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Amir Labaki
labaki@uol.com.br
  16 de novembro
  Na rota do documentário -2
  Montreal - Depois do grande sucesso na retrospectiva de junho passado em Lussas (França), é a vez de Montreal destacar o documentário brasileiro contemporâneo. Vim aqui apresentar uma seleção de oito produções não-ficcionais dos últimos anos nesta terceira edição dos Rencontres Internationales du Documentaire (clique aqui para ler a introdução da mostra no catálogo do evento).

Há um vivo interesse em redescobrir o documentário brasileiro. Uma tradição foi rompida com o abrupto final da era Embrafilme. A primeira metade da década de 90 foi uma era perdida, com exceção para a produção de curtas-metragens. A retomada da produção encontrou no documentário um terreno fértil. Longe estamos de um "boom" criativo, mas a vitalidade é inequívoca.

Uma recentíssima pesquisa sobre o documentário no Canadá, disponível no site dos Rencontres (www.ridm.qc.ca), convida a comparações com a conjuntura brasileira. A escola canadense, impulsionada pelo pioneiro John Grierson, marcou a história do gênero. Na últimas décadas, contudo, uma perda de vigor se fez sentir mesmo entre os realizadores locais.

Abarcando o período 1991-1999, o levantamento coordenado por Michel Houle lança algumas luzes para entendermos a nova conjuntura. A televisão parece ter assumido de vez o domínio sobre o documentário canadense. Os canais especiais aumentaram a produção, por meio de projetos próprios ou de independentes. Cresceu, assim, sensivelmente o número de mini-séries, séries e filmes-reportagens formatados para a TV.

Caiu, contudo, a produção de longas-metragens não-ficcionais. Reduziu-se também o preço médio da hora de produção. Uma produção mais volumosa e barata, voltada para o amplo público televisivo. Eis o novo perfil do documentário canadense. Em resumo: a produção não-ficcional vai bem, mas o documentário de criação vai mal.

O quadro brasileiro segue a tendência geral, mas traz uma diferença digna de nota. Nos últimos três anos, a produção de longas-metragens não-ficcionais é igual quando não superior à média histórica. Não que isso represente uma maior abertura do mercado de salas. Basta perguntar a Eduardo Coutinho, Ricardo Dias ou Paulo Caldas e Marcelo Luna o malabarismo necessário para obter uma ridícula presença mesmo em espaços reservados para o chamado cinema de arte.

Marcada esta distinção, cumpre reconhecer que o panorama canadense assemelha-se muito ao brasileiro. Como notou o cineasta Joel Pizzini (Caramujo-Flor) numa conversa recente, os últimos anos foram de recuperação da quantidade -é mais que hora de voltar a refletir sobre a qualidade, que passa necessariamente pela inovação.

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