NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Clóvis Rossi
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Nelson de Sá
Vaguinaldo Marinheiro

Kennedy Alencar
kalencar@folhasp.com.br
 

12 de janeiro de 2001

  FHC de olho na ONU
Antes tratada como piada, a chance de Fernando Henrique Cardoso vir a ocupar um cargo de destaque em um organismo internacional após deixar a Presidência está se transformando em uma possibilidade bastante plausível. A volta ao mundo que FHC dá a partir de 15 de janeiro é o sinal mais eloquente de que o assunto deixou de ser uma galhofa _quando o presidente lutou e conseguiu um segundo mandato, brincava-se que a próxima tentativa seria a secretaria-geral da ONU.

Agora, acredite, a brincadeira pode se tornar realidade. O presidente goza de prestígio no mundo rico e dito mais civilizado. Apesar de fazer um governo que tem mais a cara do PFL do que do PSDB, FHC convenceu o G-7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo) e os líderes da "governança progressista" (Tony Blair e cia.) de que é um genuíno representante dessa nova esquerda, seja lá o que isso signifique.

Bem posicionado perante a "cúpula", faltava obter apoio na "base". Nada melhor, portanto, do que uma visita à Ásia, o maior e mais populoso continente do planeta, região vital para qualquer candidato a um posto de destaque na burocracia mundial.

FHC percorrerá países que passaram por momentos históricos recentemente: o Timor Leste, que travou uma luta pela independência, a Indonésia, que destronou um antigo tirano, e a capitalista Coréia do Sul, que está acabando com o último fantasma da Guerra Fria ao reatar relações com a parte norte e comunista daquela península. O giro pelo globo se completará com uma parada no Canadá (ida) e na África do Sul (volta).

Não existe nada de ilegítimo ou de carreirista no "Projeto Nações Unidas". Na política doméstica, há o manjado hábito de ver cada ação de FHC com segundas intenções. No caso, as segundas intenções são boas. FHC daria mesmo um bom líder de organismo mundial.

Não faltam atributos ao presidente, que sempre demonstrou mais prazer ao exercer a chefia de Estado do que a de governo, para ascender a uma esfera de poder na qual são mais importantes discursos do que ações concretas. Não é prudente esquecer, por mais batida que a lembrança pareça, que as cartas no jogo mundial continuam a ser dadas pelos Estados Unidos, como provou pela enésima vez a Guerra do Kosovo em 1999.




Leia colunas anteriores
05/01/2001 - Cassação para Eurico Miranda
29/12/2000 - O Gabeira está certo
22/12/2000 - A Constituição não vale nada?
15/12/2000 - FHC virou saco de pancada
08/12/2000 - Covas derruba Serra


| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.