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09/09/2006 - 16h30

EUA travam corrida contra o tempo para barrar a Al Qaeda

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DANIELA LORETO
da Folha Online

Os Estados Unidos disputam uma corrida contra a Al Qaeda na tentativa de impedir a ocorrência de novos ataques da rede terrorista, segundo Walter Russell Mead, 50, especialista em política externa e membro do "think tank" Council on Foreing Relations, em Nova York. "Estamos [os EUA] mais preparados para lutar contra o terrorismo, mas, por outro lado, a ideologia terrorista continua a crescer", afirma.

Mead é autor de "Poder, Terror, Paz e Guerra" (ed. Jorge Zahar, 248 págs., R$ 41), cujo lançamento no Brasil coincide com os cinco anos dos ataques terroristas de 11 de Setembro, na próxima segunda-feira. O livro traça uma retrospectiva sobre a política externa e interna dos EUA e analisa as ações de guerra do governo George W. Bush.

Divulgação
O especialista Walter Mead, 50: "Perigo continua a existir"
O especialista disse em entrevista à Folha Online, por telefone, de Nova York, que após o pior ataque terrorista já sofrido pelos EUA em toda a sua história, ambos os lados [o governo americano e a Al Qaeda] são hoje mais eficientes que cinco anos atrás.

Para reforçar sua teoria, Mead cita o suposto plano terrorista no qual explosivos seriam detonados em dez aviões em pleno vôo entre o Reino Unido e os EUA, ação desmantelada pela inteligência britânica no início de agosto último. Na opinião do especialista, a recente ameaça mostra que há uma rede de pessoas se dedicando seriamente a planos para atacar os EUA, acrescentando que a infra-estrutura da vida moderna facilita este tipo de ação.

"Aviões, aeroportos e outros locais em todos os países são vulneráveis a ações terroristas. O perigo continua a existir".

Pouca informação

Segundo Mead, os atentados de 11/9 "abriram os olhos" dos americanos para a extensão da ameaça terrorista. Ele explica que a maioria dos americanos não costuma se preocupar com a política externa de seu país, e que grande parte da população tem apenas uma vaga idéia de como as coisas funcionam em outras partes do mundo.

Após o 11 de Setembro, de acordo com o escritor, ficou bastante claro o quanto a ameaça do terrorismo é grave para os EUA. "É algo muito além do que se poderia imaginar", diz. Para ele, embora o governo Bush enfrente tensões internacionais em várias áreas, no que diz respeito a ações antiterrorismo, a cooperação de outros países é muito grande. "Já está claro que não se trata de uma ameaça para um ou dois países, mas para todas as nações", acrescenta.

Pontes

O governo americano falhou em "criar pontes" entre os EUA e o mundo muçulmano, segundo Mead. "O sentimento antiocidental entre muçulmanos é crescente, e isso é um grande problema para os EUA e para os países europeus", afirma.

Mead diz que os EUA não foram capazes de traçar uma boa estratégia para lidar com o mundo muçulmano, e critica a política do presidente dos EUA, George W. Bush, para o Oriente Médio.

"Houve algum progresso em direção à democracia naquela região, mas o governo americano esperava que a democracia pudesse resolver problemas a curto prazo, e isso não era possível."

O escritor diz se preocupar muito não apenas com as situações do Irã [acusado pelos EUA de usar seu programa nuclear para construir uma bomba atômica] e do Iraque, mas com o que acontece em outros países da região, como a Turquia, que aparentemente está se afastando tanto dos EUA como da União Européia, o que classifica como "um problema grave".

Iraque

Sobre a política americana aplicada no Iraque, o autor disse que os EUA "não estavam preparados" para enfrentar as responsabilidades e dificuldades que surgiram no pós-guerra, o que dificultou a relação norte-americana com outros países.

"Em vez de o Iraque se tornar um exemplo de democracia para os outros países do Oriente Médio, como o governo Bush pretendia, o país se transformou num lugar cuja imagem nenhuma outra nação aspira semelhança", explica o especialista.

Questionado se o Irã representa aos EUA uma ameaça maior do que a Al Qaeda, Mead avaliou o assunto como uma questão temporal. Segundo ele, as ameaças da Al Qaeda são mais imediatas, e merecem preocupação a curto prazo. Já o Irã, devido a suas ambições nucleares [que demandam tempo], inspiram preocupação de longo prazo.

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