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  9 de novembro
  A hora do "Oscar" Europeu - 2
  A European Film Academy anunciou anteontem a lista de concorrentes ao equivalente europeu do "Oscar". Longe de seus melhores dias, o cinema do Velho Continente pisca para o grande público testando reconquistar o prestígio perdido. Preocupação com o espectador nunca é demais.

São sete os indicados ao prêmio de melhor produção européia do ano. O som das bilheterias teve forte influência.

Dirigido por Stephen Daldry, "Billy Elliot" parece uma variação de "Flashdance" assinada por Ken Loach. Revela um garoto genial (Jamie Bell) e tem um dos finais mais autodestrutivos em décadas. Ainda assim, tornou-se uma coqueluche britânica, cativa por onde passa (Mostra de SP incluída) e deve emplacar inclusive indicações ao Oscar americano.

O fenômeno similar francês é "Harry, Un Ami Qui Vous Veut du Bien" (Harry, Um Amigo Que Te Quer Bem), de Dominik Moll. Bem-recebido em Cannes, ao estrear no segundo semestre, compensou sozinho a queda que vinha se observando na bilheteria média da produção francesa para este ano. Moll acertou a mão em seu Hitchcock situado na França profunda e, mais uma vez, um ator faz a diferença: Serge Lopez, visto por aqui em "Western" de Manuel Poirier.

"Dançando no Escuro", de Lars von Trier e Bjork, é o blefe do ano, em sua pretensa desconstrução do musical, mas venceu Cannes e, se esquecido fosse, seria uma esnobada e tanto para o principal evento cinematográfico situado na Europa. Também da representação nórdica em Cannes 2000, "Trolösa" (Descrente) é mais um poderoso roteiro autobiográfico de Bergman, levado às telas com excessivo respeito por Liv Ullmann. Ainda assim, é um filme sólido que merece correr mundo.

A maior ousadia foi a vaga para a animação de Nick Park e Peter Lord, "A Fuga das Galinhas", que inaugura a promissora parceria entre os estúdios Aardman (GB) e DreamWorks (EUA). Nenhuma surpresa. O tímido Park, criador de Wallace & Gromit, é um dos raros gigantes a nascer para o cinema nas duas últimas décadas.

Não vi mas li e ouvi boas referências aos dois últimos indicados, duas comédias, uma francesa (Le Gout des Autres, O Gosto dos Outros, de Agnès Jaoui), outra italiana (Pane e Tulipani, Pão e Tulipas, de Silvio Soldini).

Pelo gênero, confirmam a tendência popular do conjunto da lista (clique aqui para ler o conjunto das indicações).

O European Film Award será entregue em Paris no próximo 2 de dezembro.

Tomara que finalmente alcance uma mais ampla repercussão. Há no mínimo uma década os cineastas europeus tentam legitimar e popularizar no cenário mundial uma premiação autônoma, uma espécie de "Oscar" do chamado "cinema de arte". Dias (e filmes) melhores não vieram e as tentativas giraram em falso.

Em nome de um maior equilíbrio no tráfego cultural planetário, a EFA merece contar com franca solidariedade dos cinemas extra-hollywoodianos. Não tem sido assim. Com a indicação do brasileiro Edgar Moura ao prêmio de melhor diretor de fotografia, pelo trabalho em "Jaime" do português Antonio Pedro Vasconcelos, quem sabe ao menos por aqui a atenção aumente. Às vezes só resta mesmo a estratégia do "pra frente, Brasil".



No início de setembro, a febre americana por "reality-shows" conheceu novo patamar ascendente com a estréia de "Confessions" na Court TV. Confissões verdadeiras de criminosos reais prometiam alimentar a fome de milhões pelo cruel e grotesco. A primeira parte do programa de estréia trazia o depoimento de um estuprador. Citando "preocupações e reclamações", a emissora acabou por cancelar sua macabra atração.
Nem tudo está perdido.

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