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06/05/2010 - 07h12

Gordon Brown é a "Fênix" que pode levar o trabalhismo ao desastre

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Colaboração para a Folha
da Efe

O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, ganhou o apelido de "ave Fênix" depois de enfrentar, nos últimos anos, a pior crise econômica em seis décadas e sobreviver a três "golpes de Estado" dentro do trabalhismo. Porém, sua incapacidade de se conectar com o povo pode levar seu partido à derrota.

Sang Tan/AP
O líder trabalhista e atual premiê, Gordon Brown, busca uma chance de continuar no nº10 da Downing Street e no comando do país
O líder trabalhista e atual premiê, Gordon Brown, busca uma chance de continuar no nº10 da Downing Street e no comando do país

Com todas as pesquisas contra, Brown buscará nas urnas uma improvável tábua de salvação para sua curta carreira como chefe de governo e líder do Partido Trabalhista, cargos que "herdou" em 2007 de Tony Blair.

Escocês de 59 anos, filho de um pastor da Igreja da Escócia, casado e com dois filhos, nos últimos meses Brown foi comparado com um boxeador quase nocauteado que resiste em jogar a toalha.

Todos os adjetivos valem para descrever os quase três anos em que Brown ocupa o número 10 da Downing Street, desde que Tony Blair renunciou para ceder a ele o bastão do comando do país.

Após dez anos como ministro da Economia e como tecnocrata à sombra do carismático Blair --com quem tinha pactuado que fariam turnos no poder quando os trabalhistas voltassem ao comando do país, após quase duas décadas de governos conservadores--, Brown tornou-se o primeiro-ministro britânico no dia 27 de junho de 2007.

Cenário desfavorável

Seu início em Downing Street foi uma lua de mel, na qual desfrutou de elevada popularidade. Talvez por isso Brown hoje se arrependa por não ter convocado eleições em novembro daquele ano, como considerou, já que provavelmente teria alcançado uma fácil vitória.

Eram tempos nos quais ninguém podia prever a recessão econômica que atingiu o mundo alguns meses depois, e que também pegou de surpresa o analista Brown.

Brown, no entanto, conseguiu transformar a crise em uma oportunidade para reivindicar a posição de administrador eficiente. Salvou os escombros da City, centro financeiro de Londres, e da economia nacional com um forte intervencionismo estatal e a injeção de dezenas de bilhões de libras dos contribuintes no sistema.

Entre o final de 2008 e meados de 2009, cultivou a imagem de estadista que liderou a comunidade internacional para evitar uma crise equivalente à de 1929. Ele aproveitou a cúpula do G20 (grupo que reúne os países mais ricos e principais emergentes), que desenhou a nova arquitetura financeira internacional, para "vender-se" em casa.

E quase conseguiu, a ponto de voltar a ser uma alternativa real no cenário político britânico, não só frente aos eleitores, mas dentro de seu próprio partido. Isso após ter sido considerado um "cadáver" político, aparecendo quase 20 pontos atrás do líder conservador, David Cameron, em pesquisas de intenção de voto.

Crise no partido

A liderança trabalhista de Brown foi continuamente questionada. Nos momentos de maior dificuldade, como nas eleições europeias de junho de 2009, nas quais o partido colheu os piores resultados em décadas, ele teve que lutar contra os próprios correligionários.

Cinco altos membros do governo renunciaram em plena crise política, depois de tentar forçar uma sucessão à frente do Partido Trabalhista que permitisse à legenda ter opções de ganhar as eleições desta semana.

Nem sequer o ministro de Exteriores, David Miliband, que lançou sua carreira política ao amparo do governo de Brown, teve o gesto de defender a liderança do primeiro-ministro --em uma indicação de que são muitos os "barões" do trabalhismo que estão esperando sua oportunidade, após o previsível desastre eleitoral deste ano.

Se forem confirmadas as enquetes que situam o trabalhismo como terceira legenda mais votada, com menos de 30% dos votos, Brown será o principal responsável pelos piores resultados do partido desde que a conservadora Margaret Thatcher deu uma "surra" no trabalhista Michael Foot nas eleições gerais de 1983.

Esperança

O que ninguém pode negar a Brown é seu "espírito de corredor fundista": a convicção de que ainda pode convencer os britânicos de que é a pessoa indicada para dar ao Reino Unido um novo impulso político e econômico.

É o que ele tentou nos três debates transmitidos pela TV, que deram início a uma nova era nas campanhas políticas britânicas e definiram um reposicionamento do cenário eleitoral.

Brown demonstrou que está realmente convencido de suas chances, mas os três debates não fizeram mais do que aprofundar a sensação de que sua imagem e sua mensagem estão desgastadas.

"Ser primeiro-ministro não é um concurso de popularidade", tentou defender-se Brown, por sua falta de presença perante as câmeras, frente a David Cameron e ao líder liberal democrata, Nick Clegg. São dois dirigentes jovens e carismáticos, que podem enterrar a carreira de Brown e o desejo do trabalhismo de continuar no comando.

 

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