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18/12/2009 - 10h40

Único terrorista preso de Mumbai desmente confissão e denuncia tortura

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da Folha Online

O único terrorista capturado com vida após os atentados terroristas de novembro de 2008, na cidade indiana de Mumbai, desmentiu nesta sexta-feira sua confissão e alegou ter sido torturado pela polícia.

O paquistanês Mohammad Ajmal Kasab compareceu à corte onde enfrenta 86 acusações, incluindo assassinato e incitação à guerra contra a Índia, pelos ataques que deixaram 166 mortos em 26 de novembro de 2008.

"Ele disse à corte que foi preso alguns dias antes dos ataques e mantido na prisão", disse o promotor público Ujjwal Nikam. Kasab está entre as 38 pessoas acusadas pelos ataques na Índia e, se condenado, pode enfrentar pena de morte.

Em 20 de julho, Kasab confessou sua participação no ataque e pediu para ser enforcado, método de aplicação da pena de morte na Índia. Ele contou como atirou diversas vezes na multidão e descreveu com detalhes uma rede de acampamentos de treinamento no Paquistão, revelando o nome de quatro homens que trabalhavam com ele.

O atentado complicou as difíceis relações entre as duas potências nucleares do sul da Ásia e paralisou o processo de diálogo iniciado pelos dois países em 2004.

Logo após os atentados, o governo indiano acusou o grupo islâmico paquistanês Lashkar-e-Taiba de estar por trás do Mujahedin de Deccan (Deccan é um planalto no sul da Índia) --que, oficialmente, reivindicou a autoria dos ataques-- com base em depoimentos de Kasab.

Nova Déli afirma ainda que os dez terroristas paquistaneses receberam apoio logístico dos serviços secretos paquistaneses.

Provas

Nikam disse que a mudança no depoimento de Kasab não muda a situação já que a promotoria tem provas suficientes contra o acusado. "Nós temos muitas evidências contra ele", disse, citando uma foto de Kasab com um rifle, na estação de trem atacada.

Kasab, 21, sorria enquanto falava na corte. Ele afirmou nunca ter encontrado os líderes militantes paquistaneses que planejaram os ataques.

Ele afirmou que chegou no país 20 dias antes do ataque com documentos legais, para trabalhar em Bollywood --a indústria cinematográfica indiana. Ele foi preso na noite deste dia, quando vagava pelas ruas em busca de um local para dormir.

No seu depoimento, o paquistanês disse ainda que se encontrou com o americano David Headley, acusado nos Estados Unidos por ajudar a planejar os ataques, em uma cela de Mumbai, depois de ser preso.

O juiz, contudo, impediu que ele continuasse a testemunhar sobre Headley, dizendo que não era relevante para o caso.

Headley, preso há dois meses, viajou a Mumbai cinco vezes entre setembro de 2006 e julho de 2008, fotografando e filmando alguns dos locais atingidos pelos ataques e o porto onde os terroristas chegaram, segundo corte americana.

Ataque

Na tarde de 26 de novembro de 2008, dez homens fortemente armados e que chegaram a Mumbai de barco, atacaram dois hotéis de luxo, um restaurante, um centro cultural judaico e a principal estação ferroviária da cidade.

Durante 60 horas de ataque, acompanhadas pela imprensa de todo o mundo, o país ficou refém dos terroristas. O governo indiano acusou o vizinho e rival Paquistão pelo atentado.

Uma corte do Paquistão indiciou recentemente sete cidadãos paquistaneses pelo envolvimento com o atentado. Na lista dos sete acusados, esta o chefe de operações do Lashkar-e-Taiba, Zakiur Rehman Lakhvi, e outros seis supostos membros deste grupo caxemiriano --Zarar Shah, Abu al-Qama, Hamad Amin Sadiq, Shahid Jamil Riaz, Jamil Ahmed e Younes Anjum, que supostamente forneceram armamento, financiaram ou colaboraram em diferentes graus com o comando que realizou o ataque.

A Índia realiza desde abril passado um julgamento no qual há outros dois acusados de nacionalidade indiana.

O país pressionou o Paquistão para que processe também Hafiz Mohammed Said, fundador do LeT. Said foi colocado sob prisão domiciliar a pedido do governo paquistanês em várias ocasiões desde que ocorreu o atentado de Mumbai, mas o Tribunal Superior de Lahore o libertou por falta de provas.

 

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