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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  16 de maio
  Maiúsculas e minúsculas
   
   

Nos anos 70, um jornal carioca contratou sofisticada equipe de revisores para dar correção, transparência e uniformidade aos textos de seus redatores, repórteres e colunistas. Entre as regras trazidas pela equipe, figurava a cristalina evidência de que o alfabeto então em vigor havia cassado o "y", o "k" e o "w". Cassar, por sinal, era mania da época.
Nas poucas vezes em que era citado, meu nome passou a ser Coni. Quando saiu um dos volumes das memórias de JK, o nome do ex-presidente passou a ser JC - sigla que habitualmente indica Jesus Cristo. Kubitschek era pouco citado por motivos políticos, mas quando o era, transformou-se em Cubitischeque. A regra da revisão era: "Qualquer um escreve o próprio nome como quiser. Mas a redação só tem compromisso com as regras oficiais da ortografia e da gramática". Ok. Quer dizer, oqúei.
Há tempos, escrevi uma crônica em que falava na Soberana Graça do Santo Sepulcro", título de uma ridícula ordem nobiliárquica que não sei se ainda existe. As maiúsculas foram para a cucuia, incluindo as do Santo Sepulcro, que até os judeus, que estão em outra, chamam de Santo Sepulcro mesmo, com maísculas em inglês. Mais ou menos como Pão de Açúcar, que em inglês é Sugar Loaf, sempre com maiúsculas.
A correção de textos, escritos em linguagem racional e contemporânea, devia ser estendida às fotos e reprodução de quadros. Com um computador de última geração pode-se evitar aquele caos de "Guernica", com cavalo e mulher aos pedaços, bem como toda a obra de Brake e Picasso. Virtualmente - e virtuosamente - pode-se corrigir imagens e fotos para maior unidade, transparência e compreensão por parte dos leitores.
Ameaçam tirar as maiúsculas do Pão de Açúcar. Ficaremos reduzidos ao pão de açúcar. que como todos sabem, é um pão feito com açúcar muito apreciado no Rio de Janeiro.



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