Abrange
dos prazeres da mesa ao comportamento dos povos, manipulando
e transformando seus produtos em comida. Cada qual com seu
tempero, seu sotaque, sua língua.
Não estamos falando de comida pra matar a fome, pra nutrir,
pra saciar. Gastronomia como expressão cultural da criação,
do conhecimento, do aprimoramento sensitivo, buscando a conciliação
entre necessidade e prazer. Gastronomia como "Arte Aplicada".
Pode-se encontrar a luz no interior de uma marmita, numa mesa
de Bistrô, na cozinha dos grandes chefes, na comidinha saudosista
de nossas avós. Aquele caldinho com aletria, aquele rocambole
de doce de leite... Comidinha para quando nos encontramos
enfermos.
Quem nunca quis, quando criança, adoecer pra receber da mãe
um agrado afetivamente gastronômico?
Sofisticação não se limita ao preço dos ingredientes a serem
preparados. Encontra-se na exploração de suas possibilidades
e associações. Em equilíbrio, harmonia do prato, aroma, inventividade
e apresentação, para que possamos também devorá-lo
com os olhos.
Triste e estranho o hábito, este que temos de fazer da hora
do almoço uma corrida contra o tempo, para, numa volta de
sessenta minutos do relógio, termos como missão cumprida a
incumbência de nos "alimentarmos". Missão cumprida, meia volta
ao trabalho.
Assim nos damos de corpo e da alma que nos resta às filas
daquilo que denomina-se "Fast Food", ou "Por Quilo", ou "Quitutes
para se aquecer em Microondas". Comida obrigatória, oficializada.
Cozinhar como se pintamas um quadro é uma tendência que emerge
dos nossos fogões, com a entrada de novos produtos no mercado,
com o surgimento de novos livros de culinária, com a recente
curiosidade que cresce em torno dos vinhos. Enveredarmos neste
ato milenar, longe da expressão infeliz de termos o pé, mas
sim o corpo todo na cozinha.
Navegar é preciso. Comer é preciso. Precisamos fazê-los
bem.
|