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27/07/2006
-
11h00
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington
Desde que a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou moção que tem como alvo supostas atividades terroristas na Tríplice Fronteira (Brasil-Argentina-Paraguai), conforme revelou a Folha na semana passada, diversos congressistas que discordam dos termos do pedido se manifestaram a favor do governo brasileiro.
Um deles, o republicano Richard G. Lugar, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, chegou a enviar carta à Embaixada do Brasil em Washington em que diz que o país é um "amigo valioso e um parceiro vital dos EUA" e destaca a "ativa participação e liderança" do Brasil no programa de segurança do grupo 3+1, formado pelos três países da região mais os EUA.
A reação do político, revelada por seu gabinete, foi causada pelo mal-estar gerado entre congressistas a partir da aprovação da moção, cuja autora é a representante (o equivalente norte-americano a deputada federal) Ileana Ros-Lehtinen, da Flórida, republicana ultraconservadora de origem cubana. Na defesa da moção, conforme registros a que a Folha teve acesso, a congressista diz:
"Antes de Abu Musab al Zarqawi ter sido eliminado como uma ameaça, há relatos de que ele tenha instruído membros da Al Qaeda no Iraque a ir ao Brasil, com o objetivo de entrar nos EUA pelo México e aqui cometer atos de terror".
Não há qualquer registro oficial de que tal instrução tenha ocorrido. Procurada pela Folha para explicar a origem de sua declaração, Ros-Lehtinen não quis dar entrevista.
Entre as manifestações a favor do Brasil, um senador que prefere não ser identificado escreveu: "Linhas abertas de comunicação são vitais para garantir que todas as declarações oficiais sejam justas e precisas em suas afirmações". Desde que a moção foi aprovada, em junho último, o embaixador do Brasil nos EUA, Roberto Abdenur, mandou cartas de protesto aos signatários do documento.
Agora, a moção espera decisão do Senado. Pode passar para a responsabilidade do Comitê de Relações Exteriores, que modificaria seus termos, conforme deixa a entender Lugar em sua carta, ou ir direto ao plenário, onde pode ser aprovada com ou sem modificações.
Seja como for, mesmo que rejeitado pelo Senado, o texto já foi aprovado pela Câmara dos Representantes -pelas regras internas, ambas as Casas podem aprovar moções separadamente. Não tem força de lei, apenas de pedido dirigido ao presidente norte-americano.
Paraguai
Consultada sobre a moção da Câmara, a Chancelaria paraguaia afirmou que uma eventual força-tarefa na área "não é necessária", já que existe um grupo específico para tratar do tema do qual fazem parte os três países limítrofes mais os EUA (3+1). Lembrou que, na instância, os norte-americanos não apresentaram evidências da existência de células terroristas na região e repetiram que o país rechaça intervenção na Tríplice Fronteira.
A divulgação da moção no Paraguai levou a embaixada americana no país a disponibilizar cópias do pedido e enfatizar que o texto, além de não ser uma iniciativa do governo americano, não faz menção a uma força militar propriamente dita.
É que a presença militar dos EUA no Paraguai é um tema delicado. O Congresso deu autorização para que oficiais americanos façam "exercícios militares" em território paraguaio até dezembro deste ano.
Colaborou Flávia Marreiro, de Bueno Aires
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Tríplice Fronteira
Moção sobre Tríplice Fronteira provoca mal-estar nos EUA
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da Folha de S.Paulo, em Washington
Desde que a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou moção que tem como alvo supostas atividades terroristas na Tríplice Fronteira (Brasil-Argentina-Paraguai), conforme revelou a Folha na semana passada, diversos congressistas que discordam dos termos do pedido se manifestaram a favor do governo brasileiro.
Um deles, o republicano Richard G. Lugar, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, chegou a enviar carta à Embaixada do Brasil em Washington em que diz que o país é um "amigo valioso e um parceiro vital dos EUA" e destaca a "ativa participação e liderança" do Brasil no programa de segurança do grupo 3+1, formado pelos três países da região mais os EUA.
A reação do político, revelada por seu gabinete, foi causada pelo mal-estar gerado entre congressistas a partir da aprovação da moção, cuja autora é a representante (o equivalente norte-americano a deputada federal) Ileana Ros-Lehtinen, da Flórida, republicana ultraconservadora de origem cubana. Na defesa da moção, conforme registros a que a Folha teve acesso, a congressista diz:
"Antes de Abu Musab al Zarqawi ter sido eliminado como uma ameaça, há relatos de que ele tenha instruído membros da Al Qaeda no Iraque a ir ao Brasil, com o objetivo de entrar nos EUA pelo México e aqui cometer atos de terror".
Não há qualquer registro oficial de que tal instrução tenha ocorrido. Procurada pela Folha para explicar a origem de sua declaração, Ros-Lehtinen não quis dar entrevista.
Entre as manifestações a favor do Brasil, um senador que prefere não ser identificado escreveu: "Linhas abertas de comunicação são vitais para garantir que todas as declarações oficiais sejam justas e precisas em suas afirmações". Desde que a moção foi aprovada, em junho último, o embaixador do Brasil nos EUA, Roberto Abdenur, mandou cartas de protesto aos signatários do documento.
Agora, a moção espera decisão do Senado. Pode passar para a responsabilidade do Comitê de Relações Exteriores, que modificaria seus termos, conforme deixa a entender Lugar em sua carta, ou ir direto ao plenário, onde pode ser aprovada com ou sem modificações.
Seja como for, mesmo que rejeitado pelo Senado, o texto já foi aprovado pela Câmara dos Representantes -pelas regras internas, ambas as Casas podem aprovar moções separadamente. Não tem força de lei, apenas de pedido dirigido ao presidente norte-americano.
Paraguai
Consultada sobre a moção da Câmara, a Chancelaria paraguaia afirmou que uma eventual força-tarefa na área "não é necessária", já que existe um grupo específico para tratar do tema do qual fazem parte os três países limítrofes mais os EUA (3+1). Lembrou que, na instância, os norte-americanos não apresentaram evidências da existência de células terroristas na região e repetiram que o país rechaça intervenção na Tríplice Fronteira.
A divulgação da moção no Paraguai levou a embaixada americana no país a disponibilizar cópias do pedido e enfatizar que o texto, além de não ser uma iniciativa do governo americano, não faz menção a uma força militar propriamente dita.
É que a presença militar dos EUA no Paraguai é um tema delicado. O Congresso deu autorização para que oficiais americanos façam "exercícios militares" em território paraguaio até dezembro deste ano.
Colaborou Flávia Marreiro, de Bueno Aires
Especial
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