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03/08/2006 - 16h01

Hizbollah ameaça Tel Aviv; Israel quer ampliar invasão ao Líbano

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da Folha Online

O clima entre o grupo terrorista libanês Hizbollah e as forças de defesa de Israel, que travam batalha armada há 22 dias, tornou-se mais tenso nesta semana, com ameaças dos dois lados.

Israel disse ontem que seus ataques ao Líbano serão estendidos até o próximo dia 12, e quer ampliar a invasão ao território libanês. Nesta quinta-feira, o Hizbollah condicionou um possível cessar-fogo à retirada de Israel do território libanês, e ameaçou lançar foguetes contra a cidade de Tel Aviv --que fica a cerca de 130 km da fronteira.

"Vocês [israelenses] atacam nossas cidades, vilarejos, infra-estrutura e a capital [Beirute]. Nós vamos reagir. Lançaremos foguetes contra Tel Aviv, e temos capacidade para isto", disse em comunicado o líder do Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, acrescentando que seu grupo interromperia os ataques ao norte de Israel se as forças israelenses pararem os bombardeios às áreas em que vivem civis libaneses.

Do lado israelense, o ministro da Defesa Amir Peretz fez coro ao discurso linha-dura, e autorizou o Exército a tomar o controle de regiões no sul do Líbano até o rio Litani [que fica a 30 km da fronteira e é o principal provedor de água para aquela região].

Israel pretende criar uma "zona de segurança" no sul do Líbano, que deve ocupar de seis a oito quilômetros na fronteira do norte de Israel.

Tropas israelenses já invadiram mais de seis quilômetros do território libanês, e teriam bases de observação em 11 cidades e vilarejos no sul do Líbano. A informação não foi confirmada pelo governo libanês, que já avisou que agirá com seu Exército se Israel decidir ocupar novamente seu território.

A área alcançada durante a penetração de Israel nas atuais movimentações de suas tropas é comparável à "zona de segurança" estabelecida por 18 anos, durante a ocupação israelense.

Mil mortos

A atual onda de violência foi desencadeada com o seqüestro de dois soldados israelenses levado a cabo no último dia 12 pelo Hizbollah. A ação deixou ainda oitos soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos. Desde então, Israel ataca o Líbano por ar, terra e mar.

O resultado da violência é de quase mil mortos. Só no Líbano, 900 pessoas morreram [26 soldados, 46 membros do Hizbollah e mais de 800 civis], há cerca de 3.000 feridos e 1 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas. O anúncio do número de baixas foi feito pelo premiê libanês, Fouad Siniora. Em Israel, confrontos e foguetes do Hizbollah mataram 66 (40 soldados e 26 civis).

Entre as vítimas no Líbano, um terço são crianças com menos de 12 anos de idade. Cidades inteiras no sul do país foram destruídas por bombardeios aéreos de Israel. Várias regiões também carecem de água, luz e telefone.

Israel tenta minar a infra-estrutura do Hizbollah para impedir ataques a seu território, e até agora não aceitou nenhum pedido de cessar-fogo feito pela comunidade internacional.

Ataques

Nesta quinta-feira, Israel fez vários ataques a Beirute, capital do Líbano, e intensos combates por terra foram registrados no sul do país. Israel bombardeou comunidades xiitas em Beirute, consideradas redutos do Hizbollah. Até momento, não foi divulgado o total de mortos no Líbano nesta quinta-feira.

Ontem, na ação mais violenta do Hizbollah contra o norte de Israel desde o início dos confrontos, 210 foguetes foram lançados em direção ao norte do país, causando a morte de uma pessoa. Um dos foguetes chegou a uma distância de 70 km, caindo próximo da Cisjordânia e causando grande preocupação às autoridades israelenses.

Ao menos 132 foguetes atingiram o norte do território israelense hoje, matando oito pessoas [quatro que viajam em um veículo e outras quatro vítimas de um foguete que atingiu a casa em que viviam] e feriram 21.

Foguetes lançados ao sul do Líbano, durante combate com tropas israelenses, mataram dois soldados de Israel, e deixou outros dois feridos.

Influência

Os governos do Líbano e da Síria se comprometeram a exercer toda a sua influência sobre o Hizbollah para tentar pôr fim aos conflitos com Israel.

O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, após encontro em Damasco com o presidente sírio, Bashar al Assad.

O Hizbollah, que recebe apoio sírio e iraniano, não é visto no Líbano como uma entidade terrorista, mas como um grupo de resistência contra a invasão israelense ao país, em 1982, que só terminou em 2000, 18 anos mais tarde. O grupo foi o único a não se desarmar após a guerra civil do Líbano (1975-1991), e freqüentemente lança foguetes contra Israel.

Correção

Nesta quinta-feira, a organização não-governamental de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) contestou o total de mortos de um ataque israelense no último domingo ao vilarejo de Qana, no sul do Líbano. Segundo a ONG, que reuniu dados a partir de informações médicas, entrevistas com sobreviventes e fontes do governo, os bombardeios israelenses mataram 28 pessoas e deixaram 13 desaparecidos. Líbano havia divulgado 56 mortos, 37 deles crianças.

A HRW também condenou a ação israelense, qualificando os ataques ao Líbano como crime de guerra.

A ação, que gerou repúdio da comunidade internacional, foi justificada por Israel como "culpa do Hizbollah", que teria usado as vítimas civis como escudos humanos. Israel alega ainda que não sabia que dentro do edifício atacado havia civis, embora no dia anterior ao bombardeio tenha lançado avisos pedindo que a população local fugisse da região.

"O Exército de Israel atuou sob informações que apontavam que o edifício não abrigava civis e que havia sido transformado em esconderijo de terroristas", diz o comunicado oficial do chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz. "Se houvesse informação de que havia civis no local, não teríamos atacado", acrescenta.

Com agências internacionais

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