NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Amir Labaki
labaki@uol.com.br
  2 de novembro
  Do direito de odiar
  Nova York - "I Hated, Hated, Hated this Movie" (Eu Odiei, Odiei, Odiei Este Filme) é a nova antologia do crítico americano Roger Ebert. O gordinho do polegar para cima, polegar para baixo é o mais popular comentarista de cinema dos EUA. Desde Chicago, há duas décadas comanda semanalmente seu programa televisivo sobre filmes. c Ebert perdeu no ano passado seu colega de bancada, Gene Siskel (1946-1999), com quem mantinha vivas discussões no ar. É de Siskel a divertida epígrafe do novo livro: "Este filme é melhor do que um documentário dos mesmos atores almoçando"?

Ebert e Siskel nunca foram os mais ácidos críticos americanos. Ainda assim, a agressividade da dupla parece inimaginável em comparação com a condescendência disseminada pelos resenhadores brasileiros, com raríssimas exceções.

Se seus comentários aparecessem no Brasil, eles seriam tidos como inimigos da classe ou terroristas culturais. Lendo revistas e jornais, assistindo TV ou navegando pela Internet, Hollywood parece nos oferecer ao menos um clássico por mês e o cinema brasileiro, viver uma inédita primavera criativa.

Ebert sustenta na abertura de seu prefácio que "o objetivo da crítica é encorajar bons filmes e desencorajar maus". Acrescenta ainda: "Claro, há muita discordância sobre qual é qual". A primeira fórmula parece-me restritiva da verdadeira dimensão do trabalho do crítico. A segunda nem sempre é verdadeira.

Mas Ebert se esforça para separar o joio do trigo. É o mínimo exigido para um crítico digno do nome. Mestre Dwight Macdonald (aliás, um crítico muito superior) já frisava: nossa missão é discriminar, não no sentido politicamente incorreto, mas sim no culturalmente responsável -de distinguir, separar os desiguais.

"I Hated, Hated, Hated This Movie" (Andrews McMeel Publishing, US$ 14.95, 390 páginas) traz cerca de duzentas resenhas negativas publicadas por Ebert, majoritariamente no diário Chicaco Sun-Times. Os artigos são apresentados em ordem alfabética, do primeiro "Ace Ventura" (1994) ao documentário de Jarmusch "Year of the Horse" (1997).

De maneira geral, é difícil discordar de Ebert. Rachamos quando ele desce a pua em "Veludo Azul" (1986) , "Portal do Paraíso" (1983) e no recente "O Pequeno Stuart Little" (1999). É até pouco, para minha surpresa, pois no dia a dia não concordamos tanto assim.

A explicação é que a lista do livro é, na verdade, pequena. Vale sempre a emenda Sérgio Augusto: é mais fácil nos arrependermos de um elogio do que uma espinafrada.

Leia colunas anteriores
26/10/2000 - Macartismo sexual

19/10/2000 - A Rosa Púrpura de Canby
12/10/2000 - Oscar 2001: Rio dá as cartas
05/10/2000 - Greve
28/09/2000 -
Eles tu eu

| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.