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18/02/2005
-
09h38
da Folha Online
Uma das vítimas das cenas de abuso na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, que aparece nas fotos que expuseram o escândalo de militares contra prisioneiros iraquianos, morreu quando era interrogado pela CIA (inteligência dos EUA) em métodos não-convencionais: o prisioneiro estava pendurado pelas mãos --amarradas atrás das costas--, segundo documentos examinados pela agência de notícias Associated Press.
A morte do prisioneiro Manadel al Jamadi havia sido comunicada pelos soldados americanos, mas até agora nada havia sido divulgado sobre as circunstâncias em que ele morreu. O escândalo da prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá (capital), surgiu em abril do ano passado, quando vieram à tona fotografias que mostravam os militares torturando e humilhando sexualmente os detentos.
Al Jamadi morreu em uma posição chamada de "forca palestina" [a vítima tem suas mãos amarradas atrás das costas e depois é suspensa pelos punhos, o que pode causar sufocamento conforme o corpo é esticado], de acordo com os documentos, que não determinam se essa posição, qualificada como tortura por grupos de direitos humanos, foi aprovada pelo presidente George W. Bush para ser utilizada nos interrogatórios da CIA.
A inteligência dos EUA, que passa por uma investigação no Congresso americano sobre prisão e interrogatórios de suspeitos de terrorismo em Bagdá e em outras partes, não quis comentar o relatório.
A morte de Al Jamadi, que era um dos prisioneiros mantidos sob sigilo pela CIA em Abu Ghraib, veio a público em novembro de 2003, quando foram divulgadas fotos de soldados que atuavam na prisão fazendo sinal de vitória sobre o cadáver do iraquiano, que fora conservado em gelo.
À época, o registro indicava se tratar de um prisioneiro "OGA", sigla em inglês para "de outra agência do governo", normalmente usada para designar alguém sob custódia da CIA.
Um dos americanos envolvidos neste caso, o cabo Charles Graner, foi condenado a dez anos de prisão em instituição militar, no mês passado.
Sem respirar
Al Jamadi morreu sob uma ducha em um interrogatório que levou cerca de 30 minutos, antes que os investigadores conseguissem fazê-lo revelar qualquer tipo de informação, de acordo com relatos que constam dos documentos, e que foram elaborados segundo informações de guardas do Exército que atuavam na prisão e prestaram seus depoimentos perante membros da CIA e do Exército dos EUA.
O sargento americano Jeffery Frost disse que os braços do prisioneiro estavam presos atrás das costas de uma maneira que ele nunca havia visto, acrescentando que ficou surpreso pelos braços de Al Jamadi não terem se soltado do corpo do iraquiano.
O legista militar que examinou o corpo de Al Jamadi e que determinou que se tratava de um homicídio constatou que o prisioneiro tinha várias costelas quebradas e que morreu por sofrer pressão peitoral e dificuldade para respirar. Um outro legista, civil, o médico Michael Baden, confirmou que a posição em que prenderam Al Jamadi poderia ter contribuído para a morte do iraquiano.
Para o diretor de investigações do grupo de Médicos a Favor dos Direitos Humanos, Vincent Iacopino, pendurar um prisioneiro pelos braços, presos atrás das costas, é um caso de tortura simples e claro.
Com agências internacionais
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Prisioneiro de Abu Ghraib morreu enquanto era investigado pela CIA
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Uma das vítimas das cenas de abuso na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, que aparece nas fotos que expuseram o escândalo de militares contra prisioneiros iraquianos, morreu quando era interrogado pela CIA (inteligência dos EUA) em métodos não-convencionais: o prisioneiro estava pendurado pelas mãos --amarradas atrás das costas--, segundo documentos examinados pela agência de notícias Associated Press.
AP |
O cabo Charles Graner posa ao lado do corpo de Al Jamadi |
Al Jamadi morreu em uma posição chamada de "forca palestina" [a vítima tem suas mãos amarradas atrás das costas e depois é suspensa pelos punhos, o que pode causar sufocamento conforme o corpo é esticado], de acordo com os documentos, que não determinam se essa posição, qualificada como tortura por grupos de direitos humanos, foi aprovada pelo presidente George W. Bush para ser utilizada nos interrogatórios da CIA.
A inteligência dos EUA, que passa por uma investigação no Congresso americano sobre prisão e interrogatórios de suspeitos de terrorismo em Bagdá e em outras partes, não quis comentar o relatório.
A morte de Al Jamadi, que era um dos prisioneiros mantidos sob sigilo pela CIA em Abu Ghraib, veio a público em novembro de 2003, quando foram divulgadas fotos de soldados que atuavam na prisão fazendo sinal de vitória sobre o cadáver do iraquiano, que fora conservado em gelo.
À época, o registro indicava se tratar de um prisioneiro "OGA", sigla em inglês para "de outra agência do governo", normalmente usada para designar alguém sob custódia da CIA.
Um dos americanos envolvidos neste caso, o cabo Charles Graner, foi condenado a dez anos de prisão em instituição militar, no mês passado.
Sem respirar
Al Jamadi morreu sob uma ducha em um interrogatório que levou cerca de 30 minutos, antes que os investigadores conseguissem fazê-lo revelar qualquer tipo de informação, de acordo com relatos que constam dos documentos, e que foram elaborados segundo informações de guardas do Exército que atuavam na prisão e prestaram seus depoimentos perante membros da CIA e do Exército dos EUA.
O sargento americano Jeffery Frost disse que os braços do prisioneiro estavam presos atrás das costas de uma maneira que ele nunca havia visto, acrescentando que ficou surpreso pelos braços de Al Jamadi não terem se soltado do corpo do iraquiano.
O legista militar que examinou o corpo de Al Jamadi e que determinou que se tratava de um homicídio constatou que o prisioneiro tinha várias costelas quebradas e que morreu por sofrer pressão peitoral e dificuldade para respirar. Um outro legista, civil, o médico Michael Baden, confirmou que a posição em que prenderam Al Jamadi poderia ter contribuído para a morte do iraquiano.
Para o diretor de investigações do grupo de Médicos a Favor dos Direitos Humanos, Vincent Iacopino, pendurar um prisioneiro pelos braços, presos atrás das costas, é um caso de tortura simples e claro.
Com agências internacionais
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