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24/01/2006 - 13h19

Análise: A luta entre Fatah e Hamas pelo poder

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BEATRIZ LECUMBERRI
da France Presse, em Ramallah

Onze partidos disputam as eleições legislativas palestinas de quarta-feira, mas dentro e fora das fronteiras de Gaza e da Cisjordânia a batalha pelo voto parece resumir-se à luta entre o Fatah e o Hamas, os dois grandes favoritos.

As eleições palestinas passariam praticamente despercebidas se não fosse a surpreendente decisão do movimento islâmico radical Hamas de participar pela primeira vez de um processo eleitoral.

Animado pelo êxito nas municipais do final de 2005, o grupo quer repetir a vitória e prosseguir seu avanço, obrigando o Fatah, instalado no poder há vários anos, a renovar sua estratégia e promessas eleitorais.

Em primeiro lugar, o Fatah, que controla o governo e o Parlamento, não deseja perder a maioria na Câmara e tampouco se imagina fazendo uma aliança com o Hamas para conservá-la.

Além disso, as autoridades palestinas sofrem a pressão da comunidade internacional, que considera o Hamas um grupo terrorista e ameaça bloquear "sine die" as negociações de paz se o grupo radical passar a integrar o governo. Além disso, a entrada do Hamas no Parlamento poderia significar um corte nas ajudas econômicas da Europa, como já advertiram os governos da Europa.

De acordo com uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, o Fatah perderia a maioria no Parlamento nas eleições de quarta-feira: o movimento fundado por Iasser Arafat obteria 59 cadeiras de um total de 132, contra 54 do Hamas.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, afirmou que as eleições serão democráticas e, por isso, seu governo aceitará qualquer resultado.

No entanto, já advertiu o Hamas que, antes de entrar para o governo, deverá aceitar os acordos de Oslo, que criaram a ANP, e reconhecer a existência de Israel.

Para ganhar mais votos, o Hamas suavizou o discurso e o Fatah saiu às ruas e pediu aos eleitores uma segunda oportunidade para acabar com a corrupção e a paralisia que destrói sua estrutura.

Nos últimos dias, vários líderes do movimento radical que defende a luta armada e prega a destruição de Israel em sua carta de fundação, manifestaram inclusive que estão dispostos "a negociar com o inimigo pelo bem do povo palestino".

"As negociações com Israel não estão proibidas", manifestou Mahmoud Zahar, candidato do Hamas, afirmando, no entanto, que tampouco eram um objetivo do grupo radical.

"Se o inimigo israelense tiver propostas, referentes à interrupção dos ataques ou à libertação dos presos, encontraremos mil e uma maneiras de fazer contato", acrescentou.

Porém, a questão das conversações com Israel é um ponto que provoca muitas divergências entre os líderes do Hamas. O número um da lista do movimento, Ismail Haniyeh, ressaltou que as negociações não estavam na agenda do movimento.

Segundo Mohammed Odeh, um dos organizadores da campanha do Fatah, o maior inimigo do partido não é o Hamas e sim as dezenas de candidatos independentes que provocam a dispersão de votos.

Nos últimos dias, pelo menos 40 deles foram convencidos a retirar suas candidaturas para favorecer o Fatah neste momento de falta de votos.

Conscientes da perda de popularidade, os líderes do partido também multiplicaram os comícios nos campos de refugiados e nas pequenas cidades da Cisjordânia.

"As pessoas precisam de uma mudança e o Fatah vai mudar. Pedimos às pessoas uma nova oportunidade. Vamos limpar a casa e conduzir o povo a uma nova era de transparência e democracia", afirmou um dos candidatos esta semana no campo de refugiados de Kalandia, ao norte de Jerusalém.

Especial
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