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22/02/2006 - 17h11

Fatah avalia possibilidade de se unir ao Hamas no governo

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da Efe, em Gaza

O movimento nacionalista Fatah analisa a possibilidade de se unir ao Hamas em um Governo de união nacional, disse nesta quarta-feira o chefe de seu grupo parlamentar, Azzam al Ahmed, que dirige as negociações de coalizão.

"A idéia de participar de um governo palestino liderado pelo Hamas é aceitável para o Fatah, mas antes teremos que definir um programa conjunto de governo", disse o político palestino em entrevista coletiva.

Al Ahmed se reuniu hoje em Gaza com seus colegas do Hamas dentro das negociações que o partido islâmico realiza com outros partidos políticos com vistas à criação de um gabinete de união nacional.

Segundo Ahmed, não há diferenças entre os dois movimentos sobre os objetivos gerais, mas "em torno dos mecanismos para levar adiante a ação de governo".

"Se superarmos essas diferenças, poderíamos então trabalhar juntos por esses objetivos importantes", disse.

O Hamas conseguiu uma arrasadora maioria nas eleições legislativas de 25 de janeiro, e até agora o Fatah tinha descartado a possibilidade de formar um governo de união nacional com os extremistas islâmicos.

A principal disputa se concentra no reconhecimento dos acordos de Oslo com Israel e na necessidade de abandonar o caminho da violência para resolver o conflito palestino-israelense.

"Concordamos em seguir as negociações, porque há coisas nas quais estamos de acordo, como é o interesse supremo palestino, e espero que nos seguintes contatos possamos superar nossas diferenças", disse Mahmoud Zahar, um dos líderes do Hamas e que dirige as negociações.

Protesto

Centenas de ativistas, entre membros do Fatah e funcionários da ANP (Autoridade Nacional Palestina, protestaram nesta quarta-feira diante da sede do Parlamento palestino em Ramalah pela demissão do secretário-geral da câmara legislativa.

Os manifestantes cantavam slogans contra o Hamas e acusavam esse movimento de ter a intenção de "limpar" a ANP de ativistas do Fatah através da demissão de milhares de funcionários.

O novo presidente do Parlamento, Aziz Dueik, decidiu ontem demitir o secretário-geral da câmara legislativa, Ibrahim Jereishe.

Fontes palestinas informaram que Dueik chegou ao Parlamento acompanhado por cerca de dez homens armados e informou a Jereishe sobre sua demissão.

"A atitude de Dueik não é adequada para um funcionário desse nível", disse Jereishe hoje em declarações à rádio A Voz da Palestina.

Durante os últimos dias, registrou-se um aumento da tensão entre o Fatah e o Hamas devido à decisão do movimento islâmico de suspender uma série de nomeações aprovadas pelo Parlamento palestino anterior, dominado pelo Fatah, em sua última sessão.

O Hamas afirmou que as nomeações foram suspensas até que se comprove a legalidade de sua aprovação.

"Achamos que o ex-presidente do Parlamento palestino tomou decisões ilegais, mas, caso se demonstre o contrário, as aprovaremos", indicou Salah Bardauil, porta-voz do grupo parlamentar do Hamas.

Por sua parte, o chefe do grupo parlamentar do Fatah, Azzam al Ahmed, disse que "a decisão de Dueik é um mau começo". "Dueik se impôs no Parlamento como um ditador, o que rejeitamos", acrescentou.

O movimento Hamas obteve 74 das 132 cadeiras nas eleições de 25 de janeiro e tomou posse do Parlamento palestino no último sábado (18).

Recuo

Enquanto isso, o primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, disse nesta quarta-feira perante a comissão parlamentar de Relações Exteriores e Segurança do país, que não se arrepende de ter permitido a realização das eleições palestinas.

Quanto à participação do Hamas, Olmert afirmou que Israel não podia impedi-la.

Olmert disse que não considera que o Hamas constitua uma ameaça estratégica para Israel, o que contradiz as declarações pronunciadas recentemente pelo chefe dos serviços secretos israelenses, Yuval Diskin.

Além disso, Olmert afirmou ter a intenção de permitir que palestinos possam entrar em Israel para trabalhar.

No domingo (19), o governo israelense decidiu paralisar a transferência mensal de dinheiro que arrecada como agente de retenção de impostos da ANP, para que esses recursos não caíssem nas mãos do Hamas.

A proibição da entrada a Israel de operários palestinos era outra das medidas punitivas que o governo de Olmert estudava em resposta à tomada de poder do Hamas.

Por sua parte, o ministro das Finanças palestino, Mazen Sunukrut, negou que a ANP poderia deixar de pagar, neste mês, os salários de seus funcionários, e indicou que estes pagamentos serão feitos nos próximas dias.

A ANP precisa de US$ 90 milhões por mês só para pagar os salários de seus empregados.

No entanto, Sunukrut confirmou que a ANP atravessa uma crise financeira, com um déficit de cerca de US$ 700 milhões.

O diretor-geral do Ministério de Finanças palestino, Jihad al Uasir, tinha afirmado antes que os cofres da ANP estão totalmente vazios.

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