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23/04/2006 - 19h16

Belarus quer reflorestar área afetada por radiação de Tchernobil

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da Efe, em Minsk

A oposição da república de Belarus (antiga Bielo-Rússia) denunciou, neste domingo, os planos de reflorestamento da "zona zero", região mais afetada pela nuvem radioativa liberada no acidente da central nuclear ucraniana de Tchernobil, em 26 de abril de 1986.

"A região fronteiriça com a Ucrânia continua sendo muito perigosa para a saúde das pessoas. Não é verdade que já se possam cultivar batatas e tomates para o consumo", disse Anatoli Lebedkó, líder da opositora Frente Cívica Unido.

A oposição acusa o presidente bielo-russo, Alexander Lukashenko, de enganar a população para aliviar o peso no orçamento nacional dos programas de combate contra as seqüelas da radioatividade.

"Só os idosos se atrevem a morar na região de Gomel. Lukashenko está disposto a colocar em perigo a vida de famílias inteiras", afirmou Lebedkó, a poucos dias do 20º aniversário da catástrofe.

Segundo os números oficiais, mais de 1,7 milhão de pessoas (incluindo 360 mil crianças), cerca do 20% da população, ainda sofrem conseqüências da radiação.

Por sua vez, 23% do território nacional e 22% das florestas foram afetados pela nuvem radioativa procedente da usina nuclear ucraniana, situada a apenas 25 quilômetros da fronteira bielo-russa.

Segundo algumas fontes independentes, 70% de agentes tóxicos liberados por Tchernobil foram para Belarus levados pelo vento e, também, porque o Exército soviético bombardeou as nuvens tóxicas para evitar que a chuva radioativa contaminasse o território russo.

O primeiro-ministro de Belarus, Serguei Sidorski, afirmou, nesta semana, que o governo trabalha no renascimento econômico das regiões contaminadas deste país de menos de 10 milhões de habitantes. "Os programas anteriores visavam a superação das seqüelas, mas o último tem como meta a recuperação econômica e social dos territórios afetados", disse.

Por sua vez, Lebedkó -- que foi condenado, em 21 de março, a duas semanas de prisão por convocar atos eleitorais sem autorização-- acusou as autoridades de encobrir o número de mortos e doentes, e proibir que cientistas contradigam a versão oficial.

"Os índices de doenças oncológicas, especialmente de câncer nas vias respiratórias, aumentaram consideravelmente com o passar dos anos", disse. O líder opositor citou como exemplo do temor que existe entre os bielo-russos o fato de "nenhum especialista enviado à área querer ficar na região após cumprir seus três anos de contrato obrigatório".

Por esta razão, a oposição exige do governo que deixe de enviar universitários às áreas afetadas pela catástrofe nuclear e interrompa a produção agrícola na "zona zero" e nas regiões vizinhas.

Os planos de construção de duas novas centrais nucleares no país para satisfazer 25% da demanda de eletricidade, assunto que Lukashenko poderia levar a plebiscito, também provocou a indignação da oposição.

Lebedkó afirmou que, no dia do 20º aniversário, "milhares de pessoas denunciarão as tentativas de Lukashenko de apagar a lembrança de Tchernobil".

Apesar de não ter recebido autorização das autoridades de Minsk, a oposição democrática deve se reunir na central Praça de Outubro, coração dos protestos contra a fraude eleitoral, que ocorreram no fim do mês passado.

Todos os anos, no aniversário de Tchernobil, a oposição bielo-russa pede ao governo que faça frente às seqüelas da maior catástrofe nuclear da história. As manifestações convocadas pela oposição, em 26 de abril de 2005, resultaram na detenção de dezenas de pessoas que se reuniram na mesma praça.

Lukashenko critica o Ocidente por não ajudar a Belarus, mas as organizações internacionais acusam-no de dificultar seus trabalhos, ao exigir que as doações sejam canalizadas por meio de agências oficiais.

Lebedkó também acusou Lukashenko de "cinismo", por rejeitar a assistência do Ocidente, especialmente aos programas médicos e de repouso em sanatórios dirigidos às crianças bielo-russas afetadas pela radiação.

"Lukashenko não se preocupa com a saúde dos jovens de seu país. Tem medo que possam conhecer o mundo e perceber a ditadura em que vivem", disse.

O governo, que gastou quase US$ 18 bilhões desde 1986, anunciou uma nova verba de US$ 1,6 bilhão para combater as seqüelas da catástrofe, que causou ao país danos no valor de US$ 235 bilhões.

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