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Marcelo Coelho
  22 de setembro
  Ganha quem ganhar
 
   
Quando uma superprodução de Hollywood entra em cartaz no Brasil, há um certo tipo de notícia que me deixa bastante irritado. É comum que, menos do que destacar o filme, chame-se sobretudo a atenção para o sucesso que obteve junto ao público americano. “O filme X rendeu tantos milhões de dólares na primeira semana... já foi visto por tantos mil espectadores...”, e por aí vai. Sobre o filme mesmo, aparece uma crítica, claro, mas quase que escondida, intimidada pelo fetichismo da bilheteria.

Nas eleições paulistanas, parece estar ocorrendo coisa parecida. A única notícia são as pesquisas de opinião. Quem vai para o segundo turno?

A disputa entre Maluf, Alckmin, Erundina e Tuma tem o aspecto milimétrico de uma prova de atletismo nas Olimpíadas. Ficamos avaliando os “tempos” que cada um obteve na última eliminatória.
O sucesso interessa mais que o conteúdo dos candidatos ou o seu “merecimento”. Sem dúvida, seria demais esperar discussões técnicas e propostas urbanísticas alternativas de uma corrida eleitoral. Ficaria chatíssimo, provavelmente.

Mas me chama a atenção a incapacidade dos próprios candidatos para criar fatos políticos. Canibalizam-se e batem no peito; fazem mais juras que promessas. Dificilmente se arriscariam a propor qualquer coisa de polêmico: cuidam apenas de manter-se à tona --e esperar que um súbito crescimento nas pesquisas funcione como uma bola de neve.

Tenho o costume de sempre errar minhas previsões; faço apenas uma pergunta.

Enquanto os adversários de Marta Suplicy oscilam em torno dos 12%, o fato é que o verdadeiro segundo lugar está ocupado pelos eleitores que se dizem indecisos, ou que vão votar nulo ou em branco: algo em torno de 20%.

Uma hipótese seria dizer que esses 20% também vão se distribuir, até as eleições, de forma mais ou menos igual entre todos os candidatos. Mas outra coisa deve ser levada em consideração. Será que o “malufismo enrustido” não responde por boa parte dos que dizem estar indecisos ou que não votarão em ninguém?

A rejeição a Maluf é muito grande. Só que a própria percepção de que este é um nome rejeitado pode levar o malufista a esconder seu voto e dizer que não votará em ninguém.

É um raciocínio que volta e meia vejo no cotidiano. O sujeito diz que “todos os políticos são iguais” e por isso mesmo termina votando no mais repudiado. Longe de criticar Maluf, absolve-o por indiferença.

Se isso for verdade, Maluf teria mais chances de ir ao segundo turno do que seus concorrentes.

Mera especulação, por certo --e um pouco de “wishful thinking”, porque acho que só num segundo turno entre Marta e Maluf a disputa esquentaria um pouco.

O que esperar, por exemplo, de um debate entre Marta e Alckmin? Desconfio que as denúncias contra o candidato do PSDB já perderam bastante o gás, e não vejo como insistir na questão da moralidade pública contra o tucano. As nomeações de parentes em Pindamonhangaba, sinceramente, significam pouquíssimo. Responsabilizar Alckmin pelo aumento dos pedágios é também forçar um pouco a mão.

Se for para assistir a uma disputa desse tipo, prefiro ver se algum atleta brasileiro fica em quinto ou sétimo lugar no nado borboleta.

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