo por uma saída à crise política em Honduras, bloqueado pela oposição do governo interino em aceitar a restituição do presidente deposto.

29 de outubro

Sob pressão dos Estados Unidos, as comissões de negociação de Zelaya e do presidente interino Roberto Micheletti assinaram o documento que estabelece, entre outros pontos, que caberá ao Congresso hondurenho aprovar a restituição do presidente deposto ao cargo --tema que havia travado o diálogo várias vezes.

Comentários dos leitores
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Luciano Filgueiras (94) 02/02/2010 17h52
Sobre o comentário do nosso estimado Diplomata, dizendo ele, que o nosso país inspira o desarmamento mundial; apenas brinco: "Nosso Amorim é um gozador!... sem opinião
avalie fechar
sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
sebastião chaves (9) 02/02/2010 15h19
como tem pirado escrevendo e enviando os seus comentários. os textos chegam ser manifestações de humorismo involuntário.
Peço àqueles que discordam das bobagens escritas, sejam condescentes com os pirados da silva.
Pai, perdoi, eles não sabem o que escrevem. Descansem em paz, pirados.
sem opinião
avalie fechar
John Reed (41) 02/02/2010 03h21
John Reed (41) 02/02/2010 03h21
A realidade é inexorável.
Ideologias fajutas não passam de blá-blá-blá porque são míopes para enxergar qualquer coisa. Mas certamente não querem ver nada porque acham que já pensaram em tudo. Aí quando a realidade contraria a 'verdade' ideológica as coisas começam a ficar violentas.
Já viu uma criança contrariada? Pois é. Parece que o brinquedo favorito do Coronel Presidente Hugo Chávez se recusa a funcionar como ele deseja. E isso acaba refletindo em alguns nesse fórum, que contrariados produzem textos violentos tanto no estilo quanto no conteúdo.
Uma política carioca, médica, disse (isso ninguém me contou), no ocaso dos países comunista pós Muro, que o ideal e modelo de país a ser seguido eram os da Albânia. Caramba! Isso tem 20 anos.
É pra dar medo: o que a crença em ideologias ou dogmas pode fazer com uma pessoa culta e inteligente. Como já disse, a realidade é desagradavelmente real para alguns.
2 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (5675)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página