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26/11/2004 - 09h02

Saiba mais sobre a Ucrânia

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MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo

A história da Ucrânia e a da Rússia se misturam em vários momentos desde a criação dos dois Estados. Para os russos, Kiev é o berço da Rússia moderna. Para os ucranianos, porém, a Rus de Kiev, Estado criado no século 9º, é, sem dúvida, a mãe da Rússia moderna, mas não se confunde com ela.

Ela se tornou cristã numa época em que Moscou nem existia. Em 988, o príncipe Volodymir deixou o paganismo e adotou o cristianismo. Ao mesmo tempo, levou para as terras eslavas uma cultura milenar influenciada pelos bizantinos.

"Por séculos, o Principado de Kiev foi o centro religioso e cultural da Rússia. Isso acabou no século 13, quando as invasões mongóis o destruíram", disse à Folha Arnaud Dubien, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Paris).

"A presença da Rússia czarista na Ucrânia data, contudo, de 1654, quando também começaram movimentos populacionais muito importantes entre os dois países. Estes se seguiram durante séculos, e os últimos fortes fluxos migratórios russos em direção à Ucrânia ocorreram durante os governos de [Nikita] Kruchev [1958-64] e de [Leonid] Brejnev [1964-82], que, paradoxalmente, eram de origem ucraniana."

Durante séculos e até o final da Revolução Russa (1917), a Ucrânia foi disputada e, em diferentes fases, dividida entre o Império Austro-Húngaro (oeste do país), a Rússia (leste e sul) e a Polônia (noroeste). "Embora haja grande proximidade cultural e lingüística entre os ucranianos e os russos, a história criou profundas divisões na Ucrânia", analisou Dubien.

O oeste do país, que foi controlado pelo Império Austro-Húngaro, é mais aberto à Europa, embora mantenha fortes traços nacionalistas. Estes surgiram, na história recente ucraniana, após a anexação do país pelas forças bolcheviques, em 1920, que pôs fim a um período de três anos de independência.

O movimento nacionalista ganhou força no leste e no centro da Ucrânia nos anos 20 e 30, quando Josef Stálin ordenou uma campanha de coletivização forçada das terras e expurgos para pôr fim às "veleidades nacionalistas" [em que milhões de ucranianos foram mortos].

"Os métodos do ditador soviético ficaram marcados no inconsciente coletivo da Ucrânia, e parte de sua população acolheu bem, ao menos inicialmente, a chegada dos nazistas. Isso foi depois usado por Stálin para punir os ucranianos", avaliou Asbed Kotchikian, da Universidade de Boston (EUA).

Após algum tempo de invasão, a guerrilha do leste ucraniano passou a combater as forças nazistas e, no início da década de 50, as soviéticas.
"Há duas tradições bem distintas no leste e no oeste da Ucrânia.

Passado, história e religião são diferentes, pois o leste sempre teve maior influência russa", afirmou Dubien.

Com efeito, boa parte do oeste é católica grega (uniata), aceitando a supremacia do papa, enquanto o oeste é majoritariamente cristão ortodoxo, ligado ao patriarcado russo.

As línguas, ademais, também não são iguais, embora apresentem fortes similaridades. Uma pesquisa recente mostrou, todavia, que, mesmo no leste da Ucrânia, o ucraniano é considerado a língua materna pela maioria das pessoas que não são de origem russa (cerca de 30% da população local).

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