Polícia interroga irmãos mafiosos sobre ligação de Berlusconi com máfia

Os irmãos Giuseppe e Filippo Graviano, ex-chefes de um dos clãs da máfia Cosa Nostra e detidos desde 1994, serão interrogados nesta sexta-feira por meio de uma videoconferência para comparar suas versões com a de um de seus antigos subordinados, Gaspare Spatuzza --que acusou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi de colaborar com a máfia.

Os Gravianos foram condenados à prisão perpétua por atentados em Roma, Milão e Florença, além do assassinato do padre Pino Puglisi. Eles nunca colaboraram com a Justiça, mas também não criticaram Spatuzza e disseram que respeitavam sua decisão --algo incomum no mundo da máfia.

O promotor do caso, Nino Gatto, pedirá aos irmãos Graviano para que esclareçam se são verídicas as afirmações feitas no último dia 4 de dezembro por Spatuzza, um mafioso arrependido que passou a colaborar com a Justiça.

Spatuzza, que estuda teologia na prisão, começou a colaborar com a Justiça no final de 2008, o que obrigou os juízes a abrir vários processos arquivados. Para o arrependido, Berlusconi e o senador siciliano Marcello Dell'Utri eram os interlocutores privilegiados no mundo da política de Giuseppe Graviano.

O interrogatório dos ex-chefes da máfia acontece em meio ao julgamento de apelação de Dell'Utri, amigo de Berlusconi e senador por seu partido, o Povo da Liberdade (PDL). Em primeira instância, ele foi condenado a nove anos de prisão.

A polícia interrogará ainda outro ex-membro da Cosa Nostra Cosimo Lo Nigro. Os agentes temem que os três utilizem o direito de não responder as perguntas e travar as investigações sobre a suposta relação de Berlusconi com o crime.

Berlusconi negou as acusações como loucura e disse que seu governo foi o que mais lutou contra a máfia. Recentemente, Berlusconi ameaçou estrangular os autores de filme e livros sobre a Cosa Nostra, pois os mesmos projetam uma triste imagem da Itália para o mundo.