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Afegãos lideram pedidos de asilo em 2009
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LUCIANA COELHO
da Folha de S. Paulo, em Genebra
O Afeganistão suplantou o Iraque pela primeira vez na lista de países cujos habitantes mais pediram asilo, informou ontem em Genebra o braço da ONU para o tema. As requisições afegãs saltaram 45%, para 26,8 mil em 2009, ano em que Barack Obama assumiu a Presidência dos EUA e pôs seu foco militar no país centro-asiático.
No mundo, o total de solicitações ficou estável, segundo o relatório anual do Acnur (Alto Comissariado nas Nações Unidas para Refugiados), que engloba os pedidos de asilo feitos a 44 países desenvolvidos (37 na Europa, mais EUA, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Turquia, Austrália e Nova Zelândia).
Para a agência, os números desmentem o discurso de políticos europeus de direita de que o continente está sendo "invadido". "A ideia de que há uma enxurrada de solicitações de asilo é um mito", disse o alto comissário Antonio Guterres, para quem políticos que usam essa bandeira são "populistas".
Mas os reflexos das medidas restritivas já se fazem sentir. Na Itália, onde o governo de Silvio Berlusconi fechou um acordo com a Líbia há quase um ano para que caçasse no mar e devolvesse a seus países de origem imigrantes africanos, as solicitações caíram pela metade, e o país desceu dois postos no ranking de destinos, para 7º.
Já Chipre e Malta, para onde muitos desses solicitantes de asilo foram redirecionados, tornaram-se os líderes em pedidos recebidos "per capita", dada sua população diminuta.
Os EUA permanecem o destino maior para asilo, com 13% das requisições globais. Juntamente com a França e o Canadá, receberam um terço de todos os pedidos.
Mas pela primeira vez no passado recente, não vem do vizinho México a maior fatia de solicitantes, mas da China. Mais da metade dos 20,4 mil chineses que pediram esse status --16% a mais do que em 2008-- o fizeram nos EUA. As 13 mil solicitações de chineses a Washington superaram em 31% as de mexicanos e responderam por 1 em cada 5 requisições aos americanos.
O Acnur não soube explicar a mudança, já que a situação chinesa não piorou especialmente em 2009. É possível concluir que ela esteja no lado americano e derive da troca de governo.
Com o lento restabelecimento da soberania no Iraque e a redução da violência, os pedidos de asilo de iraquianos caíram 40%. O país, no entanto, ainda é a segunda fonte de solicitações, com 24 mil. Em seguida vêm a Somália e a Rússia.
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