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  31 de outubro
  A sinuca de sempre
  Petistas encaçaparam bolas importantes, mas seguem jogando na mesa do adversário

O PT teve um êxito reluzente nas eleições encerradas no último domingo. Não foi o seu primeiro triunfo. Por certo não será o último. Mas as urnas municipais não tiveram o condão de alterar uma velha sina do partido: qualquer vitória do PT sempre estará separada da derrota por uma nova candidatura presidencial de Lula.

Lula é a principal evidência de que a política brasileira não está aí para prestar homenagens à racionalidade. Num país em que os excluídos compõem grossa maioria, só mesmo a falta de lógica pode explicar os motivos que levam um personagem como Lula a ser derrotado por alguém com o berço de Collor ou com o “pê aga dê” e a soberba de FHC.

Um eventual governo de Lula poderia ser melhor ou pior do que qualquer outro. Não é isso o que se discute. O que se argumenta é que Lula já provou, em três oportunidades, que a exclusão social brasileira não está disposta a votar em si mesma. Nem para testar.

O PT reúne-se nos próximos dias, para interpretar a própria vitória e programar os passos seguintes. A despeito da fragilidade de sua pretensão, não há, por ora, o menor sinal de que Lula esteja prestes a protagonizar o grande gesto, sem o qual o partido não tem como se livrar da tendência suicida.

O curioso é que o eleitorado deu algumas demonstrações de que confia no PT. Mas só até certo ponto. O ponto de interrogação que enxerga atrás do sonho presidencial de Lula. O PT aumenta sua representação parlamentar a cada eleição e detém o governo de alguns Estados. Nos municípios, consolida-se como opção honesta e, por vezes, criativa. Na politizada Porto Alegre, vai para a quarta administração sucessiva. Mas para a Presidência... Com Lula...

Sob reserva, o próprio Lula reconhece que bateu no teto. Tem o voto de um terço do eleitorado. E daí dificilmente passaria. Acha-se vítima de preconceito. Mas argumenta que o PT ainda não produziu nenhuma alternativa melhor.

O paroxismo petista atinge agora o seu ápice: a maior fragilidade do PT é a força de seu principal líder. Se Lula fosse um Brizola, humilhado com um quarto lugar no pleito municipal carioca, o PT talvez já o tivesse rifado.

Nenhuma candidatura nova brotará à sombra de outra que já entra na disputa com a simpatia de 30% do eleitorado. A menos que o dono de tal patrimônio político se disponha a adotar um nome alternativo, pegando-o pela mão e conduzindo-o a cada comício.

Vencido o dilema do nome, o PT ainda precisaria arrumar um discurso para o seu candidato à Presidência, fosse ele quem fosse. Precisaria também dar certo nas prefeituras que colheu na atual safra eleitoral. Sobretudo em São Paulo, uma vitrine à espera de arrumação.

Olhando de longe, tem-se a impressão de que o PT caminha para a sinuca eleitoral de sempre. O partido encaçapou algumas bolas importantes. Mas segue jogando contra os donos da mesa. Parecem afastadas as chances de alguém virar a mesa e recolher os tacos. Mas na hora da decisão, quando estiver em jogo a bola sete, todos se juntarão do outro lado, só para derrotar o PT.

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