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Partido de Nobel da Paz anuncia boicote às eleições em Mianmar
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da Folha Online
O principal partido opositor de Mianmar, a Liga Nacional para a Democracia (LND), liderada pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, anunciou nesta segunda-feira que boicotará as eleições previstas para este ano, as primeiras em duas décadas.
A legenda decidiu não se registrar junto à Comissão Eleitoral por considerar "injustas" as leis eleitorais aprovadas recentemente pela Junta Militar que comanda o país, declarou à imprensa o porta-voz da LND, Nyan Win.
Mais de cem membros do comitê central da LND, reunidos em Yangun, apoiaram a decisão de Suu Kyi, que na semana passada afirmou que era contrária à inscrição do partido nas listas para as legislativas, por considerar "injusta" a lei eleitoral.
A legislação elaborada pelo regime ditatorial para as eleições obriga os partidos a expulsar as pessoas detidas, como é o caso de Suu Kyi, que cumpre atualmente uma pena de 18 meses de prisão domiciliar, e de boa parte do alto escalão do partido.
A LND venceu as eleições de 1990 de forma inesperada, dois anos depois da revolta popular de 1988. Mas a junta militar não abdicou do poder e se negou a reconhecer o resultado da votação.
Desde então, Suu Kyi passou 14 anos privada da liberdade, condenada a diversas sentenças.
Outro artigo da nova lei eleitoral decreta o controle absoluto da comissão eleitoral à Junta Militar. A lei estipula ainda que cada membro da mesma deverá ser considerado uma "personalidade eminente, demonstrar lealdade ao Estado e seus cidadãos e não ser membro de nenhum partido político".
A lei também decreta que os partidos que queiram se registrar para as eleições devem dar um documento por escrito de seu comprometimento com a Constituição de 2008, que a LND rejeita e critica em suas campanhas.
A Constituição de 2008, aprovada pouco depois da passagem do devastador ciclone Nargis pelo país, com um saldo de 138 mil mortos ou desaparecidos, vetava de maneira expressa uma candidatura de Suu Kyi, sob a alegação de que a situação vale para todo birmanês casado com um estrangeiro.
O marido de Suu Kyi, o britânico Michael Aris, faleceu em 1999.
A maioria dos partidos da oposição não reconhecem a nova Constituição, argumentando que foi desenhada pelos militares para cimentar seu poder, mesmo após eleições democráticas.
A libertação de Suu Kiy e a participação da LND nas eleições são consideradas essenciais pela comunidade internacional para a credibilidade do pleito em Mianmar.
Com agências internacionais
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