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16/07/2006
-
09h14
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington
No dia 1º de maio de 2003, a bordo do USS "Abraham Lincoln", com uma faixa em que se lia "Missão Cumprida" ao fundo, George W. Bush disse que "as operações principais de combates no Iraque terminaram". Na última sexta-feira, o escritório de Orçamento do Congresso norte-americano divulgou que o país gastou até agora US$ 291 bilhões com a invasão --soma que deve chegar a US$ 500 bilhões até o fim da década, o que fará dessa a segunda guerra mais dispendiosa da história dos Estados Unidos, à frente dos conflitos no Vietnã e na Coréia.
Nesses mais de três anos, o país entrou num estado que alguns analistas chamam de guerra civil, com a insurgência xiita e sunita dividida entre ataques entre si e contra os Estados Unidos.
Em maio de 2003, havia dez ataques do tipo por dia, segundo levantamento de Michael O'Hanlon, do departamento de estudos de política externa da Brookings Institution.
Em maio de 2005, houve 70 ataques. Um ano depois, o mesmo mês foi palco de 56 explosões de bombas com mortos pelo país.
"A violência em geral está tão ruim quanto sempre esteve", escreveu O'Hanlon. "O sectarismo está pior do que nunca. A economia voltou a índices pré-guerra, mas começa a fazer água", relata.
O resultado, segundo o estudo do acadêmico, é que o otimismo do iraquiano se foi. De acordo com um levantamento do International Republican Institute feito em março, mais de 75% dos locais faziam uma avaliação negativa da segurança. Nem a morte de Abu Musab al Zarqawi, líder local da Al Qaeda, no começo de junho, melhorou os ânimos.
"Do jeito que as coisas estão sendo tocadas, o Iraque é um caso perdido", disse à Folha Joseph Cirincione, do Center for American Progress.
Além disso, o fracasso no país está marcando a atuação do presidente norte-americano nas crises atuais --da maneira errada.
"Queimado por sua amarga experiência no Iraque, George W. Bush está se escondendo debaixo das saias do multilateralismo como uma maneira de não lidar com os problemas pessoalmente", escreveu o analista Michael Hirsch na última sexta-feira.
Não a conversas
Para ele, é por isso que o presidente norte-americano não permitiu que seu governo até agora tivesse conversas bilaterais com o Irã, a Coréia do Norte e com o governo palestino sob a gestão do Hamas, nas recentes crises, e por isso fará o mesmo com a situação atual entre Israel e Líbano.
O trauma do Iraque fez com que os Estados Unidos acabassem com o que a revista semanal "Time" chamou de "diplomacia caubói". O problema é que, até o momento, a Casa Branca ainda não apresentou nenhum substituto.
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Violência sectária empurra Iraque para uma guerra civil
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da Folha de S.Paulo, em Washington
No dia 1º de maio de 2003, a bordo do USS "Abraham Lincoln", com uma faixa em que se lia "Missão Cumprida" ao fundo, George W. Bush disse que "as operações principais de combates no Iraque terminaram". Na última sexta-feira, o escritório de Orçamento do Congresso norte-americano divulgou que o país gastou até agora US$ 291 bilhões com a invasão --soma que deve chegar a US$ 500 bilhões até o fim da década, o que fará dessa a segunda guerra mais dispendiosa da história dos Estados Unidos, à frente dos conflitos no Vietnã e na Coréia.
Nesses mais de três anos, o país entrou num estado que alguns analistas chamam de guerra civil, com a insurgência xiita e sunita dividida entre ataques entre si e contra os Estados Unidos.
Em maio de 2003, havia dez ataques do tipo por dia, segundo levantamento de Michael O'Hanlon, do departamento de estudos de política externa da Brookings Institution.
Em maio de 2005, houve 70 ataques. Um ano depois, o mesmo mês foi palco de 56 explosões de bombas com mortos pelo país.
"A violência em geral está tão ruim quanto sempre esteve", escreveu O'Hanlon. "O sectarismo está pior do que nunca. A economia voltou a índices pré-guerra, mas começa a fazer água", relata.
O resultado, segundo o estudo do acadêmico, é que o otimismo do iraquiano se foi. De acordo com um levantamento do International Republican Institute feito em março, mais de 75% dos locais faziam uma avaliação negativa da segurança. Nem a morte de Abu Musab al Zarqawi, líder local da Al Qaeda, no começo de junho, melhorou os ânimos.
"Do jeito que as coisas estão sendo tocadas, o Iraque é um caso perdido", disse à Folha Joseph Cirincione, do Center for American Progress.
Além disso, o fracasso no país está marcando a atuação do presidente norte-americano nas crises atuais --da maneira errada.
"Queimado por sua amarga experiência no Iraque, George W. Bush está se escondendo debaixo das saias do multilateralismo como uma maneira de não lidar com os problemas pessoalmente", escreveu o analista Michael Hirsch na última sexta-feira.
Não a conversas
Para ele, é por isso que o presidente norte-americano não permitiu que seu governo até agora tivesse conversas bilaterais com o Irã, a Coréia do Norte e com o governo palestino sob a gestão do Hamas, nas recentes crises, e por isso fará o mesmo com a situação atual entre Israel e Líbano.
O trauma do Iraque fez com que os Estados Unidos acabassem com o que a revista semanal "Time" chamou de "diplomacia caubói". O problema é que, até o momento, a Casa Branca ainda não apresentou nenhum substituto.
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