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23/03/2006 - 17h37

Conheça os principais partidos das eleições israelenses

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da Folha Online

Mais de 30 partidos estão inscritos para as eleições legislativas israelenses, mas apenas três devem disputar efetivamente as eleições que vão definir o próximo premiê. Entre eles está o Kadima, fundado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon, 78, em coma desde o dia 4 de janeiro último, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC, termo técnico para designar um derrame).

Veja a seguir perfil dos principais partidos:

Kadima

A fundação do Kadima (centro), em novembro de 2005, por Sharon, marcou um racha na política de Israel, com a incorporação de líderes do Likud e do Partido Trabalhista no novo grupo.

A criação do partido por Sharon ocorreu em um momento em que as divergências no Likud se mostravam mais evidentes, logo após os trabalhistas terem decidido deixar seus cargos no governo.

O Kadima, que atraiu parlamentares de centro dos dois maiores partidos do país --Likud e Trabalhista--, registra os melhores resultados até agora nas pesquisas de intenção de voto.

Depois de Sharon ter se afastado de suas atividades, devido o AVC, o primeiro-ministro interino do país, Ehud Olmert, passou a liderar a legenda, mantendo seu eleitorado.

Entre os principais pontos da plataforma do Kadima estão o apoio ao plano internacional de paz e à coexistência de um Estado palestino ao lado da nação israelense.

Partido Trabalhista

O Partido Trabalhista sofreu uma de suas maiores transformações em mais de uma década com a surpreendente eleição de Amir Peretz para a liderança da legenda em novembro de 2005. Com novos nomes, o partido busca uma recuperação dos fracos resultados registrados nas urnas em 2001 e 2003.

Os trabalhistas entraram em uma profunda crise após o fracasso da cúpula de Camp David e o começo da Intifada em 2000, que levaram à queda do governo do primeiro-ministro Ehud Barak e à vitória nas eleições de janeiro de 2001 do chefe de governo israelense, Sharon.

Com Peretz como líder, o Partido Trabalhista deu destaque para uma agenda dominada pelas políticas social e econômica, defendendo um aumento do salário mínimo e dos benefícios concedidos pela previdência social. O partido defende também as negociações com os palestinos com base nos acordos de Oslo (1993).

Likud

No final do ano passado, em meio aos preparativos para a campanha eleitoral, o primeiro-ministro Sharon, fundador do Likud, anunciou que estava deixando a legenda para formar uma nova agremiação.

Mesmo tendo conquistado 40 cadeiras no Parlamento no pleito de 2003, a força do Likud foi abalada por divisões internas causadas pelo plano de retirada unilateral da faixa de Gaza defendida pelo primeiro-ministro, o que acabou colocando em posições contrárias moderados e o bloco direitista.

A saída de Sharon e de vários líderes importantes do partido, em novembro de 2005, deixou o Likud enfraquecido. Pesquisas apontam que a legenda irá perder ao menos metade de suas cadeiras nas próximas eleições para o Parlamento israelense.

O partido se opõe a uma retirada unilateral dos territórios ocupados e a negociações sobre o plano de paz enquanto as autoridades palestinas não reconhecerem o Estado de Israel.

Na plataforma eleitoral do Likud estão a defesa de uma Jerusalém unificada e a conclusão da "barreira de segurança" na Cisjordânia.

Shinui

Fundado por empresários e intelectuais em 1974, o partido laico corre o risco de não conseguir obter nenhuma vaga para o Knesset (Parlamento de Israel), apesar de seu apelo secular voltado para a classe média. Mesmo com o bom resultado obtido nas urnas em 2003 --quando conquistou 15 vagas--, o Shinui vem sofrendo em razão de divisões internas e disputas pela liderança da legenda.

O Shinui apóia o estabelecimento de um Estado secular, livre de influências religiosas, e com uma rígida separação de religião e Estado. A legenda de centro-direita também apóia o recrutamento de estudantes de colégios religiosos, assim como o funcionamento do comércio, dos transportes públicos e de eventos culturais no shabat [dia de descanso dos judeus, que se inicia ao pôr-do-sol da sexta-feira e termina ao anoitecer do sábado].

Na economia, o partido liberal defende um amplo processo de privatizações e o liberalismo em questões comerciais.

Meretz-Yahad

Um dos principais desafios da frente de esquerda Meretz na próxima eleição é evitar a perda de votos para os trabalhistas, que focam sua plataforma em questões econômico-sociais, e para o Kadima, que defende a retirada da Cisjordânia.

Depois de uma substancial perda de cadeiras no pleito de 2003, o partido Meretz passou por um processo de mudança de imagem e de nome, com a fusão Meretz-Yahad.

O partido defende o fim da ocupação dos territórios palestinos, a solução do conflito israelo-palestino por meio de negociações com a existência de dois Estados separados e a criação de um Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967, com pequenas correções. O Meretz defende que, se um acordo não puder ser atingido por meio de negociações, será necessária uma retirada unilateral da Cisjordânia.

União Nacional

O partido de extrema direita União Nacional deixou a coalizão que apoia o governo de Sharon em junho de 2005, quando o primeiro-ministro demitiu dois ministros da legenda que eram contrários ao plano de retirada dos territórios ocupados.

Forte opositor de concessões nos territórios ocupados, da retirada de colonos e da fundação de um Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia, o partido ultranacionalista acredita que o Estado de Israel pertence somente aos judeus.

A União Nacional alega que os acordos de Oslo (1993) foram desastrosos para Israel e que a concessão do controle da segurança dos territórios para os palestinos --com treinamento e armamento-- foi a causa das ondas de ataque terrorista que atingiram o país após a negociação na Noruega.

Raam - Lista Árabe Unida

O Raam já foi o principal partido árabe de Israel, com cinco cadeiras no Knesset. Atualmente o partido é representado no Parlamento somente pelo líder Abdulmalik Dehamshe e Taleb a Sana.

A legenda apoia a criação de um Estado palestino independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com base nas fronteiras anteriores a 1967. A Lista Árabe Unida também defende a retirada de todos os colonos dos territórios ocupados e a divisão de Jerusalém.

O aumento de recursos para as cidades e outras áreas árabes e a separação de religião e Estado também estão entre os principais pontos da plataforma do Raam.

Hadash-Taal

Herdeiro do antigo Partido Comunista Israelense, o Hadash (Frente Democrática para Mudança) era originalmente uma legenda que misturava árabes e judeus. Mesmo contando ainda com membros judeus, o Hadash não conta mais com representantes desta origem no Knesset. No pleito de 2003, o Hadash uniu forças com o Taal (Movimento de Renovação Árabe), sendo que a aliança política conta atualmente com três integrantes no Parlamento, Mohammed Barakeh e Issam Makhoul, ambos do Hadash, e Ahmed Tibi, do Taal.

A coalizão Hadash-Taal exige o reconhecimento do direito de não alistamento nas Forças Armadas de Israel por questões de consciência. O partido também defende a desestruturação do aparato nuclear militar israelense e direitos iguais para mulheres.

O Hadash-Taal luta pela retirada de Israel de todos os territórios ocupados na guerra de 1967 e pela fundação de um Estado Palestino ao lado de Israel, com a capital em Jerusalém Oriental.

Balad

O Balad (Aliança Democrática Nacional) é o mais radical dos partidos árabes de Israel, fundado em 1995 por Azmi Bishara. É o partido árabe que tem mais representantes legislativos atualmente, contanto com Bishara, Wasil Taha e Jamal Zahalka no Knesset.

Bishara foi o primeiro candidato a primeiro-ministro de Israel de origem árabe, nas eleições de 1999.

A legenda é a favor do retorno de todos os refugiados palestinos e da devolução das colinas de Golan para a Síria, dois posicionamentos que colocaram o Balad distante de outras facções políticas árabes do país.

Outro ponto polêmico defendido pelo Balad é a mudança do caráter de Israel como um Estado judeu para "um Estado de todos os cidadãos".

Partido Nacional Religioso (Mafdal)

Representado por seis parlamentares no Knesset, o Mafdal se opõe a qualquer retirada dos territórios ocupados, a expulsões de colonos dos assentamentos israelenses e ao estabelecimento de um Estado palestino.

O Partido Nacional Religioso é contra os acordos de Oslo (1993) e classifica o plano de paz internacional apoiado pelo Quarteto [Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia] como um "Oslo disfarçado".

Um dos maiores opositores da retirada unilateral de Gaza, o partido de direita é favorável à separação dos palestinos, mas defende que o "muro de proteção" não siga a fronteira de 1967, mas sim circule apenas os centros de população árabe.

Entre outros pontos da plataforma eleitoral do Partido Nacional Religioso estão a manutenção do caráter religioso do Estado e a defesa da paralisação dos transportes públicos e do comércio durante o shabat.

Shas

O partido judaico ultraortodoxo, que luta pela aprovação de mais leis de inspiração religiosa, registrou uma grande perda de cadeiras no Knesset na última eleição, passado de 17 para 11 parlamentares.

A legenda de judeus sefarditas [de origem ibérica] teve pouco destaque na última legislatura, em razão de sua recusa em participar de qualquer coalizão governamental que tenha a participação do partido secular Shinui.

Forte opositor da retirada unilateral dos territórios, o Shas luta pelo fortalecimento dos assentamentos até que um acordo permanente seja alcançado com os palestinos.

Membros do partido ficaram de fora dos protestos contra a retirada dos territórios palestinos, alegando que seu "protesto real será feito pelas urnas".

Judaísmo Unido da Torá

O partido é composto por várias facções de judeus ultraortodoxos ashkenazi [de origem européia central ou oriental] que pretendem representar os membros de sua comunidade nos corredores do poder israelense.

O Judaísmo Unido da Torá quer a manutenção de um estilo de vida estritamente judaico no país, com a disseminação dos valores tradicionais da religião. Todos os pontos de sua plataforma são formulado por líderes espirituais, incluindo questões de segurança e economia.

Inicialmente o partido era um fervoroso opositor das retiradas dos territórios. Posteriormente, pouco antes do começo das saídas, a legenda mudou sua posição, ao integrar a coalizão de Sharon em troca de garantias sobre o processo.

Gil - Partido dos Aposentados

Os aposentados, eleitores tradicionais do Partido Trabalhista, decidiram constituir sua própria lista para as eleições legislativas deste ano por se considerarem marginalizados pelas legendas tradicionais. O líder do partido é Rafi Eitan, 79, um ex-funcionário do Mossad, o serviço de inteligência israelense.

Em um país com 750 mil aposentados, a lista direcionou seus esforços de campanha para angariar eleitores em asilos, cafés e também junto aos taxistas. O programa do partido é favorável à institucionalização de um sistema de pensões obrigatório e à defesa dos interesses da população idosa.

Os idosos representam um dos grupos que mais cresce entre o eleitorado israelense --atualmente existem 750 mil aposentados entre os 6,8 milhões de habitantes do país.

Yisrael Beitenu

O partido ultranacionalista é formado em sua grande maioria por imigrantes judeus da antiga União Soviética.

Liderado pelo israelense de origem moldávia Avigdor Lieberman, o partido de direita focou sua campanha nos eleitores falantes da língua russa.

A mais controversa proposta do partido --cujo nome significa, em tradução livre, "Israel Nossa Casa"-- é a de permitir que as vilas de origem árabe-israelense adjacentes ao território palestino da Cisjordânia sejam cedidas para a construção de assentamentos de judeus. Apesar disso, o Yisrael Beitenu se posiciona favoravelmente à criação de um Estado palestino.

Especial
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