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07/07/2006 - 07h41

Família de brasileiro morto após ataques em Londres diz estar só

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DANIELA LORETO
da Folha Online

A família de Jean Charles de Menezes, 27, morto em 22 de julho passado-- duas semanas após os ataques contra o sistema de transportes de Londres-- foi abandonada pelas autoridades e até pela comunidade brasileira em Londres, segundo relatou à Folha Online, por telefone, de Londres, Alex Alves Pereira, 28, primo de Menezes.

"O caso está totalmente parado, não há novidades", afirma, queixando-se da demora das autoridades britânicas em esclarecer a morte.

Menezes foi morto na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres, após ter sido confundido por policiais com um homem bomba prestes a se explodir. O brasileiro morreu duas semanas após os atentados no sistema de transportes de Londres que mataram 52 pessoas, no dia 7 de julho, e um dia após os atentados frustrados do dia 21 de julho.

Segundo Pereira, a família conseguiu provar que a Scotland Yard mentiu sobre as circunstâncias da morte. "Na coletiva dada logo após a morte, Ian Blair [chefe da polícia britânica] disse que o Jean tinha ligação com atividades terroristas, usava roupas suspeitas e teria pulado a catraca do metrô. Tudo isso foi desmentido nas investigações", afirmou.

Após as conclusões da investigação sobre o caso, a Polícia Metropolitana reconheceu que Menezes trafegava normalmente pela estação de metrô, e que sua morte foi um "trágico erro".

Os familiares do brasileiro pediram uma segunda investigação da IPCC (Comissão Independente de Queixas da Polícia), que ainda não foi concluída. A conclusão do inquérito, que estava prevista para ser entregue em junho, foi adiada para setembro ou outubro próximo.

Provas

Pereira se queixa do que acredita ser falta de empenho das autoridades em solucionar o caso. "A primeira investigação concluiu que não há provas suficientes para incriminar os policiais envolvidos. Em todos os casos envolvendo a polícia, o resultado é o mesmo", acusa.

Segundo ele, a família não acredita que o circuito interno de segurança do metrô não tenha registrado imagens de Menezes, como alega a polícia. "São muitas câmeras, com imagens gravadas em fitas diferentes. Acredito que as imagens foram apagadas", diz.

Para o primo do brasileiro, também é pouco provável que a comunicação feita via rádio entre os policiais não tenha sido gravada. "A polícia diz que vigiou o Jean durante dias, e que há imagens da vigilância, mas não mostraram as fitas para provar que ficaram em frente ao prédio".

"Nós conseguimos mostrar que a polícia mentiu, mas as provas não aparecem", reclama.

Chefe

Outro motivo de queixa dos familiares é a permanência de Ian Blair à frente da chefia da Scotland Yard. "Ele deveria ter sido afastado no dia em que as informações de a polícia havia mentira foram divulgada", disse Pereira. "Nesse dia, tudo já deveria ter sido esclarecido".

O primo do brasileiro diz ter esperança de que a verdade seja descoberta porque o caso é de interesse internacional. "Se dependêssemos apenas da polícia e das autoridades britânicas, nada seria descoberto. Ninguém aqui tem interesse em encontrar a verdade", afirma.

Pereira também se ressente da falta de apoio da própria comunidade brasileira em Londres. "Os brasileiros que vivem em Londres não se envolvem com o caso do Jean. Se não fôssemos nós, da família, ninguém aqui lutaria por ele. Estamos sozinhos nesse país".

Aniversário

Segundo Pereira, a família não planeja fazer mobilizações ou campanhas nesta sexta-feira --aniversário dos ataques contra o metrô de Londres-- nem no dia 22 de julho, quando a morte de Menezes completará um ano. "Campanhas só fazem política, não acharemos a verdade dando gritos por aí, mas analisando os detalhes e exigindo a verdade da polícia", diz.

O primo do brasileiro diz ter feito um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ele recebeu a família de Menezes no Brasil. Segundo ele, Lula prometeu enviar um advogado especializado em Direitos Humanos e um promotor para ajudar no caso, depois da divulgação dos resultados da segunda investigação sobre a morte.

Pereira nega ter medo de sofrer ameaças ou represálias enquanto o caso não for esclarecido. "Só paro morto", diz. "Se alguém me ameaçar, não vai fazer diferença. Continuarei até o fim."

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