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09/07/2006 - 18h20

Fortuna de Pinochet provém da cocaína, afirma ex-chefe da Dina

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da Efe, em Santiago do Chile

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet ficou multimilionário através da fabricação e tráfico de cocaína, segundo o general reformado Manuel Contreras, ex-chefe da Polícia secreta de seu regime e um dos mais fiéis subordinados do ex-ditador.

Segundo publica neste domingo o jornal "La Nación", Contreras, ex-chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina), encaminhou suas acusações ao juiz Claudio Pavez, que investiga o assassinato, em 1992, do coronel Gerardo Huber.

Contreras afirma que a cocaína era fabricada em um complexo químico que o Exército possui na localidade de Talagante, cerca de 40 quilômetros ao sudoeste de Santiago, pelo químico Eugenio Berríos, que também pertencia à Dina, e foi assassinado no Uruguai nos anos 90.

O filho mais novo de Pinochet, Marco Antonio, e o empresário Edgardo Bathich também participavam do plano, segundo o general reformado, que cumpre pena por assassinato.

O encarregado de distribuir a droga nos EUA e outros países, e de depositar posteriormente os lucros nas contas que Pinochet possuía em diversos bancos internacionais era, sempre de acordo com Contreras, o sírio Monser Al Kassar.

Contreras afirma ainda que Pinochet utilizou em proveito próprio os fundos reservados do Exército, que eram depositados em sua conta pessoal, e dos quais ele ficava com os rendimentos.

A cocaína fabricada por Berríos, segundo Contreras, era denominada 'negra' ou 'russa', indetectável pelos métodos tradicionalmente utilizados pela Polícia.

Contreras afirmou ao juiz que decidiu colaborar devido ao remorso pela morte do coronel Gerardo Huber, cujo assassinato foi relacionado ao contrabando de armas à Croácia descoberto no início dos anos 90, durante a guerra nos Bálcãs.

No julgamento por sua morte, estão sendo processados pelo delito de formação de quadrilha cinco ex-oficiais do Exército, entre eles três generais da reserva. Eugenio Berríos foi assassinado no Uruguai, para onde foi levado clandestinamente em 1991, quando pretendia testemunhar no processo pelo homicídio do ex-chanceler Orlando Letelier.

No julgamento pela morte de Berríos, estão sendo processados pelo juiz Alejandro Madri dois majores reformados do Exército, e três militares uruguaios extraditados ao Chile em abril.

Pinochet está sendo processado junto a alguns parentes e antigos colaboradores pelo juiz Carlos Cerda, que investiga a origem da fortuna acumulada através de contas secretas no exterior, calculadas até o momento em mais de US$ 26 milhões.

Contreras, que teve desavenças públicas com seu antigo superior, cumpre uma condenação de doze anos de prisão pelo desaparecimento do alfaiate Miguel Ángel Sandoval. Esta não é a primeira vez que ele relaciona Pinochet ao narcotráfico, segundo lembra o próprio "La Nación".

Em 1988, o ex-chefe da Dina, que cumpriu uma pena de sete anos de prisão pelo assassinato de Orlando Letelier, negociou sua situação judicial com a embaixada dos EUA em Santiago.

Em troca de Washington retirar a acusação pelo assassinato do ex-chanceler, Contreras ofereceu informações sobre as atividades de narcotráfico de um filho de Pinochet e do ex-major Armando Fernández Larios.

Larios desertou do Exército na década de 80, e se entregou à Justiça americana, que em troca de sua colaboração lhe deu uma sentença reduzida e tratamento de testemunha protegida.

Esta tentativa de Contreras, assinala o 'La Nación', consta em um relatório do Departamento de Estado do 10 de fevereiro de 1989, desqualificado em 1991.

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