Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/08/2006 - 10h31

Relatório do 11/9 vira história em quadrinhos

Publicidade

SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington

Quando a Comissão Nacional de Ataques Terroristas nos Estados Unidos, também conhecida como 9/11 Comission, foi criada por lei do Congresso norte-americano, no fim de 2002, seu objetivo era "apurar todos os dados disponíveis" sobre o ataque daquele dia, que completa cinco anos no mês que vem, e colocá-los à disposição do público, de maneira "simples e objetiva".

O primeiro resultado foi um livro de 568 páginas, lançado em 22 de julho de 2004, que logo entrou para a lista dos best-sellers americanos.

Nele, o republicano Thomas H. Kean, ex-governador de Nova Jersey, e o democrata conservador Lee H. Hamilton, presidente do Woodrow Wilson International Center, alinhavam as conclusões da comissão bipartidária, em que não faltam críticas à desorganização do governo federal na reação inicial ao ataque.

As críticas estão também na versão para os quadrinhos, reduzida para 128 páginas.

Em uma passagem, o livreto relembra que o presidente e principais assessores só foram informados do que acontecia pela CNN. Em outra, na reunião de emergência conduzida pelo vice-presidente, Dick Cheney, perto das 10h daquele dia, faltam membros de agências federais cuja ausência se provaria letal nas próximas horas.

Nova geração

O objetivo do lançamento, dizem Kean e Hamilton no prefácio, é "chamar a atenção do trabalho da Comissão para uma nova geração de leitores".

Não é a primeira vez que entidades governamentais usam quadrinhos para atingir diferentes públicos nem é a primeira "graphic novel" sobre o assunto (Art Spiegelman, Prêmio Pulitzer de 1992 por "Maus", lançou em 2004 "In the Shadows of No Towers").

Mas é o primeiro relatório federal norte-americano a ganhar esse tratamento.

A idéia inicial foi de dois veteranos do mundo da HQ, Colón e Jacobson, ambos na casa dos 70, com passagens pelas duas principais editoras do gênero, Marvel e DC, e criadores ou co-criadores de clássicos ingênuos desse universo, como os personagens Riquinho e o fantasma Gasparzinho.

"Não é uma dramatização", disse Jacobson a jornalistas na semana passada, quando visitou o Ground Zero em Nova York pela primeira vez desde o ataque. "É uma história de investigação. É jornalismo gráfico", diz, fazendo trocadilho com a expressão "graphic novel", romance gráfico, utilizada pelo mercado para quadrinhos de temática séria e mais recursos gráficos.

Já Colón revela que trabalhou a partir de fotos ou imagens históricas do acontecimento em suas ilustrações.

Os dois são felizes ao utilizar recursos gráficos que tornam a história toda mais compreensível, como uma linha do tempo inicial.

Ainda assim, há alguns erros históricos grosseiros, como chamar de "árabes", termo generalizante, os seqüestradores sauditas, ou mostrar Osama bin Laden brandindo uma cimitarra em pleno Afeganistão de 1980.

Filão editorial

Já Thomas H. Kean e Lee H. Hamilton, os relatores originais, acabam de lançar Without Precedent - The Inside Story of the 9/11 Commission".

No livro, revelam que não tiveram todo o acesso que pediram aos documentos sob guarda do governo Bush e que se sentiram pressionados para não questionar muito duramente a atuação no episódio do então prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, hoje considerada falha.

A administração Bush nega as pressões narradas no livro e não comentou a adaptação do relatório.

Leia mais
  • 5º aniversário do 11/9 marca boom editorial

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o 11 de Setembro
  • Leia o que já foi publicado sobre terrorismo nos EUA
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página